quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Tão breve...

Auto-retrato Nov'18

A vida

A vida é o dia de hoje,
a vida é ai que mal soa,
a vida é sombra que foge,
a vida é nuvem que voa,
a vida é sonho tão leve,
que se desfaz como a neve,
e como o fumo se esvai...

A vida dura um momento,
mais leve que o pensamento,
a vida é folha que cai...

João de Deus

Volta do ribeiro - Beirã



 Fotos by José Coelho - Nov'18

A minha alma chorou...

Foto by José Coelho - Nov'18

Abandonada

A velha casa, onde (moraram os meus avós) outrora
e que há muito está desabitada,
silenciosa envolveu-me, ao ver-me agora,
num triste olhar de amante abandonada.

Com que amargor no íntimo lhe chora
uma alma sensitiva e ignorada,
que não tem voz para queixar-se, embora
se veja só, de todos olvidada!

Casa deserta e fria, que envelheces
ao desamparo sem uma afeição,
bem sinto que me vês, que me conheces

e relembras os dias que lá vão…
Eu esqueci-te, amiga, e tu pareces
toda magoada dessa ingratidão.


Roberto de Mesquita
(levemente modificado)

A aldeia mais bonita do mundo...

Foto by Maria Coelho

Meu vício de ler...

Parque Terra Nostra - S. Miguel - Açores - Abril'18

Não morremos assim de qualquer maneira

A semana passada deixei de comer chouriços. E presunto. E fiambre. E mortadela!!! Esta semana deixei de comer queijo. “Afecta a mesma molécula das drogas duras”, dizia um estudo. Eu não quero ter nada a ver com isso, gosto muito de queijo, mas não quero ter nada a ver com drogas, muito menos ser visto como um agarrado ao queijo. Acabou-se com o queijo cá em casa. Também já tinha acabado com o pão, por isso…

O mês passado deixei de beber vinho branco. Um estudo dizia que fazia mal a não sei quê. Se calhar era cancro também. Passei a beber só tinto que dizia um estudo ser ideal para uma série de coisas. Esta semana voltei a beber branco porque, entretanto, saiu um estudo a dizer que afinal o branco até tem propriedades que fazem bem e muito tinto é que não. Comecei a reduzir no tinto, mas também acho que compreendem, não quero morrer assim de qualquer maneira.

Cortei nas azeitonas também porque um estudo dizia que têm demasiada gordura, são muito insaturadas, ou lá o que é, mas não parece nada bom.

Andava praticamente a peixe até perceber que os portugueses comem peixe a mais e são, por isso, prejudiciais ao ambiente. Eu sei que não moro no continente mas como sou português e ainda contam todos para o estudo, sei lá, os que estão e os que não estão, e como eu não quero ser acusado de inimigo do ambiente, ando a cortar no peixe também. Especialmente no atum que está cheio de chumbo e o bacalhau também porque causa daquele estudo que saiu sobre a quantidade de sal mas, também, acho que compreendem, não quero morrer assim de qualquer maneira.

Esta semana saiu um estudo a dizer que afinal o vinho em geral faz mal. Fiquei devastado. Há dois meses foram as couves roxas. Vi até um especialista na televisão dizer que não devíamos comer nada cuja cor seja roxa; “é sinal que não é para comer”, dizia. Arroz também quase não como porque engorda, quanto mais esfregado pior, e saiu um estudo a dizer que implica com uma função qualquer mais ou menos delicada. Não é a reprodutora porque acho que essa é com a soja. Dá hormonas femininas aos homens, e consequentes mamas, o raio da soja (!) e prejudica as funções todas. Não, soja nem pensar!

Leite também já há muito que me livrei dele. Foi, salvo erro, desde que saiu um estudo a dizer que o nosso corpo não está preparado para leites. Por isso, leite não. Sumos de frutas também dispenso enquanto não resolverem o problema levantado no estudo que apontava para… não sei muito bem para quê, mas apontava e não era nada excitante mas, também, acho que compreendem, não quero morrer assim de qualquer maneira.

Carne vermelha, claro, também não. Ataca o coração, diz o estudo. Galinha nem sonhar porque umas estão cheias de gripe e as outras encharcadas de antibióticos. Além de que carne de galinha a mais, como dizia outro estudo, impacta com o desenvolvimento dental, o que até parecia óbvio mas ninguém percebia, pois as galinhas não desenvolvem dentes. Cortei a galinha há muito tempo. Porco? Só a brincar. É óbvio que não há cá porco. Não chegassem as salsichas e afins ainda veio este outro estudo, ou ainda não leu? Pois então, diz que o excesso de carne de porco pode provocar uma diminuição de massa cinzenta e o aumento dos ciclos atópicos do mastoideu singular. Ninguém quer passar por isso! Você quer? Eu não mas, também, acho que compreende, não quero morrer assim de qualquer maneira. Esqueça-se a carne de porco, pelo amor da santa!

Ah!… Já me esquecia do glúten! Glúten, também não. É que nem pensar! Durante muitos anos nem sabia que existia, mas desde que me apercebi da existência de semelhante coisa arredei tudo o que tivesse glúten. Deixa-me pouca escolha mas, também, acho que compreendem, não quero morrer assim de qualquer maneira.

Ovos! Claro que também não como ovos. Primeiro porque não sou nenhum ovíparo e depois por causa das quantidades de coisas que aquele estudo que saiu a semana passada dizia. É um rol senhores, um rol e colesterol! Vão ver e admirem-se! Os ovos! Quem diria os ovos… Enfim, é a vida: ovos nem vê-los! Como a manteiga: é só gordura! Desde que acabei com o pão e com o queijo, a manteiga também, por assim dizer, deixou de fazer falta. Ainda a usava para fritar ovos mas agora também não se pode comer ovos… Pois, a manteiga, dizia o estudo, é só gordura animal e animais não devem comer a gordura uns dos outros. Pareceu-me um bom fundamento e acabei com a manteiga.

Ia fazer uma salada. Sem muito azeite, claro, porque, compreendem, não quero morrer assim de qualquer maneira, sem sal, naturalmente e vinagre só do orgânico, porque, compreendem, não quero morrer assim de qualquer maneira…

É quando recebo um email com o título “Novo Estudo Aconselha a Ingestão Moderada de Saladas e Hortaliças”.

Enchi um copo de água, filtrada, naturalmente, de garrafa de vidro e sorvi um golo ávido. Espero que não me faça mal.”


Encontrei na net e desconheço o autor

segunda-feira, 19 de novembro de 2018

Meu vício de ler...




A nossa religião é aquilo que fazemos quando o sermão acaba


É mais do que conhecida a máxima de que os exemplos e as atitudes é que valem, porque discursos e palavras leva-os o vento. Podemos dizer frases bonitas, argumentar com propriedade, porém, a forma como vivemos e o que fazemos é que determinará o que somos, o que temos dentro dos nossos corações.

O mundo anda carente de amor, de respeito, de empatia, de se reparar no outro, de se perceber que somos parte de um todo. A vida corre também fora de nós e estende-se muito além da nossa zona de conforto. Temos que cuidar do que ocorre dentro de nós, dos nossos sentimentos, porém, caso só nos preocupemos com o nosso eu, estaremos a negligenciar o nosso papel social, a nossa capacidade de nos relacionarmos e de fazermos uma diferença positiva nas vidas alheias.

É interessante notar que as pessoas procuram diferentes formas de se comunicarem com Deus para se sentirem bem. (...) Mesmo assim, apesar de toda essa multidão que frequenta igrejas, cultos, terreiros, ainda assistimos a cenas de total falta de compaixão em relação ao próximo. Nem mesmo crianças e idosos são poupados a atitudes violentas, ultimamente.

E, ao lado dessa violência explícita, ainda há a violência velada, implícita, indirecta, mas também extremamente prejudicial. Um simples olhar, o desprezo, o silêncio diante do mal e outras atitudes que implicam violência e maldade. Muitas pessoas, inclusive, conseguem ser muito melhores na rua do que em casa. Encenam uma figura boníssima na sociedade, porém, transformam os seus lares em verdadeiros infernos, sendo cruéis com seus familiares nas mais variadas formas.

Como se vê, muitas pessoas se contradizem diariamente, fingindo o que não são, tentando expiar as suas culpas em locais religiosos, fazendo caridade como obrigação e tentativa de receber perdão, porque, na verdade, têm consciência do mal que espalham. Porém, de nada adianta orar e continuar praticando os mesmos erros. A religião está dentro de cada um e só existe na prática. Porque a religião não se discute, pratica-se.


Marcel Camargo (Adaptado)

Boa semana...

segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Meu vício de ler...

By Facebook in November'18


Tudo o que eu preciso


Tudo o que eu preciso para viver, carrego sem ocupar as mãos.
Tudo o que eu preciso para ser feliz, não se transporta numa caixa, não se guarda numa mala, não pesa nos ombros.
Carrego comigo só o que preciso para me movimentar livremente, neste mundo tão cheio de coisas.
Aquilo que eu carrego não tem peso, nem forma, nem volume.
São coisas que me alimentam, sem que eu precise comer.
Que me levam de um para outro lado, sem que eu precise caminhar.
Que me alegram, sem que eu precise adquirir.
Carrego comigo a sabedoria herdada dos meus pais.
A dignidade conquistada com o meu trabalho.
As lições aprendidas na dor.
O amor dos meus afectos.
E a força da minha fé.
Com apenas isso eu posso ir mais longe do que qualquer viajante carregado de bagagem.
É mais fácil viver ou andar por aí.
Porque  as coisas ocupam espaços, atravancam caminhos, bloqueiam a visão.
E as coisas que não cabem no coração, pesam nos braços.
Por isso eu só carrego coisas que caibam nos sonhos que inventei para ser feliz.


(Um texto de Lena Gino, adaptado)

segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Meu vício de ler...


Dourado entardecer pelos campos da Beirã
Foto by José Coelho

Aproveita o dia,
Não deixes que ele termine sem teres crescido um pouco,
sem teres sido feliz, sem teres alimentado os teus sonhos.
Não te deixes vencer pelo desalento.
Não permitas que alguém te negue o direito de te expressares que é quase um dever.
Não abandones a tua ânsia de fazer da tua vida algo extraordinário.
Não deixes de crer que as palavras e as poesias, sim, podem mudar o mundo.
Porque, passe o que passar, a nossa essência continuará intacta.
Somos seres humanos cheios de paixão.
A vida é deserto e oásis.
Derruba-nos, lastima-nos, ensina-nos, converte-nos em protagonistas da nossa própria história.
Ainda que o vento sopre contra, a poderosa obra continua, tu podes trocar uma estrofe.
Não deixes nunca de sonhar, porque só nos sonhos pode ser livre o homem.
Não caias no pior dos erros: o silêncio.
A maioria vive num silêncio espantoso. Não te resignes, nem fujas.
Valoriza a beleza das coisas simples, pode fazer-se poesia bela, sobre as pequenas coisas.
Não atraiçoes as tuas crenças.
Todos necessitamos de aceitação, mas não podemos remar contra nós mesmos.
Isso transforma a vida num inferno.
Desfruta o pânico que provoca ter a vida toda por diante.
Procura vivê-la intensamente sem mediocridades.
Pensa que em ti está o futuro, encara a tarefa com orgulho e sem medo.
Aprende com quem pode ensinar-te as experiências daqueles que nos precederam.
Não permitas que a vida se passe sem a teres vivido…


Walter Whitman (1819 – 1892) foi um jornalista, ensaísta e poeta americano considerado o “pai do verso livre” e o grande poeta da revolução americana.

Beirã - Lugares...

Anta da Cabeçuda
 Foto by José Coelho

Nota:
Este monumento funerário megalítico foi restaurado em meados da década de 80 mas voltou a ruir provavelmente pela força dos dos ventos e das intempéries, encontrando-se actualmente como esta minha imagem documenta.

Hoje seria o teu aniversário, meu querido Pai...

Nunca te esquecerei