Algumas vezes o vizinho
Joaquim Nicau e excelente amigo de quase toda a minha vida me havia
já falado nesta foto do seu casamento com a vizinha D. Teresa, sua esposa, onde
eu estava também, por à data ser o sacristão do Revº Padre Joaquim Caetano na
igreja da Beirã. Distando mais de meio século, era difícil lembrar-me do
evento, até porque, nesse tempo, havia casamentos e batizados todos os meses
na nossa igreja.
Além disso por essa altura eu já
levava 4 anos naquelas funções e tinha “sacristado” provavelmente todos
os casamentos e batizados ali realizados desde 1958.
Não conseguindo contudo resistir à curiosidade, um dia num dos ensaios para a missa, pedi à Senhora D. Teresa Nicau se quereria fazer o favor de me mostrar a referida foto. Imediatamente a gentil Senhora me disse que sim e no dia seguinte fez o favor não só de me a mostrar, como também de me a emprestar para eu a poder digitalizar em casa e só depois lha devolver.
Para além de profundamente grato ao simpático
casal de vizinhos, fiquei, obviamente, encantado.
E uma enorme nostalgia
me invadiu a alma.
De 1958 até hoje,
vão... muitos anos.
Quase toda a minha
vida.
Melhor que tudo o que possa ser dito, esta foto documenta e
comprova sem sombra de dúvida tudo aquilo que já por aqui afirmei inúmeras vezes.
A vida passou e trouxe-me finalmente de volta "para casa" com carácter definitivo em
1993.
Há, portanto, 30 anos.
E nessa mesma data e tempo regressei
também, espero que com carácter definitivo ou pelo menos enquanto puder, às
minhas funções de colaborador dos diversos párocos que desde então por cá têm
passado.
Nunca me moveu outro interesse que não fosse o de contribuir com o
meu esforço, saber e empenho, em tudo o que me é solicitado quer na
administração séria, eficiente e criteriosa da vida paroquial, quer na participação e contributo na parte destinada aos fiéis, em cada celebração litúrgica.
O ânimo que sempre me guiou foi unicamente o amor por este templo, por este culto, a este Senhor no sacrário e à Sua Mãe Santíssima. Infelizmente e com muita melancolia, verifico cada cada semana, cada mês e ano, uma comunidade outrora tão viva e participante, reduzida ao mínimo denominador comum.
Somos hoje tão poucos que
nos podemos contar pelos dedos das mãos.
Algumas vezes, sozinho
na igreja, fico em absoluto silêncio diante do sacrário e da Senhora, porque não me ocorre dizer nada de nada. Qualquer
prece parece inútil e votada ao impossível da realidade a que tudo isto
chegou.
E é tão evidente o
vazio e a impossibilidade de o remediar, na igreja como no resto da aldeia.
Não há volta a dar.
Mas hoje e uma vez mais quero reafirmar a minha gratidão pela gentileza da foto e
autorização para a digitalizar e publicar, aos meus excelentíssimos vizinhos e bons
amigos, Senhor Joaquim Nicau e sua digníssima esposa Senhora D. Teresa Nicau.
Bem hajam!
José Coelho