sábado, 30 de setembro de 2017

quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Coisas que leio...


A vida ensina-nos muita coisa mas a nossa essência jamais se perde.  Enfrentamos muitas dificuldades e temos que tirar forças para continuar. Somos os mesmos, só que ao longo do tempo vivenciamos coisas que nunca imaginaríamos, ou tudo o que passámos, dor ou alegria, terá sido em vão. Muitas vezes nos perdemos, ficamos sem rumo, sem direção, mas a saída sempre está em algum lugar. Mesmo que demore a achar, não desista, por mais difícil que seja a procura.


 Fernanda Guiterio 

Como o junco, vergo mas não quebro...


terça-feira, 26 de setembro de 2017

Meu vício de ler... (também)

Por do sol no Penedo Monteiro by José Coelho

Ontem à tarde um homem das cidades
Falava à porta da estalagem.
Falava comigo também.
Falava da justiça e da luta para haver justiça
E dos operários que sofrem,
E do trabalho constante, e dos que têm fome,
E dos ricos, que só têm costas para isso.
E, olhando para mim, viu-me lágrimas nos olhos
E sorriu com agrado, julgando que eu sentia
O ódio que ele sentia, e a compaixão
Que ele dizia que sentia.
(Mas eu mal o estava ouvindo.
Que me importam a mim os homens
E o que sofrem ou supõem que sofrem?
Sejam como eu — não sofrerão.
Todo o mal do mundo vem de nos importarmos uns com os outros,
Quer para fazer bem, quer para fazer mal.
A nossa alma e o céu e a terra bastam-nos.
Querer mais é perder isto, e ser infeliz.)

Eu no que estava pensando
Quando o amigo de gente falava
(E isso me comoveu até às lágrimas),
Era em como o murmúrio longínquo dos chocalhos
A esse entardecer
Não parecia os sinos duma capela pequenina
A que fossem à missa as flores e os regatos
E as almas simples como a minha.

(Louvado seja Deus que não sou bom,
E tenho o egoísmo natural das flores
E dos rios que seguem o seu caminho
Preocupados sem o saber
Só com florir e ir correndo.
É essa a única missão no Mundo,
Essa — existir claramente,
E saber fazê-lo sem pensar nisso.

E o homem calara-se, olhando o poente.
Mas que tem com o poente quem odeia e ama?


Alberto Caeiro

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Coisas que leio...




A melhor maneira de se desculpar, é mudar o seu comportamento


É muito difícil enfrentar as decepções que temos em relação às pessoas que amamos, uma vez que costumamos depositar nelas a nossa confiança, compartilhando com elas o nosso melhor e o nosso pior na esperança de que nos retornarão nada menos do que a verdade e a transparência. E assim muitas vezes acabamos frustrados pois nem sempre as nossas expectativas são correspondidas.

Talvez o nosso erro maior esteja no facto de inocentemente acharmos que os outros agirão como nós, como se os corações das pessoas fossem iguais ao nosso. Com isso aumentamos a probabilidade de receber delas o que menos esperávamos, sentindo-nos traídos e desvalorizados. Da mesma forma, o outro também espera de nós muito do que não estamos dispostos a oferecer, ou seja, acabamos muitas vezes machucando também aqueles que nos amam.

É preciso que nos consciencializemos de que ao relacionar-mo-nos com alguém, necessitamos sair um pouco de nós mesmos para ver o outro, no sentido de que ninguém é o centro do mundo e devemos abrir concessões por quem amamos. E, na mesma medida, ao outro também estabeleceremos os nossos limites para que ambos nos ajustemos harmonicamente de maneira saudável.

Não podemos aceitar tudo o que vier e de qualquer maneira em nome do amor, relegando os nossos sentimentos para um segundo plano. Tampouco poderemos agir como quisermos, sem pensar em quem caminha ao nosso lado, pois ninguém é isolado do todo. Por isso é necessário que estejamos atentos ao outro sem perdê-lo de vista, pois assim perceberemos os momentos em que magoamos os sentimentos alheios para tentarmos desculpar-nos.

De nada adiantará, que fique claro, pedirmos desculpas, darmos presentes, enviarmos mensagens, prometermos com veemência que nunca mais aquilo se repetirá, caso continuemos agindo da mesma forma e voltando aos mesmos erros, no dia seguinte. Quem se arrepende de verdade passa a agir de forma diferente pois assume o erro e não deseja mais ferir a quem magoou. Isso é demonstração de que realmente nos importamos.

Muitos não abrem mão de nada, não reflectem sobre as suas atitudes, não repensam a própria vida porque se encontram tão perdidos dentro de si mesmos e iludidos pela comodidade do seu egoísmo que se tornam incapazes de compartilhar, de viver o que é mútuo. Não perdoam, nem se perdoam. Esses jamais terão a oportunidade de receber o perdão de ninguém pois acham-se perfeitos. Esses não merecem o nosso amor, as nossas verdades, as nossas mudanças em favor de vidas que se trocam e se tocam com intensidade.


Marcel Camargo

Já caí setenta e levantei-me oitenta...


sábado, 23 de setembro de 2017

Bom fim de semana...


Senhor...

Foto by Xulio Dapena

    Ajuda-me a dizer a verdade diante dos fortes e a não dizer mentiras para ganhar o aplauso dos fracos.
    Se me deres fortuna, não me tires a razão.
    Se me deres o sucesso, não me tires a humildade.
    Se me deres humildade, não me tires a dignidade.
    Ajuda-me a enxergar o outro lado das coisas e não me deixes acusar alguém apenas por não pensar igual a mim.
    Ensina-me a amar os outros como a mim mesmo.
    Não deixes que me torne orgulhoso quando triunfar nem cair em desespero se fracassar mas recorda-me que o fracasso é a experiência que precede muitas vezes o triunfo.
    Ensina-me que perdoar é um sinal de grandeza e que a vingança é um sinal de baixeza.
    Se não me deres o êxito dá-me força para aprender com o inssuseço.
    Se eu ofender as pessoas dá-me coragem para pedir desculpa e se as pessoas me ofenderem dá-me grandeza para as perdoar.
    Senhor, se eu me esquecer de ti, não te esqueças Tu nunca de mim.

    Mahatma Gandhi

sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Outono...

Foto by José Coelho

O sol que queimou a face da terra,
tornando em restolho os verdes mais belos,
já se vai cobrindo no vale e na serra,
de limbos de nuvens que imitam castelos.

Sentem-se agora brisas mais suaves,
as folhas nas árvores a amarelecer,
formadas em bandos vão embora as aves,
e o seu chilreio vai emudecer.

Aqui e além rebentam sementes,
fecundadas já pelas maresias
e os pastos novos rebentam latentes
crescem os serões, minguam os dias.

São as estações como a nossa vida
verão, logo outono, que o inverno traz
porque a primavera uma vez perdida
voltar a vivê-la ninguém é capaz.

A roda do tempo tão veloz rodou
e tal como o vento só passa uma vez
certo é o agora que o ontem findou
o amanhã quem sabe se o tem outra vez?

Bem-vindo outono dos dias amenos
também eu já estou no outono da vida
e tal como os teus que sejam serenos
os dias que faltam para a ter vencida.

Beirã, outono de 2017
José Coelho 

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Boa semana...


2017 - Um verão inesquecível...

Já foi palco de dias muito felizes

Há muitos dias que não me sento aqui para repartir convosco algum do meu tempo e ideias, apesar de constatar que mesmo assim o contador de visitas do blogue foi sempre somando mais e mais dígitos. Fico grato a quem, fosse por mera curiosidade, fosse porque gosta daquilo que publico, veio sempre dar uma olhadela. Uma palavra também àquelas pessoas que não vêm por bem, por gostarem de coisa alguma que me diga respeito muito pelo contrario, pois podem assim verificar que a sua má fé e mesquinhez não me aquecem nem arrefecem e me estou nas tintas para o que pensem, digam, ou desejem. Pela parte que me toca não lhes desejo mal, quando muito, que Deus lhes dê em dobro tudo o que me desejarem a mim.

Passado que vai o verão de 2017 é tempo de fazer um balanço ao que de mais positivo ou negativo ele me trouxe. De positivo, incontestavelmente, umas férias na Galiza entre gente do melhor, que nos recebeu e tratou como se fôssemos suas majestades os reis do seu reino. No galego que ainda consegui aprender "moitas grazas queridos amigos do Cabildo i non só, voltaremos a atopar-nos". Momentos inesquecíveis entre os quais aquele que para mim foi de todos o mais alto, a visita ao Apóstolo São Tiago na sua magnífica catedral em Compostela. Não me lembro de em qualquer outro momento da minha vida ter vivido um dia mais místico e de tão profunda felicidade como o que me invadiu nesse dia e me fez chorar emocionado o tempo todo que durou a celebração a que tive o privilégio de assistir. Um templo enorme repleto de gente de todas as nacionalidades mas onde não se ouvia um único som para além do que decorria da cerimónia no altar central.  E aquela fila impressionante de gente para ir abraçar o Apóstolo, uma fila de espera com mais de 4 horas de duração sem ninguém arredar dali pé. Era o meu mais secreto e antigo sonho. Cumpriu-se. Nunca conseguirei agradecer suficientemente a quem o tornou possível.

Espectacular também a visita a Chaves, Montalegre e Serra do Larouco, o almoço em Pitões das Júnias na "Casa do Preto", enfim, tudo o que vi e vivi transformou, senão no melhor, pelo menos num dos melhores verões da minha existência. Muitos quilómetros rodados, muitas surpresas boas, muitos dias felizes daqueles que foram sempre tão raros na minha vida, habituado a pensar sempre mais nos outros do que em mim, habituado a dar tudo sem nada receber em troca, habituado a lutar sozinho sem qualquer ajuda ou apoio de ninguém, nem sequer dos mais próximos. Pela primeira vez na minha vida, decidi investir em mim mesmo um subsídio de férias inteiro sem pensar em reparti-lo com A, B ou C, porque, que diacho, eu também mereço, eu também sou gente. 

Sei agora que já deveria tê-lo feito há muito mais tempo.

Aos 65 anos de idade foram as minhas primeiras férias a sério. Porquê? Pagar a casa ao banco, assistir as necessidades da família, os compromissos do dia-a-dia, enfim, cumprir as minhas obrigações e ainda ajudar quem da minha ajuda precisava, nunca me deixou por aí além folga orçamental para pensar um pouco mais em mim também. Vesti quase sempre a farda, e, quando desfardado, comprei quase sempre as minhas toilletes na boutique feira, calcei quase sempre baratilhos de saldos, dei sempre tudo e eu fiquei sempre para depois. Ninguém deu por isso porque eu pouco me queixei. Aprendi desde os 13 anos que o meu dinheiro tinha que ser utilizado na ajuda aos outros. A minha magra jorna de cento e cinquenta escudos por mês como ajudante de pastor no ti Zé Bonacho era entregue na íntegra à tia Florinda para ajudar no sustento da casa. Ah! Tinha direito a vinte e cinco tostões por semana para pagar uma gasosa e um pacote de bolacha baunilha à namorada no baile.

Quando os moços da minha idade me convidavam para um petisco eu não podia ir. Não tinha como pagar a minha parte. Dava uma desculpa qualquer, pegava num livro de cóbóis e embrenhava-me pelos canchos adentro sózinho. Por isso aos 17 anos quis ir para a tropa, farto de não ter nada meu. E fui. E voltei mais triste do que fui, porque vi e vivi momentos de indescritíveis sustos e dor. Merda... Já estou a chorar outra vez. Cada vez sou mais piegas. Um momento por favor... Já escrevi tantos textos como este mas no fim acabei por os apagar sem publicar! Hoje não vou apagar. Mesmo. Que diacho, é a mais pura verdade, porque hei-de envergonhar-me que o leiam? Dizem que o passado não deve comprometer o presente e muito menos o futuro. Mas foi o passado que me fez quem hoje sou. Por isso é impossível não o recordar.

Tudo isto a propósito do verão 2017. Diz o título desta minha narrativa meio emocionada de hoje que foi um verão inesquecível. 
E foi. 
Pelas melhores e pelas piores razões. 
As melhores já as descrevi. 
Umas férias de sonho. 
As piores... 
Essas, talvez um dia as escreva também, mas por hoje vou guardá-las comigo. 
Desculpem. 
Um abraço amigo para quem o quiser aceitar e...

Até um dia destes.