sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Bom fim de semana...

Ó sino da minha aldeia que neste anoitecer saudavas a Senhora 
Padroeira que ia no seu andor aos ombros dum filho meu.


Ó sino da minha aldeia


Ó sino da minha aldeia,
 Dolente na tarde calma,
 Cada tua badalada
 Soa dentro da minha alma.


 E é tão lento o teu soar,
 Tão como triste da vida,
 Que já a primeira pancada
 Tem o som de repetida.


 Por mais que me tanjas perto
 Quando passo, sempre errante,
 És para mim como um sonho.
 Soas-me na alma distante.


 A cada pancada tua
 Vibrante no céu aberto,
 Sinto mais longe o passado,
 Sinto a saudade mais perto.



Fernando Pessoa