Nenhum deles é antidepressivo ou ansiolítico porque felizmente não tenho tendência para depressões ou ansiedades. Aceito naturalmente e com relativa tranquilidade o que a vida me dá, seja bom ou menos bom, vivo um dia de cada vez sem sobressaltos, sem medos, sem complexos.
Ao aproximarem-se as seis décadas de vida é que começaram a aparecer as heranças genéticas. Da mãe a diabetes, do pai o adenoma na próstata. Mas houve que refletir, ponderar, aceitar e seguir em frente, porque atrás vinha gente.
Entretanto, para manter equilibrada a qualidade de vida a qualquer portador destas heranças armadilhadas, existem já felizmente também, fármacos eficientes para manter controlados "os bichinhos" para que os seus portadores e hospedeiros consigam ter uma vida quase normal.
É o meu caso.
Não há por isso que ficar apreensivo. Passar a tomar fármacos todos os dias passou a fazer parte do dia a dia e a ser tão natural como o pequeno almoço, almoço e jantar. São, digamos, "suplementos" necessários e sem os quais não seria tão fácil viver, até quase esquecer o que temos.
Dou graças a Deus por este espírito positivo que me concedeu. E como o que não tem remédio, remediado está, vamos vivendo e aprendendo.
Sempre ouvi dizer aos mais velhos quando alguma coisa não se podia evitar:
- Haja saúde e dinheiro pra vinho, que o pão compra-se!
Temos por isso de levar a vida da melhor forma, porque algumas vezes ela já é complicada quanto baste.
Mas é justo referir ainda que dos meus pais não herdei só estes genes armadilhados.
Herdei também outros bem melhores e mais importantes, como por exemplo o do bom senso, o da ousadia de lutar para vencer, o da boa disposição, o do amor ao próximo, e, provavelmente mais alguns que fazem de mim a pessoa positiva que sempre fui, sou e vou continuar a ser.
Por isso, obrigado, meus queridos pais, avós e bisavós.
Também todos vós, tal como eu, fostes herdeiros da mesma herança. Se no vosso tempo houvesse estes "remendos" que eu tomo agora todos os dias, provavelmente a vossa vida teria sido de melhor qualidade, o Avô José Lourenço e a Mãe Florinda não teriam ficado precocemente cegos, o Pai António Coelho não teria de andar os seus últimos dez anos com uma algália e as vossas vidas teriam sido porventura mais longas.
Mas tinha de ser assim. E aquilo que tem de ser, força humana alguma consegue mudar jamais...