Aos 07 de Março de 2015 nasce este blogue que tal como o seu antecessor TocadosCoelhos pretende apenas ser um ponto de encontro e de entretenimento pautando-se sempre pelas regras da isenção, da boa educação e do civismo em geral. Sejam bem-vindos.
sábado, 18 de maio de 2024
sexta-feira, 17 de maio de 2024
quinta-feira, 16 de maio de 2024
E que assim seja
Foto José Coelho com Maria Coelho - 16. 05. 2024
quarta-feira, 15 de maio de 2024
Acredita
Não deixes que a saudade te sufoque, que a rotina te acomode e que o medo te impeça de tentar.
Desconfia do destino, acredita em ti.
Gasta mais horas a realizar do que a sonhar, a fazer do que a planear, a viver do que a esperar, porque embora quem quase morre ainda esteja vivo, quem quase vive já morreu.
Sarah Westphal
Foto José Coelho
segunda-feira, 13 de maio de 2024
Boa semana, sejam felizes
Mãe d'água
sexta-feira, 10 de maio de 2024
quinta-feira, 9 de maio de 2024
In Manus Tuas Pater - Taizé
Não há volta a dar
terça-feira, 7 de maio de 2024
E tenho dito
Coisas que leio
- Estás à espera de quem?
- Não espero ninguém! Estou apenas a sentir o passar da brisa.
- Então? Não tens família?
- Tenho! Mas deixei de esperar por eles...
- Estão zangados?
- Não! Estamos resolvidos e de bem com a vida!
- Como assim?
- Aprendi com os anos de caminho que não devemos esperar por ninguém!
- Mas... Uma mãe não deve esperar sempre pelos seus filhos?
- Por muitos anos achei que sim... Depois aprendi que só esperamos por aquela
ilusão de posse. No dia em que entendemos que ninguém pertence a ninguém e que
até os filhos são do Universo, passamos a ser livres para receber, sejam os
filhos ou tudo o que a vida nos reservar!
- E quando os filhos não chegam?
- Para quem nada, nem ninguém espera, tudo é apenas a vida a acontecer...
- É difícil de entender!
- Eu sei. Fomos ensinados a sentir amor como apego, quando a verdade é que
o autêntico Amor é saber desapegar. Amor é liberdade para amar sem prender,
amar permitindo ao outro voar!
- E não sentes solidão?
- Ela não existe para quem aceita para si mesmo esse direito de também
continuar a voar. E hoje, mesmo de forma diferente, aceito, ajusto e continuo a
permitir-me esse voo!
- E quando não conseguires?
- Eu acredito que a quem se permite ser livre a morte chegará leve e quando
o meu corpo físico deixar de poder voar, partirei de regresso a casa!
- Sabes...
Acredito também que esse é o propósito da vida, nunca deixar de voar, porque uma Alma em voo é para sempre um Ser! Até lá vou continuar simplesmente a usufruir do passar da brisa.
Desconheço a autoria
Foto José Coelho
sábado, 4 de maio de 2024
Meu amigo, o rouxinol
Acontece inúmeras vezes e quase
sempre à mesma hora. No crepúsculo. Quando ainda não é noite, mas também já não
há sol. Gosto de despedir-me dos dias deambulando pelo quintal a sentir a
aragem ou o vento no rosto, enquanto vou observando a aproximação da noite que
desce da linha do horizonte onde os tons alaranjados do céu tocam as terras de
Espanha lá ao longe, para se ir chegando a este vale desenhado pelas várzeas do
Ribeiro da Cavalinha.
E ontem não foi exceção.
Fui fechar a garagem, o portão do
forno a lenha, a janela e porta da cozinha-fumeiro e encostei-me à grade que
separa a zona da horta, do patim ladrilhado a retalhos de mármore em toda a sua
volta. Tive de colocar esta sólida grade para evitar as estouvadices da nossa
cadela rafeira alentejana Suri que mal via uma toupeira a bulir na terra de
qualquer canteiro, invadia furiosa as minhas culturas e sementeiras para fazer
uma monumental cova em busca da intrusa.
Foi num destes entardeceres que a
malvada víbora cornuda oculta debaixo dos espinafres de desfolhar que
bordejavam o patim marmoreado, atacou a minha marida e a enviou de urgência
para o Hospital de Santa Maria onde foi ser tratada com o antídoto adequado e
monitorizada até passar o perigo de alastramento da infeção venenosa. É o que
dá viver paredes meias com a natureza selvagem de que tanto gostamos.
Já passou, mas foi um susto
enorme sim senhor.
De súbito no meio do silêncio que
me envolvia ouvi-o muito próximo. Talvez no limoeiro ou na oliveira redondil
que lhe fica ao lado. Trinou uma daquelas suas maravilhosas melodias completas
e poeticamente descritas num dos livros de leitura da minha Escola Primária:
- Nossa Senhora disse, disse,
disse, que enquanto o gavião da videira subisse, não domisse, não dormisse, não
dormisse!
Fico tão enlevado sempre, que não
mujo nem tujo, para não o assustar e espantar. Desde menino que os ouço e
tento imitar, sem o conseguir. Ninguém canta e encanta como eles. Nos salgueiros
e silvados do ribeiro, na fonte da Murta, nos quintais cheios de árvores como o
meu de vez em quando. E olhem que deles já por aqui passaram muitas, muitas gerações,
porque os meus anos já vão sendo também muitos, muitos.
A marida foi, entretanto, sacudir
as migalhas da toalha do nosso jantar – cá em casa nada se perde, tudo se
transforma – sejam as migalhas para os pardais, sejam as cascas das batatas,
cenouras e outros legumes da nossa alimentação na compostagem para adubar a
terra.
Nunca nada é desperdiçado.
Ia precisamente o nosso alado
tenor recomeçar o seu segundo concerto, quando ao ouvir vozes se calou
subitamente. Deve ficar com certeza desiludido por não lhe darem a atenção que
merece. Olhei para a minha companheira e fiz-lhe sinal para não fazer barulho,
mas ele não voltou a cantar mais.
- O que foi? Perguntou ela.
- É o nosso amigo rouxinol que
veio cumprimentar-nos outra vez, respondi.
Mas não mais se fez ouvir. Deve
ter mudado de pouso ou ido embora. Paciência. Talvez também porque, entretanto,
ia já anoitecendo.
- Obrigado pela visita querido
amigo.
- Volte sempre e sinta-se sempre
aqui, como em sua casa…
José Coelho
sexta-feira, 3 de maio de 2024
quinta-feira, 2 de maio de 2024
Nem tudo o que parece, é!
quarta-feira, 1 de maio de 2024
Gosto de ler (e publicar) de vez em quando
Vai serenamente por entre a agitação e a pressa
Lembra-te da paz que pode haver no silêncio
Sem seres subserviente, mantém-te, tanto quanto
possível, em boas relações com todos
Diz a tua verdade calma e claramente
E escuta com atenção os outros
Mesmo que menos dotados e ignorantes.
Também eles têm a sua história
Evita as pessoas barulhentas e agressivas
São mortificações para o espírito
Se te comparas com os outros
Podes tornar-te presunçoso e melancólico
Porque haverá sempre pessoas superiores e
inferiores a ti
Apraz-te com as tuas realizações tanto como com
os teus planos
Põe todo o interesse na tua carreira, ainda que
ela seja humilde
É um bem real nos destinos notáveis do tempo
Usa de prudência nos teus negócios
Porque o mundo está cheio de astúcia
Mas que isto não te cegue a ponto de não veres
virtude onde ela existe
Muitas pessoas lutam por altos ideais
E em todo o lado a vida está cheia de heroísmos
Sê fiel a ti mesmo
Sobretudo não simules afeição
Nem sejas cínico em relação ao amor,
Porque em face da aridez e do desencanto
Ele é perene como a relva
Toma amavelmente o conselho dos mais idosos
Renunciando com graciosidade às ideias da
juventude
Educa a fortaleza de espírito, para que te
salvaguarde de uma inesperada desdita
Mas não te atormentes com fantasias, muitos
receios surgem da fadiga e da solidão
Para além de uma disciplina salutar
Sê gentil contigo mesmo
Tu és um filho do Universo
E tal como as árvores e as estrelas
Tens o direito de o habitar
E quer isto seja ou não, claro para ti
Sem dúvida que o Universo
É-te disto revelador
Portanto, vive em paz com Deus
Seja qual for a ideia que Dele tiveres
E quaisquer que sejam as tuas lutas e aspirações
Na ruidosa confusão da vida
Conserva-te em paz com a tua alma.
Com toda a sua falsidade
Escravidão e sonhos desfeitos
O Mundo é ainda um lugar maravilhoso.
Sê cauteloso
Luta para seres feliz.
Autor: Max Ehrmann, escrito em 1927
terça-feira, 30 de abril de 2024
segunda-feira, 29 de abril de 2024
sexta-feira, 26 de abril de 2024
Que assim seja
quinta-feira, 25 de abril de 2024
Simbolismo antagónico
segunda-feira, 22 de abril de 2024
sexta-feira, 19 de abril de 2024
quarta-feira, 17 de abril de 2024
Desde 1971
terça-feira, 16 de abril de 2024
Um "falar" de todos nós
sábado, 13 de abril de 2024
Cuidem-se
Bom domingo, sejam felizes...
Um dia mais é também um dia menos
Acordei cedo. Muito cedo, como
sempre. O restauro e ampliação desta casa cheia de grandes janelas foi na
íntegra por mim concebido. As mais amplas são as voltadas ao Nascente. Por
isso, logo que a aurora começa a clarear por terras d’Espanha por detrás da
Murta, a suave luminosidade filtrada pelas persianas e cortinados – associada
ao cantar dos também madrugadores galos da vizinhança – fazem-me despertar.
Claro que não me ponho logo a pé a essa hora, embora já não consiga dormir
mais. Deixo-me ficar sossegado para não acordar a “patroa” enquanto vou
apreciando o despertar de toda a natureza que rodeia estes meus domínios.
O metálico debicar dos pardais na
caça aos insetos para o pequeno-almoço da sua prole no algeroz do beirado, onde
já uma vez construíram um monumental ninho vingando-se talvez por eu não ter
permitido que o construíssem nos tubos do motor do ar condicionado, no verão
anterior. Também pelas redondezas vive há muitos anos um numeroso bando de
rolas turcas que nidificam nos abundantes sobreiros da Tapada da Rabela anexa
ao nosso quintal – o ano passado até o fizeram na laranjeira sem
receio do alcance das nossas mãos – e pousam no telhados ou nas chaminés onde
cantam, cantam, cantam, de manhã à noite, atentas aos besouros que circulam
pelas redondezas e às sementes das espigas na horta, bem como aos dois baldes
de água fresca que todos os dias coloco à sua disposição e onde vão beber à
vez.
Ah! E chegaram já também os
famintos estorninhos que chiam como ratos enquanto devoram os primeiros
figos-lampos das figueiras que também abundam por aí, sem os deixarem sequer
amadurecer!
Longe vai já o tempo em que tinha
de levantar-me às seis da manhã para cortar a barba, tomar um duche e o
pequeno-almoço antes de marchar às minhas obrigações profissionais. Muitos dias
houve também que, em função das mesmas, o nascer do dia era exatamente a hora
em que a minha ronda noturna na proteção de pessoas e bens terminava. Aí então,
em vez de acordar, era a hora de me deitar e dormir.
Por isso este é o tempo de
descansar e desfrutar da paz e tranquilidade dos meus dias, naquele que para
mim é também o melhor lugar do mundo. A Toca dos Coelhos. Aqui nasci, aqui
passei inquestionavelmente os momentos mais doces da minha vida, aqui me despedi
para sempre dos entes mais queridos, aqui tenho a grata bênção de envelhecer
agora. Se não tenho uma vida perfeita – acho que ninguém tem – é seguramente a
vida menos agitada que poderia ambicionar.
Os problemas – maioritariamente de
saúde – são idênticos aos de tanta outra gente que conheço com as mesmas
limitações e constrangimentos, minimizadas o quanto possível, mas sempre
aceites com ânimo e resignação. Queixumes nada adiantam porque nada resolvem,
por isso vou vivendo, desfrutando e agradecendo, um dia de cada vez. Mesmo com
limitações, entendo a Vida como um dom valioso que me foi concedido e que tenho
o dever de aceitar e fazer valer a pena. Até mesmo os dias mais difíceis. Nem
sempre é fácil, nem sempre consigo estar alegre e bem-disposto, mas todos os
dias tento superar o que me puxa para baixo, levantar a cara e enfrentar
decididamente aquilo que me perturba.
O perigo que vivemos nos últimos
anos é a mais evidente prova do quão somos impotentes perante a força da
natureza e que nunca saberemos do que ela é capaz para se defender de tantas
agressões e nos remeter à nossa humana insignificância. Deveríamos ser mais
cuidadosos com ela e respeitar os seus ciclos naturais sem os corromper abusiva
e constantemente. A pandemia foi uma tão contundente como letal resposta à
irresponsável ousadia de o ser humano achar que pode fazer tudo, alterar tudo,
substituir tudo.
Não pode.
Andamos – acho eu – a mexer há
demasiado tempo com aquilo que não devemos e a caminhar para a autodestruição.
Nunca, jamais ou em tempo algum, o Homem conseguirá substituir a Natureza.
Poderá imitá-la, poderá substituir alguns dos seus efeitos por outros
similares, mas nunca conseguirá superá-la. E de tanto ousar vai perder o
controle e sofrer as consequências. Quiçá a Covid 19 seja apenas um começo. Sem
qualquer pretensão de me julgar mais perfeito que os demais, tenho, no entanto,
plena consciência que sempre a admirei e respeitei.
Sou um dos seus mais fiéis
seguidores e admiradores. A atestá-lo, os milhares de imagens do meu acervo
fotográfico onde mais de noventa por cento são a fauna, a flora, as paisagens
rústicas e ambientais, o céu azul ou nublado, para além das cores do por do sol
que em meu modesto entender são a obra-prima mais incrível que se pode
contemplar, a magnificência e o esplendor na forma mais perfeita que nos são
oferecidos diariamente pelo Criador.
Mas também me parecem imponentes as
cores da aurora desde a primeira rosada auréola celeste, até o astro-rei se
elevar na linha do horizonte. Curiosamente o nascer do dia traz consigo o
despertar barulhento de toda a vida sobre a terra, enquanto o seu ocaso a
emudece quase por completo.
Poucas coisas admiro
mais.
Em cada acordar tenho por hábito
agradecer mais um dia de vida. E antes de adormecer, o dia vivido. Não o faço
por costumeira beatice mas por absoluta convicção do meu dever de gratidão. Ser
grato, atento e disponível fazem, fizeram sempre, parte do meu ADN. Vivo cada
dia como se fosse o último serenamente, não por ser agora recomendado em
virtude da pandemia, mas porque sempre fui assim.
Entendo que cada dia que amanhece e
soma mais um à nossa vida, é simultaneamente um a menos do total que temos
destinados para viver. Essa é, seguramente, a mais precisa equação matemática.
Nunca se esqueçam dela. E procurem ser felizes, mesmo quando não conseguirem
alcançar tudo quanto acham ser preciso para o conseguir…
José Coelho