quinta-feira, 30 de setembro de 2021

Venha o frio

Entregue na terça, toda arrumadinha ao entardecer de quarta - sozinho
Foto José Coelho

terça-feira, 28 de setembro de 2021

Coisas (inspiradoras) que leio

Selfie José Coelho - Setembro 2021

Sigo a estrada da minha vida de cabeça erguida e olhos postos no futuro, confiante de que tudo o que aconteceu me permitiu crescer e que o que não nos mata torna-nos mais fortes.

Não faço nem nunca fiz mal a ninguém, pelo menos de forma consciente de que o estava a fazer. E quando me apercebo que erro, tento emendar os meus erros e fazer diferente.

Não atropelo nem passo por cima de ninguém, quando estou no rumo em direção aos meus sonhos. Ajudo todos aqueles que posso e que acho que merecem de algum modo a minha ajuda.

Não quero mal a ninguém, absolutamente ninguém. A todos, desejo o melhor possível. Que sejam felizes, iluminados e que encontrem o seu caminho.

Não invejo ninguém. A única luta que travo diariamente é comigo mesmo, sempre no sentido de me superar, de fazer melhor e de melhorar como pessoa.

A beleza física pode ser agradável aos olhos mas a beleza interior, aquela que só se vê de olhos fechados, é muito mais esplendorosa.

Seguirei o meu caminho tentando realizar os meus sonhos, tentando tornar alguém mais feliz. E sigo cantando porque esta é a estrada da minha vida.”

 Ana Silvestre

Antes que o frio venha, arranja lenha

Foto José Coelho - 28.09.2021

sábado, 25 de setembro de 2021

quinta-feira, 23 de setembro de 2021

Assino por baixo


"Quanto medo tens tu homem de uma mulher, para que a queiras assim tapada, o que te assusta mais?...
A sua inteligência, o seu charme, elegância...
Ou que o seu lado fêmea seja mais forte que o teu masculino?
Como não reconheces esses valores em ti, queres apagar o da mulher.
Mas fica com uma pequena dica, faças o que fizeres o mundo é das mulheres.
Lembra-te, ela é o único portal que traz o ser humano à Terra."
Henrique Silva

É isto mesmo!


Pandemia invisível

Em meu entender, a perda de valores e princípios não é da responsabilidade
dos tempos mas sim de quem não tem vergonha na puta da cara.

terça-feira, 21 de setembro de 2021

Medos que (também) não tenho

Selfie José Coelho

Tens medo de dizer publicamente aquilo em que acreditas?

- Eu não tenho.

Tens medo ou vergonha de lutar pelos teus sonhos?

- Eu não tenho.

Tens medo de demonstrar amor publicamente?

- Eu não tenho.

Tens medo de pôr gosto, um coração, ou comentar uma publicação no Facebook por causa daquilo que os outros vão pensar?

- Eu não tenho.

Tens medo de partilhar uma música e que os outros vão julgar o teu gosto musical ou vão pensar que estás a passar por aquela situação?

- Eu não tenho.

Tens medo de parecer ridículo aos olhos dos outros?

- Eu não tenho.

Tens medo de te expor, de saberem que bebes ou fumas e que gostas de te divertir?

- Eu não tenho.

Tens medo do que os outros vão pensar ou falar?

- Eu não tenho.

Tens medo que os outros ofusquem o teu brilho, ao ensinares tudo aquilo que sabes?

- Eu não tenho.

Sabes porquê?

- Porque a vida é minha e eu não pergunto a opinião a ninguém sobre como devo vivê-la e mais, eu sei que não duro eternamente e que já vivi mais de metade da minha vida.

Não tenho medo de ser quem sou.

- Sou assim.


Ana Silvestre

terça-feira, 14 de setembro de 2021

Convictamente













" No fim, devemos sempre fazer aquilo que acreditamos 
ser certo, mesmo que seja difícil"

segunda-feira, 13 de setembro de 2021

A chuva

Foto José Coelho

A chuva cai de mansinho
No vão da minha janela
Olhando devagarinho
Eu sonho através dela
Os campos matam a sede
Duma seca prolongada
Toda a natureza bebe
Dessa chuva abençoada
As árvores lavam as mágoas
Dos maus tratos do calor
Entregam-se a estas águas
Com leves suspiros de amor
Saltitam os barranquinhos
Sua marcha vai doendo
E gritam prós seus vizinhos
Vai correndo...vai correndo...
Ao longe canta a ribeira
Num turbulento deslizar
Leva pressa na carreira
Anseia abraçar o mar
Crescem as plantas da horta
Com redobrada alegria
É a chuva que as conforta
E alimenta dia a dia
Os pássaros pousam na choça
O seu canto é refinado
Vêm banhar-se na poça
Que ficou no chão molhado
Posso fechar a janela
Esta chuva trouxe a prova
De que é graças a ela
Que a vida se renova

Autor desconhecido

sábado, 11 de setembro de 2021

Quase outono

Casa da Meirinha - Foto José Coelho

Assim que as noites refrescam a terra
Ao pasto seco o verde sucede
Cercando a neblina o pico da serra
Anuncia o outono que o verão precede

Foram-se as cegonhas e as andorinhas
Nas hortas e bosques o viço se perdeu
Folhas amarelas planando sozinhas
Levadas p'lo vento que as desprendeu

Despertam os campos do sono do estio
E por toda a terra rebentam sementes
O cálido das noites dá lugar ao frio
Chocalhos de gados badalam dolentes

As quatro estações levam de vencida
Um ano após outro do nosso existir
E assim se passa toda a nossa vida
Vendo-as chegar e depois partir

Ledo foi o tempo a passar por nós
Sem nos avisar sem nada dizer
Ao darmos conta quanto foi veloz
É tarde demais nada há a fazer.

José Coelho
11.09.2021

sexta-feira, 10 de setembro de 2021

Igual ao junco

Foto Pedro Coelho

É verdade que tudo muda e se transforma. E que o mundo é composto de mudança. Faz parte dos ciclos que naturalmente se sucedem na vida das pessoas e das coisas. O que me faz alguma confusão é a forma como certas pessoas se comportam a pretexto seja do que for, porque eu nunca fui, não sou nem serei assim. Os meus bisavós, avós e pais, eram todos desta região. Uns do concelho de Castelo de Vide, outros do concelho de Marvão e alguns até – a minha sogra assim como parte da minha família materna – da vizinha Espanha.

A todos conheci sempre bem unidos, agarrados à família, respeitadores dos laços familiares até à quarta ou quinta geração – não é por acaso que por aqui somos quase todos parentes – fiéis aos seus princípios, usos e costumes. Praticavam entre eles e para com toda a gente as regras da mais limpa honradez, boa educação e bom trato, do respeito e do decoro, em tudo o que diziam e faziam. 

Para eles era muito mais valiosa a sua palavra depois de dada, do que qualquer certidão de notário. Foi dentro desse contexto de valores que fui moldado e me fiz homem. Os meus pais e avós nunca tiveram uma vida fácil mas viveram sempre honestamente do seu trabalho sem nunca ficarem a dever nada a ninguém. Tinham a vida que podiam ter, davam-nos a vida que podiam dar, sem nunca  se importarem se a dos outros era melhor do que a nossa. Foram, indubitavelmente e apesar da sua humilde condição social, as criaturas mais perfeitas que conheci na minha vida, a quem nunca vi um mau exemplo ou ouvi uma má palavra.

O respeito entre eles próprios, para com os filhos e netos ou para com todas as outras pessoas à sua volta, foi sempre irrepreensível. Por isso, naturalmente, a pessoa que sou, a eles devo, mais até do que à professora que me ensinou a ler e a escrever, dado serem essas as duas únicas coisas que nenhum deles sabia fazer. Os valores e princípios que devem nortear a vida de cada pessoa, não são matérias para se irem aprender à escola. Têm de se ir aprendendo em casa desde o berço.

Não será portanto por tais desajustados e pouco corretos comportamentos que irá modificar a minha maneira de ser, de estar ou de me comportar, apesar desse “vale tudo” que por aí se anda espalhando como praga ruim. Cada pessoa sabe o que diz e faz, assim como porque o diz e o faz. O tempo sempre foi e continuará a ser o melhor juiz de todo o bem e mal que fizermos na vida. Será ele e só ele quem irá colocar todas as coisas no seu devido lugar. Pode tardar, mas não falha. Não tenho a menor dúvida.

E desengane-se quem o contrário pensar. Por mais fortes que sejam os ventos, eu sou igual ao junco. Posso algumas vezes vergar. É normal e humano. Mas não quebro.

 José Coelho

quarta-feira, 8 de setembro de 2021

A Idade de Ser Feliz


Foto Pedro Coelho - 14.08.2021

Existe somente uma idade para a gente ser feliz
somente uma época na vida de cada pessoa
em que é possível sonhar e fazer planos
e ter energia bastante para os realizar
a despeito de todas as dificuldades e obstáculos

Uma só idade para a gente se encantar com a vida
e viver apaixonadamente
e desfrutar tudo com toda a intensidade
sem medo nem culpa de sentir prazer

Fase dourada em que a gente pode criar e recriar a vida
à nossa própria imagem e semelhança
e sorrir e cantar e brincar e dançar
e vestir-se com todas as cores
e entregar-se a todos os amores
experimentando a vida em todos os seus sabores
sem preconceitos ou pudores

Tempo de entusiasmo e de coragem
em que todo desafio é mais um convite à luta
que a gente enfrenta com toda a disposição de tentar algo novo,
de novo e de novo, e quantas vezes for preciso

Essa idade, tão fugaz na vida da gente,
chama-se presente,
e tem apenas a duração do instante que passa
o doce pássaro do aqui e agora
que quando se dá por ele, já partiu para nunca mais!

Geraldo Eustáquio de Souza

terça-feira, 7 de setembro de 2021

Está a chegar o tempo de sair e fechar a porta

Setembro 2021

Foi em finais da década de 50 que comecei a servir como acólito na igreja de Nossa Senhora do Carmo na Beirã. Era pároco recentemente ordenado o Reverendo Joaquim Caetano – já falecido – e foi ele quem me escolheu para substituir o António Sarzedas que, chegado a moço, não quis – exatamente como fazem as/os jovens de hoje – continuar a acolitar. Para além dos meus pais, aquele reverendo sacerdote ensinou-me e transmitiu-me muitos e bons princípios e por isso também a ele fiquei a dever uma boa parte do homem que me tornei. Guardarei com gratidão enquanto viver, uma amizade, uma saudade, um respeito e uma consideração ilimitados, pela sua memória.

 

Voltando um bocadinho atrás no tempo, contava a minha falecida Mãe que desde mui tenra idade eu desatava a correr rua abaixo mal ouvia tocar os sinos da igreja:

 

- Mas onde on’dé q’tu vais a correr Zéi?

 

- Vou à "misha", Mãe. Vou à "misha"…

 

Tinha de ser assim. Tudo indica que a reverência pelo divino teve início logo na inocência desses primeiros anos da minha vida.

 

Veio então, não muito tempo depois, o tal convite do padre Caetano que me tratou sempre como a um filho. Os meus pais não tinham posses para me comprarem roupas novas e era ele quem comprava e pagava do seu bolso os tecidos para mandar fazer roupas domingueiras às costureiras que então abundavam na aldeia para eu o acolitar devidamente trajado com calções e calças de terilene, camisas de popeline, casacas e blusões. Até os sapatos domingueiros ele me comprava na fábrica Ebro de Santo António das Areias porque eu andava de pé descalço durante a semana e para os domingos tinha apenas umas sapatilhas espanholas de fraco pano quase sempre rotas.

 

Escrevo sobre isso assim sem qualquer hesitação porque nunca escondi nem nunca senti vergonha da humildade das minhas raízes e origens. Pelo contrário, orgulho-me profundamente da enorme herança de valores e princípios que herdei, que tentei colocar em prática cada dia da minha vida e também transmiti aos meus filhos.

 

Passaram cinco anos desde que na Paróquia da Beirã deixou de haver missas aos domingos tendo sido substituídas pelas missas vespertinas ao final da tarde de cada sábado numa mudança que há muito era temida mas que sempre acreditámos demoraria mais tempo a acontecer. Tal só veio provar que o tempo de Deus não é, nunca foi, nem nunca será, igual ao tempo do Homem.

 

Diz um dos Evangelhos que “a vinha do Senhor é grande e os trabalhadores são poucos”. Foram essas as circunstâncias que precipitaram tudo e obrigaram a redesenhar o mapa das nossas celebrações eucarísticas semanais com a inesperada partida do saudoso Reverendo Padre Luís Ribeiro e querido amigo. Não podendo mudar o rumo dos acontecimentos continuei a fazer o que sempre fiz desde 1958. Colaborar com o pároco e a paróquia naquilo que podia e sabia, mas fiquei inevitavelmente triste, pois são já quase incontáveis as perdas de tudo o que fez parte da minha vida. Foram-se os entes mais queridos, quase todos os vizinhos e muitos bons amigos-quase-família.

 

Nada ficou como era e eu próprio também já não sou. De 1958 a 2021 são passados 63 anos de uma total dedicação e empenho a preocupar-me e a cuidar daquilo que nunca foi meu, mas de todos, a dar o melhor de mim a esta comunidade e seus representantes, sem nunca esperar nada em troca. Está a chegar o tempo de sair e fechar a porta e como muito bem me diz a minha nora mais nova grande amiga, de “deixar se preocupar com “aquilo” como se fosse seu e de se ralar com o que nunca vai mudar e só o desgasta.”

 

Tudo tem o seu tempo e o meu está mais que cumprido. Não sendo o único resistente, sou dos poucos que ainda lá continuam, mas porque ninguém é insubstituível só faz lá falta quem estiver. Também isso a Vida me ensinou.

 

José Coelho

07.09.2021