quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

A paz mora aqui






Ontem foi dia de esquecer o mundo e as suas guerras para mergulhar na paz da natureza que nos rodeia, sem pressas, sem horas, sem rumo definido. Colhi poejos, muitos poejos sadios e odorosos a ouvir a água cantante nos regatos de límpidas águas, apanhámos espargos, muitos espargos que ondulavam entre as pedras ao ritmo da brisa da tarde.

Fotos José Coelho e Maria Coelho
- 27 de fevereiro de 2024

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

Coisas qu'escrevi

Estremoz, Dezembro de 1971, já mobilizado para Angola


Maioridade precoce


Passei a adolescência sem quase dar por isso. Dos 10 aos 16 anos não tive grandes aventuras. Fui um rapazola como todos os outros, trabalhava, namoriscava e lia calhamaços de centenas de páginas que me eram emprestados pela biblioteca itinerante Calouste Gulbenkian. Os Miseráveis de Vitor Hugo, Guerra e Paz de Leão Tolstoi, O Monte dos Vendavais de Emily Bronte, a Ilha Misteriosa ou as Vinte Mil Léguas Submarinas de Júlio Verne… E muitos, muitos outros que trazia sempre comigo no bornal da merenda atrás das ovelhas ou das vacas e passava tardes inteiras a ler enquanto os animais pastavam, ou então ao serão à luz do candeeiro a petróleo já depois de andar a trabalhar com o meu pai. Entretanto ia sonhando – sempre fui um sonhador – com um futuro mais risonho e promissor do que aquele que havia tido até então, completamente consciente que a tropa era o obstáculo que tinha que forçosamente transpor primeiro, ou nada feito!

A guerra colonial era uma ameaça muito séria à vida de todos os mancebos apurados “nas sortes” desse tempo pois só escapavam da mobilização um número ínfimo dos soldados que eram incorporados em qualquer dos ramos das forças armadas todos os anos, desde 1961. No cemitério da nossa aldeia, como no de tantas outras por esse país fora, repousam alguns desses heróis e entre eles alguns amigos meus de infância, que lá perderam a vida. Mas não havia outra hipótese de se conseguir um emprego estável porque a regra de ouro para qualquer concurso de admissão era ter, obrigatoriamente, o serviço militar resolvido.

Provinciano, aventureiro e ingénuo, não me meteu medo enfrentar o que quer que fosse. Mal completei 17 anos pedi logo aos meus pais que me deixassem alistar como voluntário nas forças armadas. Se aquele era um caminho a ser percorrido, então que o fosse quanto antes! O meu pai não se opôs. Mas a minha mãe ficou logo lavada em lágrimas argumentando que eu tinha muito tempo de ir padecer quando chegasse a minha vez. Porém a minha determinação – teimosia porque sempre fui muito teimoso – conseguiu ser mais forte e lá convenci o meu pai a ir comigo à Câmara de Marvão para dar oficialmente o seu consentimento como era de lei e obrigatório em virtude de eu ser de menor idade, uma vez que a maioridade de qualquer cidadão ou cidadã só se atingia nessa época, ao completarem-se os 21 anos. 

Estávamos em meados de 1969,  tinha 17 anos feitos em Março.

A necessidade de “carne para canhão” nas forças armadas era muita porque o conflito estava no seu auge, em todas as frentes se combatia feio e forte e todas as armas eram poucas. Entretanto, para agravar ainda mais a falta de novos contingentes para rendição dos combatentes nas frentes em guerra, muitos jovens da minha idade fugiam a salto para França e para outros países, desertando das suas obrigações para com o serviço militar obrigatório e assim evitarem ir parar àquele inferno.

Por isso ou porque eu tinha que cumprir o meu destino, em três tempos fui convocado a comparecer na inspeção militar. A 18 de dezembro desse mesmo ano de 1969 compareci no hoje já extinto Regimento de Infantaria Nº 16 em Évora onde fiquei apurado sem qualquer problema e onde me foi entregue de seguida a guia de marcha para me apresentar no Batalhão de Caçadores Nº 8 em Elvas dali a três meses para frequentar a recruta.

Não havia mesmo tempo a perder, como se pode deduzir.

Feita a recruta e após ter sido selecionado para a especialidade de Transmissões, rumei a Lisboa ao também hoje já extinto Batalhão de Caçadores Nº 5 que se situava em Campolide por detrás do edifício da Penitenciária onde me especializei no manuseamento daquelas velhas e absoletas máquinas E/R Racal TR28B2, AN/GRC9, ANPRC10 e outras que emitiam tantos silvos e ruídos de estática que era um problema sério conseguir perceber e receber mensagens fonéticas tendo por isso que se optar quase sempre pelas mensagens cripto. Ainda assim  e em consequência da prestação individual que consegui levar a efeito durante o curso de especialização nas transmissões fui proposto para a promoção a 1º cabo quando terminei.

Enquanto isso, a segunda metade do ano de 1970 e parte de 1971, passaram. Voltei ao BC8 de Elvas já como especialista a prestar serviço na central rádio. Por pouco tempo, porquanto com um ano “de tarimba” fui, como era de esperar, mobilizado para Angola, incorporado no Batalhão de Cavalaria 3871 que se formou no RC3-Estremoz em Dezembro desse ano e onde fizemos a IAO (acho que queria dizer Instrução para a Actividade Operacional) na Serra d’Ossa debaixo de chuva, lama, gelo e um frio de rachar, finda a qual fomos recambiados para o Campo Militar de Santa Margarida a aguardar o embarque para Luanda. Foi ali que se deu a minha promoção a cabo, proposta meses antes pelo comandante do BC5 e publicada em ordem de serviço daquela Unidade.

Saímos quase três meses depois do Aeroporto da Portela num Boeing 747 – um luxo nessa época – numa  chuvosa e também bastante  fria noite de 7 de Março, agasalhados naqueles blusões de lã que mais pareciam de estopa e recordo a figura que fizemos à saída do avião em Luanda, oito horas depois, no meio de um calor infernal de 40 graus célsius. Que ridículos parecíamos metidos naqueles abafados blusões que tão bem nos tinham sabido horas antes em Lisboa.

A seguir fomos carregados em camiões Berliet que nos foram despejar ao Campo Militar do Grafanil nos subúrbios de Luanda onde permanecemos 4 dias. Assim se deu a casualidade de cumprir o primeiro dos três aniversários que passei em África. Chegados na manhã do dia 8 de Março, o meu aniversário foi a 10.  Lá completei já os 19 com apenas dois dias de comissão em 1972, depois os 20 em 1973, e depois ainda os 21 em 1974 porque só viríamos de regresso a casa em Junho, uma vez que a Revolução de Abril aconteceu, como um dia destes vos irei contar mais pormenorizadamente, quando já estávamos na Fazenda Tentativa, no Caxito, muito perto de Luanda, a aguardar rendição desde Março desse revolucionário ano.

No primeiro embate com o desconhecido a oito mil quilómetros de casa, porque, querendo ou não eu ainda era meio gaiato além de nunca ter saído do meio das pedras, valeu-me bastante o facto de ter tios e primos em Luanda - a irmã mais nova do meu pai, a tia Francisca Coelho, que lá vivia com o marido e os filhos havia já décadas – tendo-me sido permitido pelos meus superiores ir passar esse dia e essa noite em casa deles.

E foi de facto um aniversário memorável. Primeiro porque nunca tinha festejado nenhum uma vez que os meus pais não tinham dinheiro nem tempo para festas dessas. Segundo, porque o Augusto, o mais novo dos primos, com a sua esposa, a Fernanda Varela, depois de jantarmos todos em casa dos tios, levaram-me à Casa de Fados "O Campino" no meio da cidade de Luanda, para assistir à primeiríssima noite de fados da minha vida, e, por isso mesmo, foi para mim uma coisa espetacular. Nessa noite provei ainda também, pela primeira vez, o sabor do uísque, a famosa bebida que só conhecia de dos filmes ou de a ler em romances.

Foi esse dia especial de aniversário sol de pouca dura porque o dia imediato trouxe com ele o inicio de um tempo que viria a ser o mais complicado da minha vida. Numa “ariete” marítima, (espécie de plataforma achatada que navega) também chamada LDG, misturados com as nossas malas entre caixotes de víveres para o comércio de Cabinda, rumámos à foz do Rio Zaire numa viagem de dois dias e uma noite, a caminho do denso Maiombe onde nos aguardava a UPA – União dos Povos de Angola, o MPLA – Movimento Para a Libertação de Angola, e a FLEC – Frente de Libertação do Enclave de Cabinda, para nos fazerem a vida negra nos 730 dias que se seguiram.

Mas essa parte vai ficar para outra vez.

Até lá então…


José Coelho 
in Histórias do Cota

domingo, 25 de fevereiro de 2024

Canções do Vento...

Imagem do Google

Venho dos lados da aurora
Onde vi nascer as fontes
Entre o naufrágio de sonhos
Perfumados de horizontes.

Trago imagens de papoilas
E a fogueira das queimadas.
Os meus olhos já não podem
Olhar as terras lavradas...

Que caminhos de aflição
Onde as nuvens se juntaram,
Erguendo escuras bandeiras
Que à noitinha desfraldaram!

Venho do Sul, do meu povo,
E trago os ventos roubados
À natureza onde vivem
Os camponeses cansados.

Mas também trago a saudade
Das formosas madrugadas:
As cantigas do meu povo
Que em surdina são cantadas.

Antunes da Silva

BEIRÃ - Topo Norte da aldeia

Foto José Coelho

E assim continuamos por aqui

Vídeo José Coelho - 25. 02. 2024

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

Vamos celebrar o quê?


A semana passada foi o temporal que nos brindou com um dia inteiro de cortes sucessivos de energia elétrica como se vivêssemos ainda em 1974 quando qualquer ventinho mais agreste nos deixava dois e três dias sem telefone e sem luz até que as brigadas da então Portugal Telecom e da EDP, depois de calcorrearem estradas, montes e vales a pé, lá descobriam onde se quebrara um poste e rompera alguma linha de cabos elétricos ou de telecomunicações.
Ontem quinta-feira dia vinte e dois de fevereiro de dois mil e vinte e quatro às sete da tarde, quando me preparava para o duchezinho diário antes de vestir o pijama, já despido e debaixo do chuveiro, abri a torneira e… upsss… apenas um ténue fio de água sem nenhuma pressão para accionar a membrana do esquentador.
Desalentado, desabafei aos berros:
- Vivemos MESMO no fim do mundo, Maria Manuela! Vamos mas é por a casa à venda e pirar-nos daqui para fora enquanto é tempo…
Quando às oito da manhã de hoje nos levantámos, continuávamos sem acesso ao banho. Liguei a quem de direito para dar conhecimento da situação, e, honra lhe seja feita, tudo foi feito no sentido de a resolver, o que evidentemente agradeci. Mas foi-me explicado que aquilo que antigamente era resolvido pelos piquetes da CMMarvão nestas ocorrências em poucas horas deixou de o ser, a partir do momento em que foi criada a empresa Águas do Alto Alentejo – mais uma inovação de duvidosa eficiência.
Às dezasseis horas e quarenta minutos de hoje, quase vinte e quatro horas depois, quando eu já me encontrava a teclar este “desabafo” no computador, a pessoa a quem pedi ajuda ligou-me a perguntar se a situação já tinha sido resolvida. Fui ver e sim, a torneira já tinha água com a pressão que lhe é devida. Agradeci de novo como era meu dever e obrigação porque infelizmente sei que se não fosse a sua intervenção e empenho provavelmente ficaríamos todo o fim de semana sem água para as nossas necessidades domésticas.
Aproxima-se a passos largos a celebração dos cinquenta anos de abril...

MAS VAMOS CELEBRAR O QUÊ???
- O desmantelamento de tudo e mais alguma coisa para ser substituído por “coisas” idênticas prévia e convenientemente “chefiadas” agora por malta amiga, da mesma cor partidária, para as tornar mais dispendiosas, mercê dos chorudos vencimentos desses nóveis CEOS?
- O amiguismo e compadrio para arranjar estes tachos, panelas, trens de cozinha inteiros?
- A desertificação galopante do interior português à cabeça do qual se perfila em primeiríssimo lugar o Distrito de Portalegre e o Concelho de Marvão?
Cinquenta anos depois, após o desmantelamento da Portugal Telecom, da EDP, dos CTT e de muitas outras empresas públicas pelos sucessivos e brilhantes (des)governos que tomaram conta “disto tudo” estamos cada vez pior, principalmente os resistentes que teimamos ainda em habitar permanentemente neste Portugal Abandonado pelo Poder Político, pelos mesmíssimos (des)governos que só cá aparecem a pedir votos e fazer promessas que nunca cumprem.
Não há semana ou mês que não surja um novo escândalo político a fazer as delícias da Comunicação Social e particularmente das oposições parlamentares que parecem não terem espelhos em casa.
É um autêntico circo.
E de tão habitual, já nem estranhamos…
Tudo isso e muito mais que sei mas não digo, iremos pomposamente celebrar brevemente.
Alvíssaras, meu Portugal do Século XXI…

Texto e imagem

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

Difícil de entender e aceitar



Sentado no meio do sossego que me rodeia nesta tarde de chuva que já tardava pois apesar de ainda ser inverno há cerca de um mês que do céu não caía um pingo e não fora o frio que ainda faz mais pareceria um fim de verão em vez de um fim de inverno.

Talvez quem sabe esta chuva dê uma ajuda aos poucos agricultores que pelas redondezas vão teimando e ainda semeiam alguma searita para alimento dos gados e sua principal se não única fonte de rendimentos pela via dos subsídios que há décadas recebem como incentivo, substituindo a antiga produção de grãos de celeiro que ornava de ondeantes searas os campos de todo o Alentejo.

Quem dera ter motivos para mudar o meu discurso já quase sempre pouco animador e repetitivo. Na verdade nunca fui muito de pessimismos, antes pelo contrário. Sei e sabe quem me conhece bem que fui um lutador. Prova disso são os objetivos que sem ajuda de ninguém consegui alcançar a pulso e à força de muito querer, de muita determinação, de muita luta e só Deus sabe à custa de quantas noites sem dormir. E não é por estar a ficar velho. É porque tudo o que agora me rodeia e desanima é irreversível. 

Mas não consigo conformar-me.

Sempre ambicionei vir passar o resto da minha vida exatamente onde me encontro só que nunca nem pela mais ligeira hipótese podia imaginar que as coisas iam descambar desta forma e iria ficar por cá quase sozinho. Se é natural que a vida siga o seu ciclo geracional porque sempre assim foi, já não é de todo natural que esse ciclo por aqui se vá extinguindo simplesmente porque não há vida nova que venha substituir aquela que vai partindo.

Se em pouco mais de duas décadas tudo ficou assim, como será daqui a outro tanto tempo? Há dias fui com a minha companheira dar um passeio à Herdade do Pereiro e à Fadagosa dois bonitos locais da nossa infância e juventude. Aquilo que vimos, sem qualquer surpresa, é de tal modo deprimente e desolador que um de nós desabou em lágrimas. Não fui eu que chorei mas imaginei imediatamente que daqui a não muitos mais anos da Beirã só irão restar  também ruínas. 

É só uma questão de tempo. Oxalá me engane.

A única hipótese de nos sentirmos vivos e ver alguma vida ou movimento é sairmos daqui com alguma regularidade. Por isso lá vamos até à cidade ou vila que elegemos na hora, de vez em quando. Mas até as vilas, até a cidade, já não são as mesmas. Pouca gente nas ruas e praças. A onda de abandono alastra um pouco por toda a parte. Na cidade e nas vilas mais próximas, como na minha aldeia, há casas fechadas um pouco por todas as ruas. 

Quem e como irá conseguir reverter esta situação? Ninguém!

Não consigo perceber por mais que tente. Porque é que há 50 anos sob a tão temida e amaldiçoada ditadura havia gente por toda a parte, trabalho para todas as profissões e negócios, e ainda, apesar dos baixíssimos salários, muito mais oportunidades do que existem agora na tão desejada democracia que tudo trouxe em velocidade de cruzeiro mas ainda mais velozmente tudo vai tirando, deixando milhares de pessoas desesperadas e aflitas, uma geração inteira sem grandes perspectivas de futuro e que por isso mesmo começou a emigrar em massa mais uma vez, repetindo-se o êxodo da década de 60/70 do século passado.

E o desfile imparável, infindável, de falcatruas públicas cometidas por gente que deveria ser exemplo de integridade? E a impunidade de tantas e tantas dessas falcatruas já denunciadas e provadas mas cuja culpa morre quase sempre solteira? E o compadrio, a corrupção vergonhosa, os arranjinhos em prejuízo da competência e do direito à igualdade de oportunidades? Será esta a vida, a sociedade, o futuro, que os nossos filhos e netos merecem e desejam?

Quantos pais e avós vivem inquietos com as mesmíssimas interrogações que eu vivo? Todos nós fomos educados num tempo em que havia respeito pelas regras da vida em sociedade. Para onde foram esses valores? Aposto que a maior percentagem de pessoas com a minha idade não é feliz com o estado a que as coisas chegaram. Já ninguém se sente seguro. Os empregos de repente viram desemprego. As reformas descontadas uma vida inteira encolhem ao invés de aumentarem para poderem acompanhar as subidas sempre em flecha do custo de vida. Até as poupanças de uma vida de trabalho e sacrifícios podem subitamente desaparecer de um qualquer banco que também subitamente abre falência mercê da ganância e irresponsabilidade de quem o gere.

Algum de vocês entende tanta impunidade, tanta aldrabice, tanta irresponsabilidade, tanta falta de competência para devolver segurança, tranquilidade e paz de espírito a quem ama o seu país e nele sempre viveu, a ele deu sempre o seu melhor e por fim, depois de uma vida inteira de luta, de trabalho e sacrifícios, nele queria, merecia e deveria envelhecer, rodeado de paz, de respeito e de humana dignidade? 

Eu não. 

Não o consigo entender, quanto mais aceitar. 

José Coelho
Texto e foto

Parabéns a vocês

Hoje é dia de festa/ cantam as nossas almas/ 
para a Ana e Francisca/ uma salva de palmas!
Selfie Pedro Coelho

domingo, 18 de fevereiro de 2024

Para onde?


Para onde vão os nossos silêncios quando deixamos de dizer o que sentimos? Para onde vai a nossa dor quando tentamos ignorá-la? Para onde vão as nossas tristezas quando as escondemos até de nós mesmos?
Ester Correia

- 16, 02. 2024

terça-feira, 13 de fevereiro de 2024

Tempo de reflexão


Terminadas as festas carnavalescas, aproxima-se um Tempo para reflexão que se inicia amanhã Quarta-feira de Cinzas, o primeiro dos 40 dias da Quaresma.

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024

Consciência tranquila

Orgulho-me de cada capítulo da minha história porque sei que cada erro que cometi foi sempre na tentativa de acertar.

 Foto Maria Coelho

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2024

Se quiseres parir, aguarda que amanheça

Foto José Coelho

 

Não sou adepto de intrigas, de bota-abaixo, de dizer mal seja do que for só porque sim, mas isso não impede que me indigne sempre que verifico que algo não está bem, que é incompreensível, injusto ou inadmissível.

Fomos hoje, eu e a minha marida confrontados com mais um absurdo tendo como protagonista o Hospital de Portalegre. A Manuela tem um problema que a impede quase de caminhar e na última consulta com a melhor médica de família do mundo, esta enviou para a ULSNA o pedido de uma consulta de urgência em cirurgia.

De facto, uma semana depois foi convocada para ali se apresentar hoje dia 7.02.2024 pelas 11:30. E lá fomos nós, felizes e contentes, cheios de expectativa pela celeridade inabitual de tal convocatória. De mim para mim, fui pensando: Isto está a mudar para melhor…

Pois…

Chamada ao gabinete da digníssima médica-cirurgiã e observado o problema, tem de ser submetida a uma pequena cirurgia a cada um dos pés, um de cada vez em… 13 de dezembro de 2024. Terá de fazer assim e assado, pode vir desta e daquela maneira, não necessita de fazer isto nem aquilo.

Percebi perfeitamente o desconforto da ilustre senhora doutora e da senhora enfermeira assistente que não o esconderam nem disfarçaram por palavras nem por gestos, pois nos fizeram saber que não é dada – por quem manda – autorização para maior celeridade desta e de outras cirurgias.

E quem manda, manda!

Só gostava de saber se as maridas e maridos de quem manda também vão para as filas de espera de uma cirurgia que lhes conceda alguma qualidade de vida dez ou onze meses. É que as pensões de reforma emitidas pelo CNP para a maioria das/dos pensionistas não são nada equiparáveis aos chorudos ordenados desses “mandões”…

Quando no início de novembro passado necessitei de ser atendido no SU desta unidade hospitalar fui tão bem atendido que assim que cheguei a casa apressei-me a descrevê-lo, em defesa da mesma e para desmistificar um pouco a tão má fama que tem quase a nível nacional.

Não imaginava, nesse dia, nem pouco mais ou menos, que o diagnóstico apurado pelo ortopedista de serviço naquele SU, bem como o tratamento que prescreveu estavam completamente errados. O ilustre Dr escreveu no relatório que ainda tenho comigo “fratura não recente da L1” – tinha sido consequência de uma queda dois dias antes – não prescreveu cinta de imobilização da coluna, receitou um analgésico para as dores e adeus vá à sua vida!

Incapaz de me mexer sem gritar de dor nos dias e noites seguintes, vi-me obrigado a recorrer ao privado mais uma vez e ali sim, sem sombra de qualquer dúvida mediante o resultado de dois RX e uma Ressonância Magnética, apurou-se que não era nem nunca foi fratura da L1 mas sim fratura com edema inflamatório na D12 sendo imediatamente colocada uma cinta de imobilização, prescrita medicação adequada e prescritos novos exames para possível intervenção cirúrgica.

Como é possível estas coisas acontecerem?

Que responsabilidade se exige a quem gere estes serviços e emite tais diagnósticos?

Sei, mas não digo!

É, infelizmente para quem como eu paga escrupulosamente todos os seus impostos, o espelho de um país em completa decadência e sem ponta por onde se lhe pegue.

De quem é esta culpa sistémica que já dura há décadas, vem subtilmente descendo de nível e está como todos podemos ver?

No próximo dia 10 de março soma e segue!

Porém, ganhe quem ganhar há uma coisa que eu já sei:

 - Só irão mudar as moscas…

José Coelho 

Desde 1971


 É de vida compartilhada que as nossas vidas se alimentam
José Tolentino de Mendonça

terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024