Aos 07 de Março de 2015 nasce este blogue que tal como o seu antecessor TocadosCoelhos pretende apenas ser um ponto de encontro e de entretenimento pautando-se sempre pelas regras da isenção, da boa educação e do civismo em geral. Sejam bem-vindos.
sexta-feira, 31 de março de 2023
Bom início de Semana Santa
quinta-feira, 30 de março de 2023
A dignidade de chegar a velho
quarta-feira, 29 de março de 2023
Faz boa letra...
terça-feira, 28 de março de 2023
Pessoa, no seu melhor
segunda-feira, 27 de março de 2023
Preso por ter cão, preso por o não ter
A colocação no Posto de Portalegre depois de terminado o curso de formação de guardas que naquele tempo se chamava “alistamento” em Junho de 1979, deu-me finalmente a oportunidade de conhecer ao vivo e em direto a tão falada Reforma Agrária. Aquela – em meu entender – deplorável asneira político-partidária resultante da Revolução de Abril que opunha ferozmente os donos das herdades àqueles que irregularmente as tinham invadido e ocupado.
No meio da contenda para mediar o conflito – nem sempre de forma isenta – cabia à Guarda estar presente a fim de evitar desacatos, proteger os técnicos do Ministério da Agricultura ou seus delegados, e, em suma, fazer cumprir a Lei, mesmo que algumas vezes inevitavelmente tivesse que usar a força para o conseguir.
Para aquela missão eram diariamente escalados vários militares de cada Posto da área, que formavam uma secção ou um pelotão de manutenção da ordem pública, variando o dispositivo em função da probabilidade prevista de risco de conflito no local programado.
Eram dias muito atribulados a percorrer caminhos de terra batida aos saltos dentro dos velhos e duros Land-Rover, a comer pó e com os nervos à flor da pele, a ouvir insultos, apupos e muitas vezes até o arremeço contra nós de tudo o que lhes vinha à mão, porque aquela gente não entendia ou fazia que não entendia que estávamos ali a cumprir ordens vindas do próprio governo.
Miminhos verbais como “cabrões” ou “filhos de puta” eram o nosso dia-a-dia. Em muitas dessas entregas houve mesmo desacatos a sério, originando tomadas de posição de força e retaliação para repor a ordem que resultavam em confrontos físicos ferozes e feridos. E foi num desses apertos, na cidade de Ponte de Sor junto ao tribunal que um identificado e na altura muito conhecido ativista, ali mesmo na minha frente, olhos nos olhos, me vociferou furioso:
-
Quando a gente deixar de trabalhar, vais comer espingardas, bastões, jipes e cães-polícias,
porco fascista…
Nem sequer foram as palavras que ele proferiu o que mais me impressionou. Foi a forma enviesada de ódio puro como me olhou a faiscar nos seus olhos.
Nós estávamos instruídos, mais que recomendados e fortemente mentalizados para nunca ripostarmos individualmente. Ninguém abria a boca, fazia qualquer gesto agressivo ou tomava qualquer atitude, fosse ela qual fosse ou em que circunstância fosse, sem ser para isso dada ordem por quem detinha o comando da força no local.
Aqueles insultos deviam ser considerados como sendo dirigidos à Guarda no seu todo e não individualmente a cada um dos guardas que ali estavam no desempenho de uma missão como qualquer outra. Por isso nenhuma reação a título individual seria tolerada. A nossa função primeira era evitar conflitos e não provocá-los, muito menos ser parte deles.
Foram assim “do caraças” muitos dias, semanas e meses. No meu espírito a perturbação instalou-se algumas vezes, com tão estranha contradição. Apenas meia dúzia de semanas atrás, era eu insultado e enxovalhado pelos comandantes de pelotão por eles acharem que eu era um comunista infiltrado:
- Levante esse punho só à altura do ombro enquanto marcha, senhor Coelho. Guarde a vontade de levantar o punho mais alto lá para os comícios do seu sindicato… Vociferava o tenente a enxovalhar-me perante o pelotão inteiro.
E
o sargento que o coadjuvava, ainda era mais agressivo. Já morreram os dois faz
tempo, já pagaram. Que a terra lhes seja leve… Contudo, ainda há por aí muitos camaradas vivos e de boa saúde que podem testemunhar estas verdades todas que escrevo e que são mesmo a verdade, só a verdade, apenas a verdade.
Naquele
dia, depois de tão censurável humilhação, um excelente camarada d’armas que era de Montargil e
que nunca mais vi depois do alistamento, veio ter comigo para me dizer à sucapa, não fosse mais alguém ouvir:
-
Não sei como tu aguentas isto, Coelho. Eu já me tinha ido embora e mandava-os
foder a todos. Mas não me ia embora sem primeiro partir os cornos a um…
Agradeci-lhe
a sua bondosa solidariedade e respondi tranquilo:
-
Isso é precisamente o que eles querem, amigo! Se eu o fizesse, eles ficariam felizes
por o terem conseguido e ainda por cima o culpado ia ser eu, por desistir a meu pedido.
Não tenho medo, não fiz mal a ninguém e quem não deve não teme. Se
quiserem pôr-me na rua, terão que ter tomates e serem eles a expulsar-me, justificando
muito bem a causa legal dessa expulsão...
A duras penas, mercê de muito querer e fazendo da razão da minha força, a força da minha razão, consegui, mercê de sucessivas notas altas em todos os testes semanais, que, do primeiro até ao penúltimo, foram sempre acima dos 17 valores, catapultando-me para o primeiro lugar na classificação geral. E só não fui o primeiro classificado do curso porque, no último teste, de topografia, os meus queridos “chefes” atribuíram-me apenas 13 valores àquele teste que me tinha corrido tão bem como os anteriores, mas assim, aqueles quatro ou cinco valores premeditadamente roubados, fizeram-me baixar a média das notas para o segundo lugar. Na sua enviesada mentalidade, conseguiram dessa fraudulenta forma impedir “o comunista” de subir à tribuna a receber o galardão de primeiro classificado.
Essa foi, entre outras, a mais grave filhadeputice que me fizeram, logo no início da minha carreira nas forças de segurança.
Então e não é que, algumas semanas depois, já na tal Reforma Agrária, no justo e cabal desempenho das minhas funções profissionais, continuei a ser insultado e enxovalhado...
...mas desta vez pelos comunistas, porque era GNR?
-
Vai lá vai…
Preso
por ter cão, preso por o não ter.
Dasss…
José Coelho in Histórias do Cota
domingo, 26 de março de 2023
Boa semana
Família - Raízes, ramos e folhas
sexta-feira, 24 de março de 2023
Bom fim de semana
quinta-feira, 23 de março de 2023
Gente fina é outra coisa...
quarta-feira, 22 de março de 2023
Branco Toca dos Coelhos 2022
terça-feira, 21 de março de 2023
O primo do Juiz
Havia em Arêz um indivíduo muito conflituoso e agressivo com quase toda a gente. Era meio corcunda. Não sei se por ter aquela deformidade física, era de facto mau e não se dava com ninguém. Criava conflitos com toda a vizinhança por tudo e por nada e se algumas vezes as patrulhas tinham de intervir era certo e sabido que tinha de haver também sempre chatices porque ele não se coibia de responder mal e agressivamente fosse a quem fosse.
Tinha o indivíduo meia dúzia de vacas de raça turina que explorava como modo de vida, pastoreando-as por ali e vendendo depois o leite que lhe rendia algum dinheiro. Até aqui tudo bem, era uma forma de subsistência como outra qualquer. O grande e principal problema porém, era que ele não tinha terrenos nem pastos suficientes para pastorear as vacas o ano inteiro e invadia as propriedades dos vizinhos a torto e a direito indiferente aos protestos deles, maltratando-os e ameaçando-os verbalmente sempre que estes reclamavam, tendo mesmo chegado a agredir fisicamente alguns mais idosos com quem se atrevia melhor.
Foi a sua apetência para transgredir os preceitos de boa vizinhança e por achar seus, os pastos dos outros, que me levou ao confronto com ele. Após a enésima queixa de mais um vizinho, mandei, pela enésima vez também, a patrulha de intervenção avisá-lo que não podia invadir aquele terreno com as vacas. Como já se previa, o indivíduo para além de receber a patrulha com a maior insolência como era seu uso e costume, retrucou que “aquilo não eram terrenos da guarda nem do Estado e que por isso nós não tínhamos nada com isso...”
Em ato contínuo o Cabo Bugalho comandante da referida patrulha e um dos mais competentes graduados do efetivo do posto, contactou-me via rádio a dar conta da situação. Como não achei que aquela manifestação de pura ruindade pudesse conformar um crime de desobediência passível de detenção assim à priori, disse-lhe pela mesma via que o notificasse oficialmente e por escrito para comparecer no dia seguinte a determinada hora no posto para eu tentar de uma vez por todas elucidar o indivíduo que tinha que respeitar a lei e a ordem como qualquer outro cidadão
O “gajo” era bruto de facto, mas de parvo não tinha nada e no dia seguinte à hora que lhe tinha sido indicada lá estava a deitar fumo pelas ventas à minha frente no meu gabinete. Nem me deu tempo de lhe explicar nada. Começou logo por me “avisar” que era primo direito do doutor juiz – de quem eu era bastante amigo por sinal – e que me pusesse a pau que ele “tirava-me a farda”. Depois, nos mesmos modos irados, fez-me notar, como se isso não fosse visível, que era deficiente e que por isso tinha mais direitos do que as pessoas perfeitas porque essas podiam “fazer pela vida” melhor do que ele.
Ia continuar a sua verborreia mas teve azar porque eu tinha já perdido a paciência e dei-lhe um berro:
- CALE-SE…
O meu tom de voz não augurava já nada de pacífico.
Mas, velhaco como as cobras, o indivíduo não se intimidou. Qual quê! Cresceu ainda mais para mim, encostou quase o seu nariz ao meu. E provocantemente, perguntou-me num tom zombeteiro:
- Quer bater-me?
- Quer?
- Vá! Bata-me…
- Ande lá, bata-me…
Afifei-lhe um bofetão com tanta genica que o infeliz balançou.
Em seguida respondi-lhe, no mesmo tom de voz que ele utilizara:
- Não, por acaso não queria bater-lhe. Não estava minimamente nos meus planos. Mas o senhor insistiu tanto que não pude deixar de lhe fazer a vontade… Ou o senhor cuida que por ter uma pequena deficiência física pode fazer e dizer tudo quanto lhe dá na gana enquanto nós somos todos obrigados a ter muita pena do coitadinho do corcundinha? Como vê, comigo pia fininho ou saem-lhe as contas erradas...
O energúmeno empalideceu primeiro, depois ficou vermelho e a seguir ameaçou:
- Vou agora mesmo fazer queixa de si ao meu primo juiz que ele já lhe faz a folha…
Não fiquei minimamente preocupado porque conhecia suficientemente bem o senhor doutor juiz e ele conhecia-me também a mim de igual modo. Não era meu hábito negar fosse que episódio fosse. Se ele me chamasse dir-lhe-ia toda a verdade sem omitir nada e sem qualquer receio ou hesitação porque sempre assumi a responsabilidade dos meus atos fosse em que circunstância fosse.
Porém, tal não foi necessário, muito pelo contrário.
Passada meia hora o dito-cujo compareceu de novo no posto muito mais calminho mandado pelo seu primo, o qual, ao contrário do que ele esperava ouvir lhe terá respondido, conforme mais tarde me contou o próprio senhor doutor juiz:
- Se o sargento te deu uma bofetada é porque de certeza tu já merecias duas, pois eu conheço muito bem o homem. Volta lá e pede-lhe desculpa, escuta o que ele tem para te dizer que deve ser para teu bem, antes que tenhas problemas maiores e mais sérios...
E ali estava. E conversámos. E dali para a frente as chatices com ele diminuíram drasticamente.
Não tenho qualquer dúvida. Se não fosse a excelente colaboração entre a instituição que eu servia e todas as outras instituições públicas de Nisa, todo o meu trabalho e empenho, bem como o de todos os militares que comigo dedicadamente se empenhavam dia e noite, nunca teria alcançado tais resultados. E o desfecho deste episódio revela a confiança absoluta que existia entre nós, neste caso concreto, entre o Tribunal e a Guarda.
Outros tempos... Que bons e velhos tempos esses! E que falta fazia que continuasse a ser assim.
José Coelho in Histórias do Cota
(Excerto)
Passando a palavra
O Revº Pároco Marcelino Marques solicitou, na Eucaristia Vespertina do passado sábado, para se divulgar a quem possa estar interessado em participar, que a Celebração Penitencial desta Quaresma 2023 será celebrada quarta-feira dia 22 de Março, pelas 18:20 na Igreja de Nossa Senhora do Carmo da Beirã.
segunda-feira, 20 de março de 2023
Quando vier a Primavera
Quando vier a Primavera,
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.
A realidade não precisa de mim.
Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma.
Se soubesse que amanhã morria
E a Primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo.
Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
O que for, quando for, é que será o que é.
Uma "prenda de anos" diferente
Dez de Março. Dia do meu aniversário natalício. O carteiro trouxe algumas
cartas. Uma delas remetida pelo responsável ou dono – não sei o que é – de uma
Óptica numa das travessas de acesso à Praça dos Restauradores, na capital do
reino.
Lá dentro, agrafado a um cartão pessoal muito simples e conciso, vinha um cheque com determinada quantia. Pouco relevante o seu montante, mas muito relevante o seu contexto, por evidenciar a intrínseca honestidade de quem o emitiu e me o enviou.
Porquanto…
Só nos tínhamos visto uma vez na vida, mais precisamente a 5 de Dezembro daquele ano da graça.
A minha Maria Manuela sofre de um problema crónico de saúde e necessitamos deslocar-nos a Santa Maria periodicamente para ser avaliada em cirurgia vascular. Entretanto, aproveitamos sempre também para uns dias antes rumarmos a Setúbal e passarmos um tempinho com os filhotes caçulas, até porque, por norma, o Pedro acompanha-nos no dia da consulta.
E foi num desses dias que não sei como nem porquê se partiu inesperadamente a ponte em titânio “inquebrável” dos meus óculos. A gente só se apercebe da falta que essas coisas nos fazem quando ficamos sem elas. E assim me aconteceu a mim que pareço logo um cegueta sem o dito cujo acessório. Ou não transportasse eu em mim os malandros genes da geração Lourenço, quase todos a braços com sérios problemas de visão.
Fiquei sem conseguir enxergar nada! Nem as letras do jornal, nem as do computador ou os números do telemóvel. E em Setúbal nenhuma óptica trabalhava com a marca caríssima toda xpto e dinamarquesa, no tal titânio que segundo a publicidade que lhes é feita para justificar o seu elevado preço as apelida de inquebráveis, quase à prova de bomba.
Eis senão quando um excelente amigo dos Caçulas que trabalha nos Restauradores em Lisboa, sabendo que no dia seguinte iríamos a Santa Maria, nos indicou uma óptica onde talvez me resolvessem o problema. Assim fizemos. Mal nos despachámos da consulta médica rumámos à baixa pombalina onde sem grande dificuldade encontrámos a casa indicada.
Começámos logo por ser impecavelmente atendidos. Posto em seguida o problema, prontamente foi resolvido, uma vez que, ali sim, trabalhavam também com a marca Lindberg de fabrico dinamarquês. Foi mesmo só esperar o tempo necessário para o diligente senhor substituir a ponte partida por outra nova. Trabalho executado paguei, obviamente aliviado e já de novo “equipado” com os "quatro olhos" e muitíssimo satisfeito pois faziam-me mais falta os óculos na cara do que os euros na carteira.
Entretanto o senhor que tão impecavelmente me atendeu informou-me ainda cordialmente que os óculos eram mesmo de titânio supostamente inquebrável e não uma qualquer cópia fatela ou falsificação como eu estava a suspeitar, e que, por serem daquela prestigiada marca, ia enviar a peça partida para a fábrica na Dinamarca. Mais disse ainda que eles iriam reenviar-lhe gratuitamente a peça para substituição.
E que, logo que tal se verificasse, me iria devolver o montante que eu acabara de liquidar. Para esse efeito, solicitou-me o meu contacto telefónico, bem como o endereço postal, dos quais tomou a devida nota.
Passaram 3 meses. Nunca mais eu me lembrei de tal coisa, até ao dia em que através de chamada telefónica o senhor da óptica de quem eu nem sabia sequer o nome – e agora sei porque vinha no cheque – pediu a confirmação dos meus dados a fim de emitir o cheque com o valor a devolver, tal como havia previsto e prometido.
Nos tempos que correm, em meu entender, tal atitude é uma completa excepção à regra! Jamais eu pensei que alguma vez aquele dinheiro me iria ser devolvido, não só pela raridade da situação, como também pelo facto de não nos conhecermos de lado nenhum, pois se não fosse a necessidade de consertar os óculos, nunca nos teríamos cruzado nas nossas vidas.
São estes louváveis e extremamente belos comportamentos humanos que me surpreendem pela positiva e me fazem gostar de ser gente, porque acredito sinceramente que haverá mais pessoas com esta lisura de carácter e indiscutível idoneidade, merecedoras da nossa confiança e do mais profundo respeito.
Fiquei tão sensibilizado que no minuto seguinte estava a escrever àquele ilustre senhor a agradecer o seu honrado gesto mais valioso para mim do que propriamente o montante do cheque, apesar de não ser assim também uma quantia tão pequena, tão pequena, que a tornasse insignificante.
Eram algumas dezenas de euros.
E foi, sem dúvida alguma, das mais inesperadas prendas de aniversário que recebi em toda a minha vida, quer pelo seu elevado valor moral, quer por ter sido protagonizada por alguém que me era completamente desconhecido.
Dou graças a Deus por me ter concedido a oportunidade de conhecer este Ser Humano portador de tão valiosos princípios. São mestres assim que me incentivam e que tento sempre imitar, pois foi também entre pessoas desse calibre e craveira que cresci, aprendi, e me fiz gente.
Obrigado, desconhecido senhor. Foi uma honra sem tamanho ter-me cruzado consigo pelo caminho da vida...
José Coelho in Histórias do Cota