Adoro estar calado quando tentam ofender-me.
Há um prazer libertador na quietude.
Deixar o outro a despejar veneno.
Eles querem sangue, querem reacção, querem barulho.
Dou-lhes silêncio.
Ofender-me exige que eu me importe.
Há dias em que a minha indiferença é tão sólida que
poderia servir de abrigo nuclear.
Gente com a autoestima colada com cuspe, a tentar
arrancar pedaços dos outros para ver se lhes sobra algum.
Gente que acha que magoar é sinónimo de poder.
Fico ali.
Calado.
E sigo.
Quem sabe quem é não precisa de provar nada a ninguém.
Muito menos a quem tenta ferir com pedras que nem
arestas têm.
Pedro Chagas Freitas
O HOSPITAL DE ALFACES