Aos 07 de Março de 2015 nasce este blogue que tal como o seu antecessor TocadosCoelhos pretende apenas ser um ponto de encontro e de entretenimento pautando-se sempre pelas regras da isenção, da boa educação e do civismo em geral. Sejam bem-vindos.
quarta-feira, 30 de setembro de 2020
terça-feira, 22 de setembro de 2020
Outono
O sol que secou a face da terra
Fazendo em restolho os verdes mais
belos
Vai-se já cobrindo no vale e na
serra
De limbos de nuvens que imitam castelos
Sentem-se no rosto aragens suaves
As folhas das árvores amarelecendo
Juntas em bandos vão migrando
as aves
Seu trinar nos campos emudecendo
Da árida terra espreitam sementes
Fecundadas já pelas maresias
E os pastos novos aguardam latentes
Crescem as noites, minguam os dias.
Estações do ano são tempo de vida
Que ciclicamente se repetirá
Tal não acontece à criatura parida
Ao findar seu tempo não mais voltará.
Não chores por aquilo que o tempo levou
Muitas vezes agreste, outras vezes bonança
Vive o teu presente que o ontem passou
O amanhã quem sabe se o tem ou alcança?
Sê bem-vindo outono dos dias
amenos
Também já cheguei ao outono da
vida
Que tal como os teus possam ser serenos
Os dias que eu tiver para a levar vencida.
Beirã, outono de 2016
José Coelho
terça-feira, 15 de setembro de 2020
Essa palavra "saudade"...
Saudade é uma das palavras mais presentes na poesia de amor da língua portuguesa e também na música popular, "saudade", só conhecida em galego e português, descreve a mistura dos sentimentos de perda, distância e amor.
A palavra vem do latim
"solitas, solitatis" (solidão), na forma arcaica de "soedade,
soidade e suidade" e sob influência de "saúde" e
"saudar".
Diz a lenda que foi cunhada
na época dos Descobrimentos e no Brasil colónia esteve muito presente para
definir a solidão dos portugueses numa terra estranha, longe dos entes
queridos.
Define, pois, a melancolia
causada pela lembrança; a mágoa que se sente pela ausência ou desaparecimento
de pessoas, coisas, estados ou ações. Provém do latim "solitáte",
solidão.
Uma visão mais especifista
aponta que o termo saudade advém de solitude e saudar, onde quem sofre é o que
fica a esperar o retorno de quem partiu, e não o indivíduo que se foi, o qual
nutriria nostalgia. A génese do vocábulo está directamente ligada à tradição
marítima lusitana.
A origem etimológica das
formas atuais "solidão", mais corrente e "solitude", forma
poética, é o latim "solitudine" declinação de "solitudo,
solitudinis", qualidade de "solus". Já os vocábulos "saúde,
saudar, saudação, salutar, saludar" proveem da família "salute,
salutatione, salutare", por vezes, dependendo do contexto, sinónimos de
"salvar, salva, salvação" oriundos de "salvare,
salvatione".
O que houve na formação do
termo "saudade" foi uma interfluência entre a força do estado de
estar só, sentir-se solitário, oriundo de "solitarius" que por sua
vez advém de "solitas, solitatis", possuidora da forma declinada
"solitate" e suas variações luso-arcaicas como suidade e a associação
com o acto de receber e acalentar este sentimento, traduzidas com os termos
oriundos de "salute e salutare", que na transição do latim para o
português sofrem o fenómeno chamado síncope, onde se perde a letra interna l,
simplesmente abandonada enquanto o t não desaparece, mas passa a ser sonorizado
como um d. E no caso das formas verbais existe a apócope do e final.
O termo saudade acabou por
gerar derivados como a qualidade "saudosismo" e seu adjetivo
"saudosista", apegado a ideias, usos, costumes passados, ou até mesmo
aos princípios de um regime decaído, e o termo adjetivo de forte carga
semântica emocional "saudoso", que é aquele que produz saudades,
podendo ser utilizado para entes falecidos ou até mesmo substantivos abstratos
como em "os saudosos tempos da mocidade", ou ainda, não referente ao
produtor, mas aquele que as sente, que dá mostras de saudades.
Desconheço o autor