quinta-feira, 28 de julho de 2016

Dois anos sem ti, Mãe. Saudades...



Faz hoje dois anos que nos deixaste, Mãe. 
Levei-te comigo para Lisboa, andámos juntos todo o dia sob um calor inclemente.
Saímos de casa (eu e a tua querida memória) eram seis horas da manhã para rumarmos ao Hospital Lusíadas - Lisboa onde tive que ir fazer mais um exame que irá confirmar (ou não) o sucesso da delicada cirurgia a que fui submetido há um mês.
Não consegui esquecer-te nem um segundo sequer, Mãe.
Regressámos (eu e a tua querida memória) já pelo serão adentro com umas centenas de quilómetros percorridos e apesar de cansado não podia deixar de vir aqui escrever alguma coisa em tua honra, em tua memória, em teu louvor, Mãe.
Amo-te e continuas viva no meu coração como se ainda aqui morasses comigo.
Tenho saudades tuas todos os dias, Mãe.
Nunca mais fui a mesma pessoa desde que te perdi e sei agora que não há maior pobreza neste mundo do que não ter já Pai nem Mãe.
Continua a olhar por todos nós lá de onde estás junto a Deus, como olhaste sempre, enquanto viveste.
E descansa em paz Mãe.
Voltaremos a encontrar-nos para ficarmos juntos por toda a eternidade...

terça-feira, 26 de julho de 2016

Miminhos das Netas Francisca e Mariana, neste Dia dos Avós...


A cumplicidade é uma constante! As imagens dizem tudo...

Mais (coisas que leio)...

Imagem copiada do Google


O último estertor dos imbecis 
(Jornal i - Sapo)


Enquanto a Europa rebenta, o mundo está em guerra, os bancos europeus vão implodir, os mandarins de Berlim e os burocratas de Bruxelas sonham chicotear os povos do sul da Europa para mostrarem quem manda

O diário espanhol “El País” recolheu a opinião de duas dezenas de reputados economistas internacionais sobre a justeza e eficácia das sanções propostas pela União Europeia a Portugal e Espanha. Os economistas que, em geral, não costumam coincidir em muitas coisas e normalmente não conseguem prever ao mesmo tempo a taxa de juro e a de desemprego, são unânimes em qualificar este procedimento como perigoso, desastroso e criminoso. O “Jornal de Negócios” traduziu alguns desses depoimentos. Para se perceber o tom, deixo aqui alguns para meditação dos leitores.

Peter Bofinger, do Conselho Alemão de Peritos Económicos: “A austeridade orçamental severa aplicada entre 2011 e 2013 conduziu a uma recessão em Portugal e Espanha. Violar o Pacto era o adequado, a par com as medidas de estímulo do BCE. Os défices de Portugal e Espanha não são muito maiores do que os de economias avançadas como os EUA, o Reino Unido, Japão ou França.”

Charles Wyplosz, Graduate Institute: “As sanções são o equivalente a uma bomba atómica: uma arma de dissuasão que nunca se deve usar. O problema é que na Comissão Europeia já não há economistas. Esperemos que a plêiade de advogados e diplomatas de Bruxelas encontre uma forma inteligente de se esquivar deste absurdo.”

Carmen Reinhart, Harvard: “Não consigo imaginar um timing mais errado. O Brexit é um sinal global de divisão dentro da UE. As sanções seriam o segundo.”

Paul De Grauwe, London School: “Não me lembro de um grau de estupidez económica semelhante. A Comissão aplica uma e outra vez regras que deixaram marcas em milhões de pessoas.”

Wolfgang Münchau, Eurointelligence: “A única razão pela qual continuamos com esta charada é porque a Comissão perdeu a credibilidade e não sabe como recuperá-la. E encontrou dois pobres diabos, Portugal e Espanha.”

Se, visivelmente, as sanções não têm uma razão económica e são potencialmente desastrosas numa altura em que o Reino Unido negoceia a sua saída da Europa e que o Deutsche Bank está à beira de implodir o sistema bancário europeu, por que razão a Alemanha e os seus cães de fila têm tanto empenho em lançar mais gasolina para a fogueira e tentar afundar ainda mais as economias de Espanha e de Portugal?

A austeridade da troika e as sanções nunca foram mecanismos económicos, são instrumentos de poder. A austeridade é a forma como a luta de classes se faz nos países desenvolvidos. Ela serve para três coisas: liquidar o Estado social, reduzir ainda mais a participação no rendimento nacional do fator trabalho e, sobretudo, serve para garantir que, independentemente das eleições e da vontade das populações, as políticas que são executadas são sempre neoliberais e consoantes com a vulgata ideológica do ministro das Finanças alemão e do seu amestrado Partido Popular Europeu. De outra maneira, não se entenderia que numa altura em que, pela primeira vez, Portugal consegue cumprir os critérios dos tratados da União Europeia, leve um castigo que o impeça por muitos anos de o fazer. Aquilo que está na base das sanções é pura e simplesmente a chantagem: é visível que Portugal e Espanha necessitam de outra política para sair da crise e acabar com a espiral recessiva e de empobrecimento das suas populações. O que o sr. Wolfgang Schäuble teme mais do que a crise e a implosão da União Europeia é que fique claro que a política que andou a pregar era totalmente irracional, do ponto de vista económico e apenas serve para nos manter como servos do governo alemão e do capital financeiro. Por isso, as sanções serão duras: elas pretendem afundar os países que tentarem fugir da chibata de Berlim.

Na sua cegueira de ter o poder absoluto de impor a sua ideologia caduca, os autores destas políticas não entendem que estão a contribuir para uma tempestade perfeita. Nada ficará igual depois dos tempos que se avizinham . Teremos provavelmente saudades do passado ou construiremos um novo futuro, mas uma coisa é certa: o rastilho está a arder e esta gente está a armar uma enorme explosão.

Como escrevia o teórico comunista italiano Antonio Gramsci, morto nas prisões fascistas:

“O velho mundo morreu
 O mundo novo tarda
 E nesta obscuridade
 surgem os monstros.”

A única coisa que nos alivia é que não tarda que o sr. Wolfgang Schäuble caia da cadeira. Será menos um.

25/07/2016

Nuno Ramos de Almeida

Jornalista

segunda-feira, 25 de julho de 2016

Coisas que leio...


A idade de ser feliz

 Existe somente uma idade para a gente ser feliz
 somente uma época na vida de cada pessoa
 em que é possível sonhar e fazer planos
 e ter energia bastante para os realizar
 a despeito de todas as dificuldades e obstáculos

 Uma só idade para a gente se encantar com a vida
 e viver apaixonadamente
 e desfrutar tudo com toda a intensidade
 sem medo nem culpa de sentir prazer

 Fase dourada em que a gente pode criar e recriar a vida
 à nossa própria imagem e semelhança
 e sorrir e cantar e brincar e dançar
 e vestir-se com todas as cores
 e entregar-se a todos os amores
 experimentando a vida em todos os seus sabores
 sem preconceito ou pudor

 Tempo de entusiasmo e de coragem
 em que todo o desafio é mais um convite à luta
 que a gente enfrenta com toda a disposição de tentar algo novo,
 de novo, e de novo, e quantas vezes for preciso

 Essa idade, tão fugaz na vida da gente,
 chama-se presente,
 e tem apenas a duração do instante que passa
 doce pássaro do aqui e agora
 que quando se dá por ele já partiu para nunca mais.

Geraldo Eustáquio de Souza

quinta-feira, 21 de julho de 2016

Testemunhos ancestrais...

 O que resta de uma Leprosaria do início do Séc. XX 
Herdade dos Pombais - Beirã

Apenas 1 km de distância mais à frente, ainda de pé, uma anta
ou monumento funerário do Neolítico com 10.000 anos

É uma sorte e um privilégio ter alguns assim...


terça-feira, 19 de julho de 2016

Voltaremos a encontrar-nos, padre Luís...

Celebrou as minhas bodas de prata no ano de 2001, casou os meus filhos em 
2007 e 2009, batizou as minhas netas em 2012 e 2014 concedendo-me a grata
 distinção de se sentar ao meu lado na mesa de honra dos banquetes celebrativos

Passaram mais de dois meses desde a sua partida e ainda não assimilei completamente a perda de tão excelentíssimo amigo, confidente, conselheiro, confessor e guia espiritual. O Reverendo Padre Luís. Foram quinze anos de estreita colaboração quer pessoal quer institucional, baseada sempre na mais profunda e inquestionável confiança, coroada por uma enorme e mútua amizade fraterna.

Fez um ano na noite da festa em honra da Senhora do Carmo (há 3 dias) que notei nele os primeiros sinais preocupantes. Durante a celebração da missa solene do meio dia, vi como ficava ofegante e com manifestas dificuldades respiratórias quando de pé consagrava o Pão e o Vinho na mesa do altar, ou mesmo antes, quando sentado ouvia as leituras.

- Talvez seja do calor intenso do meio-dia de 16 de Julho numa nave repleta de gente e com todas as luzes dos altares festivamente acesas em honra da Padroeira mas que contudo geravam ainda mais calor - pensei de mim para comigo, tentando esbater a preocupação pelo que os meus olhos viam no comportamento do reverendo sacerdote.

A confirmar ainda mais os meus receios, nesse mesmo dia mas à noitinha o senhor Padre Luís trouxe consigo o senhor Cónego Tarcísio para o substituir na presidência da anual procissão solene porque ele não se sentia capaz de o fazer. Ficámos assim os dois a conversar sentados no banco em frente da porta da igreja enquanto a Senhora do Carmo percorria o habitual percurso pelas ruas da aldeia ao som do repicar dos sinos mas presidida pelo Cónego Tarcísio Alves.

Notei como continuava naquele cansaço latente, como se tivesse acabado de fazer a meia maratona. Mas mais estranho que isso foi mesmo ele ter admitido que não era capaz e pedido ajuda ao colega Tarcísio Alves alguns anos mais velho que ele. O Padre Luís era um homem corajoso, rijo e persistente. Foi a primeira vez que o vi ceder, dar o seu lugar a outro. E isso sim, denotava algo de muito preocupante e grave.

Dali em diante foi já sempre a piorarem os sintomas, chegando mesmo, numa celebração da missa, poucas semanas depois, a ter ficado pálido e trémulo, a ter que sentar-se, a vomitar em pleno altar sem conseguir retirar-se a tempo para a sacristia e evitar tamanha exposição das suas debilidades físicas perante a aflição de toda a assembleia presente na igreja. Algum tempo depois confidenciou-me que os exames que entretanto havia feito tinham detectado um tumor maligno no cólon e nódulos num pulmão e no fígado.

Conformado, corajoso, repleto de  convicta e inquestionável fé, anunciou-me que ia lutar contra a doença e tentar vencê-la. E isso fez, crente de que ia ser capaz. Continuou assim a vir domingo após domingo celebrar as missas nas suas paróquias, apesar dos catéteres e das duras sessões de quimioterapia quinzenais até ao penúltimo domingo, 20 de Dezembro de 2015, a última vez que o vi, estive e falei com ele pessoalmente. 

No último domingo do ano, dia 27 de Dezembro, com tudo preparado para a normal celebração da missa e com a igreja repleta de gente por estar agendado o 7º dia do falecimento de um conterrâneo, recebi uma chamada do já então muito debilitado Padre Luís a informar-me que não tinha forças para vir celebrar a missa, solicitando-me que fizesse eu mesmo uma Celebração da Palavra e que em seu nome pedisse desculpa aos fiéis da paróquia bem como aos familiares do defunto e remarcasse a intenção de missa para o domingo seguinte porque ele iria providenciar a vinda de outro sacerdote para esse dia.

Nunca mais o vi nem falei com ele porque não voltou mais ao nosso convívio. A degradação física foi-se acentuando cada dia mais e o Padre Luís recolheu ao seio da sua família no Cerejal - Vila Velha de Ródão onde intercalava os dias com as idas ao IPO do Porto para repetir a quimioterapia até que a equipa médica entendeu não haver muito mais a fazer por ele. 

Tentei ligar-lhe para o confortar e transmitir o meu apreço respeitoso, mas os sacerdotes que entretanto vinham à vez celebrar as missas dominicais foram sempre informando que a família do senhor padre Luís pedia para que ninguém ligasse ou o fosse visitar em virtude de ele se emocionar muito e isso agravar mais o seu já muito débil estado de saúde.

No dia 9 de Maio deparei-me de súbito com esta notícia nas redes sociais: 

"Serena e pacificamente, na companhia de alguns familiares e colegas, no Hospital de Castelo Branco, Deus chamou esta tarde para junto de Si o P. Luís Marques Ribeiro"...

Se bem aprendi o muito que me ensinou estes anos todos e apesar de ainda doer a sua inesperada e precoce ausência da minha vida, hoje já consigo escrever:
- Até um dia, Senhor Padre Luís e Reverendíssimo Amigo. Voltaremos a encontrar-nos...

domingo, 10 de julho de 2016

Uma palavrinha de muito particular gratidão...

Foto by José Coelho com a máquina fotografica do Pedro Coelho

A história em quadradinhos que ontem aqui vos trouxe teve dois outros importantes protagonistas sem os quais a resolução do meu problema de saúde não teria sido tão célere, tão em tempo record, ou tão eficaz.

São eles o meu filho Pedro e a minha nora Ana. Mal foram alertados do que se passava, imediatamente se puseram em campo e com os conhecimentos que possuem, desenrascados que são, conseguiram muito mais do que eu sozinho alguma vez seria capaz.

Logo na noite desse primeiro dia de alarme ao chegarem a casa cerca da meia noite, a Ana pegou no telefone, ligou para o atendimento 24 horas por dia e conseguiu uma consulta para dali a 3 (três) dias com um dos melhores especialistas em urologia deste país, num dos nossos também melhores hospitais particulares. O Lusíadas Lisboa.

Conseguiu ainda nessa mesma hora marcar os exames necessários naquela unidade hospitalar para o dia da consulta dali a 3 dias, ou seja: fui fazer a ecografia às 15 horas num dos pisos do hospital e às 17 horas quando fui consultado pelo doutor João Varregoso no outro piso, já o resultado e respectivo relatório estavam no sistema informático às ordens do especialista para ele os poder analisar.

Depois, dali para a frente, incansáveis e diligentes como só eles sabem ser nestas andanças, acompanharam-me sempre a todas as consultas e exames que se seguiram até ao internamento e cirurgia. Foi um vai e vem de Setúbal para Lisboa e vice versa. Após ter alta, fiquei em sua casa a convalescer nas duas semanas seguintes para ficar mais próximo do hospital em caso de complicações inesperadas.

Dizer mais o quê?

Obrigado, filho e nora. Do fundo do coração.

Tendo em conta que a mãe foi a uma consulta de otorrino na ULSNA em Janeiro de 2016 onde lhe foram pedidos dois exames que entretanto foram entregues na secretaria para "eles" marcarem algures, tendo o primeiro desses exames sido feito em Abril e o outro em Junho, ambos para entregar ao médico que os solicitou em consulta a marcar pela mesma secretaria e que muito provavelmente será agendada para daqui a mais alguns meses, se eu não tivesse "fugido" de Portalegre para Lisboa, nem daqui a um ano teria o meu problema resolvido.

Entretanto a situação iria complicar-se cada vez mais e só Deus sabe qual seria o resultado. Tendo em conta a suprema eficiência de todas as equipas no hospital Lusíadas onde tudo é célere e imediato, a simpatia com que somos atendidos desde os balcões do acolhimento até às equipas médicas ou de enfermagem e pessoal auxiliar, a ULSNA está, pura e simplesmente, a anos-luz de tudo aquilo. É verdade que o Lusíadas é um hospital particular, que se tem que pagar mais, mas a humanidade e simpatia com que nos rodeiam não há dinheiro que pague.

Cada vez tenho mais pena de viver neste país de contrastes onde o interior mais parece o deserto subsariano. E as poucas pessoas que resistem e vão teimando em por cá se manter, são tratadas, a quase todos os níveis, como se fossem coisas insignificantes e sem valor. Pelos governos e pelos próprios conterrâneo(a)s que trabalham nas chafaricas, alguns dos quais parece terem o rei na barriga ou que comem logo ao pequeno almoço um carneiro com cornos e tudo. E por isso arrotam aquela soberba toda em vez de falarem civilizada e educadamente com as pessoas que dele(a)s necessitam.

Também por me terem livrado de todas essas apoquentações e desconsiderações, mais um grande obrigado para os dois, meus queridos Pedro Coelho e Ana Batista.

Tenho dito