Um jovem
observava um ancião sentado num dos bancos do jardim. Acercou-se dele e perguntou-lhe:
- O senhor
recorda-se de mim?
O ancião
disse que não.
Então o
jovem disse-lhe que foi um dos seus alunos.
O ancião
pergunta-lhe:
- Ah, foi? E qual é hoje a sua profissão?
O jovem
respondeu:
- Sou
professor...
- Como
eu! Murmurou o ancião, com um ar feliz.
- Bem,
sim. Formei-me para professor porque o senhor me inspirou a tomar essa
decisão.
O ancião,
curioso, pede ao jovem que lhe explique porquê.
E o
jovem conta-lhe uma história:
- Um
dia, um amigo meu também estudante, chegou à escola com um relógio novo e lindo.
E eu roubei-lho. Pouco depois o meu amigo apercebeu-se do roubo e informou
imediatamente o professor, que era o senhor. Então o senhor fechou a porta e
mandou toda a gente levantar-se porque ia revistar os nossos bolsos um por um.
Mas primeiro disse para todos nós fecharmos os olhos. Assim fizemos e o senhor
procurou bolso a bolso, e, quando chegou junto de mim encontrou o relógio no
meu bolso e tirou-o. Ainda assim o senhor continuou a revistar os bolsos de
todos e ao terminar disse:
- Abram
os olhos. Encontrei o relógio!
O
senhor nunca me disse nada nem nunca mencionou o meu nome naquele episódio.
Nunca disse quem foi que roubou o relógio. Naquele dia, o senhor salvou a minha
dignidade para sempre. Foi o dia mais vergonhoso da minha vida. Nunca me disse
nada e, embora nunca me tenha repreendido ou chamado para me dar uma lição de
moral, percebi claramente a mensagem. E graças ao senhor compreendi que é isso
que um verdadeiro educador deve fazer.
-
Lembra-se desse episódio, professor?
E o
professor respondeu:
-
Lembro-me da situação, do relógio roubado, de ter revistado os bolsos de toda a
gente na sala, mas não me lembrei de ti porque enquanto eu vos revistava os
bolsos também estava com os olhos fechados.
Essa é
a essência de toda a decência.
Se para
corrigir precisas de humilhar, então não sabes ensinar.
Autor desconhecido