domingo, 21 de agosto de 2022

Queridas lembranças


Um velho pessegueiro já semi-bravio pela idade, plantado há décadas à beira de um caminho nos arredores da minha Beirã e ao qual eu, menino ainda, surripiava muitas vezes alguns pêssegos às escondidas do dono.
Continua lá assim, indiferente ao abandono e ao passar dos anos, a dar frutos abundantemente.
Colhi dois ou três para me certificar se seriam ainda saborosos como eram dantes.
Não, não eram. São agora meio azedos e nada suculentos. A sua pele àspera e a acidez do sumo deixam a boca encortiçada.
Ainda assim, os olhos marejaram-se-me involuntariamente de lágrimas não pelo amargor dos inocentes frutos porque já são meio bravos, mas porque a saudade que me avassalou naquele momento foi tão intensa que doeu...
Texto e foto