segunda-feira, 27 de julho de 2020

Voltem depressa, Pipocas...

Francisca & Mariana - 24.07.2020 
Foto José Coelho

Foram dias e semanas, de intensa felicidade. Em tempo de férias escolares e com os papás a trabalhar, a neta Francisca veio para a aldeia, para junto dos avós. E não tardou que a neta Mariana quisesse também fazer parte da "equipa" e se apresentasse de armas e bagagens para ficar connosco até que lhe apetecesse. Foi muito bom, mesmo. A Toca dos Coelhos normalmente monótona, arrumadinha e silenciosa, encheu-se de vida, de gargalhadas e da saudável bagunça que é sinónimo evidente da presença de crianças descontraídas e felizes.

Quase tudo lhes é permitido aqui. As refeições sempre "à la carte" com direito de opção e apenas uma cláusula inegociável que não provocou qualquer greve porquanto as partes aceitaram o trato de comum acordo; sopinha de legumes quer ao almoço, quer ao jantar, e, no mínimo, um caço e meio. Cumpriram sem protestar e portaram-se lindamente. Duas autênticas senhoras! 

Ah pois...

Ao pequeno almoço, as panquecas ou "manhãzitos" preferidas, com nutela. Eu pronuncio propositadamente "pan-cuecas" para elas rirem a bandeiras despregadas:

- Avô, não se diz "pan-cuecas"! Diz-se pan-ke-kas...

- Ai é??? Mas aqui na embalagem diz pan-qu-é-cas...

- Eheheh...

Manhãs, tardes e serões inesquecíveis.

A hora de levantar era... quando cada uma acordava. Sem toque de alvorada nem de recolher. Férias são férias. Já basta terem que se levantar às sete da manhã em tempos de escola, e, principalmente no inverno, saírem do quentinho da cama para o ar gélido, ainda meio noite. A casa dos avós tem que significar o refúgio acolhedor que lhes garante muitos mimos e também algumas transgressões às regras, sem que isso signifique bandalheira ou quaisquer faltas censuráveis. Nada disso. Eu guardo as mais doces recordações dos meus, por isso quero deixá-las também para sempre na sua infantil memória.

Não houve dois dias iguais. Foram todos divertidos, diferentes, havendo de tudo um pouco. O pior foram as saudades dos papás que às vezes eram muitas. Porém, nada que não se resolvesse com uma rega às plantas do quintal ou ir tratar dos animais da quinta imaginária que as duas partilhavam. Uma tinha as vacas e os cavalos, a outra as galinhas e as ovelhas. A Avó arranjou uns canecos para levarem as rações e tudo era tratado com tal esmero que nunca mais necessitámos de comprar ovos, carne ou leite, porque a quinta imaginária dava tudo em abundância!

Mas...

Como o que é bom acaba depressa, os dias e semanas passaram a correr e as Pipoquinhas regressaram a suas casas. Por sua vez, o silêncio, a arrumação e a monotonia regressaram à Toca. Ficou-me o encargo de cuidar da quinta imaginária o que procuro fazer e só tenho um pequeno problema. Cada vaca, cada cavalo, cada galinha ou ovelha tinham um nome. E eu esqueci-me de os apontar. E eles só comem e bebem chamados um a um. Saite? Maique? Laique? Era algo assim...

E agora? 

Para as próximas férias prometo tomar melhor nota do recado, minhas queridas agricultoras. Ah! E sinto também muita falta da nossa despedida em coro antes de irmos todos à cama, inventada ou copiada de uma série de desenhos animados pela nossa compincha Marianita:

- Escuduuuuu...

Saudades vossas, meus amores!

Sniffff...

José Coelho
27.07.2020

segunda-feira, 20 de julho de 2020

Assim, não...

Foto José Coelho

Todos estes pedaços de granito que eu varri e apanhei na hora, caíram na varanda, telhado, janelas e portas da minha casa, alguns dos quais ressaltaram para dentro da cozinha, projectados em todas as direcções a partir das obras da nova antena de telecomunicações da Beirã.

À velocidade a que "voavam" e pelo estrondo que faziam ao caírem por todo o lado, imaginem que um cascalho destes caía na cabeça de alguém ou em cima de algum carro. 

Não sou muito assustadiço mas estremeci com o abanão da casa e o fortíssimo estrondo causado pela explosão sem qualquer pré-aviso, seguido do imediato estilhaçar de pedras sobre o telhado, portas, janelas e varandas, onde poderiam até andar a brincar as duas netas de 5 e 8 anos que connosco se encontram a passar férias.

Entendo que seja necessário rebentar o granito para abrir o buraco do alicerce da "sapata" de betão que irá suportar a antena de telecomunicações da Meo junto do depósito das águas da Beirã, a poucos metros da minha casa. Mas havia que tomar as mais elementares precauções e no mínimo avisar os residentes para que se acautelassem.

Quando foi feito o saneamento básico de todas as ruas adjacentes as valas também foram assim abertas à força de dinamite e a escassos metros das portas e janelas das casas porque o subsolo de toda esta zona é rocha viva. Mas nunca isto aconteceu. A vizinhança era avisada, os possíveis danos devidamente acautelados e não houve perigo para pessoas nem bens, como neste episódio a todos os níveis censurável.

Alguns danos em casas de vizinhos foram imediatamente identificados depois do tremendo estrondo. Telhas partidas foram logo referenciadas e substituídas. Mas eu só vou saber se também fui "premiado" com algum desses prejuízos quando começar a chover, uma vez que não tenho acesso fácil ao telhado e pela volumetria da casa não dá para se ver a olho nu. Um dos vizinhos viu pedras a caírem ao seu lado e só por sorte não foi atingido por nenhuma, tendo ido imediatamente reclamar. 

Há veículos estacionados nas ruas, há gente nos quintais, que porra de responsabilidade é esta de quem usa explosivos passíveis de causarem danos, sem qualquer aviso prévio? Ah e tal, têm quinze dias para reclamar. Reclamar a quem, como e onde? E como foram os possíveis prejudicados avisados dos seus direitos? Não temos o dom de adivinhar! Assim, não. Lá porque somos já poucos por cá, não somos descartáveis.

José Coelho
20.07.2020

quinta-feira, 16 de julho de 2020

Preparativos...


Eucaristia (possível) da Padroeira 2020


A Fé, o Amor, a Arte e o empenho, vocês sabem de quem...


Inicio da Celebração às 20,30 horas de hoje ao ar livre no adro da Igreja com transmissão em directo pelo Facebook da Freguesia Beirã para todos os Beiranenses e outros devotos da Senhora do Carmo que estando longe, dessa forma possam participar. Até já! - Fotos Maria Coelho.

sábado, 11 de julho de 2020

Julho 2020, por Marvão...


Cabeçudos - 04.07.2020

Escusa - 11.07.2020 - Fotos José Coelho

Umas férias em família, como há muito não vivíamos...


A deliciosa sopa de peixe do rio do Manel Coelho
Cabeças e rabos dos barbos para apurar o sabor do caldo
E os centros dos barbos bem fritos, com molho de poejo
 Fotos Ana Batista, 11.10.2020

PS.
Obrigado, compadre José Panasco pelo peixinho do rio.

Com a Avó Manuela...


Selfie Pedro Coelho 10.07.2020

quarta-feira, 1 de julho de 2020

No centenário do seu nascimento querida D. Amália, a minha gratidão mantém-se...

Chegada ao Belize - Maiombe transportada numa avioneta civil, a receber as boas-vindas do Comando do BCav3871.

Acompanhada por todos nós, pela parada do aquartelamento.

Num palco improvisado feito com algumas mesas, a D. Amália Rodrigues cantou e encantou, após o jantar desse dia memorável. 

Eis a plateia improvisada no nosso refeitório onde actuou. Eu estou ao centro da foto e o meu camarada Telmo Fonseca - caixa d'óculos - no topo inferior da mesma, a arreganhar a taxa. Passaram já 47 anos mas serei grato enquanto viver, não só pelo privilégio que nos concedeu, mas também pelo risco que se dispôs a correr para ir alegrar-nos a alma àquele fim de mundo. Obrigado, onde quer que esteja, D. Amália. E parabéns pelo seu 100º aniversário natalício...