Minha
mãe, minha mãe! Ai que saudade imensa
do
tempo em que ajoelhava, orando ao pé de ti.
Caía
mansa a noite; e andorinhas aos pares
Cruzavam-se,
voando em torno dos seus lares,
suspensos
do beiral da casa onde eu nasci.
Era
a hora em que já sobre o feno das eiras
dormia
quieto e manso o impávido lebreu.
Vinham-nos
da montanha as canções das ceifeiras,
e
a lua branca, além, por entre as oliveiras,
como
a alma dum justo, ia em triunfo ao Céu.
E,
mãos postas, ao pé do altar do teu regaço
vendo
a lua subir, muda, alumiando o espaço
eu
balbuciava minha infantil oração,
pedindo
ao Deus que está no azul do firmamento
que
mandasse um alívio a cada sofrimento,
que
mandasse uma estrela a cada escuridão.
Guerra Junqueiro