Quem sou? Talvez água presa num
açude,
o mítico sussurro dos montados,
a força, o sangue, no sulco dos
arados?
Sou filho da planície nobre e
rude!
Esta sede de infinito não me
ilude!
Vivo na terra dos sonhos doirados!
Sou nobre e senhor, desço aos
povoados,
onde tudo é Nobre e Senhor,
amiúde.
Trago no peito herança moirama.
Minha tez morena rejubila e clama,
meu alfanje antigo é lusitano.
Sou tão criança como o sol
nascente!
Tão velho e triste como o sol
poente,
o eco de ti próprio, Alentejano!
Manuel Manços