Aos 07 de Março de 2015 nasceu este blogue que tal como o seu antecessor TocadosCoelhos pretende apenas ser um ponto de encontro e de entretenimento pautando-se sempre pelas regras da isenção, da boa educação e do civismo em geral. Sejam muito bem-vindos.
quarta-feira, 30 de abril de 2025
A lei da reciprocidade
Um dos meus escritores favoritos...
terça-feira, 29 de abril de 2025
domingo, 27 de abril de 2025
Pode tardar, mas não falha
sexta-feira, 25 de abril de 2025
Estados d'alma
Não sou dado a depressões pese embora muitas vezes a minha fisionomia possa fazer parecer o contrário. Tal não corresponde, porém, à realidade. Mas não corresponde mesmo! Quando muito andarei melancólico e não consigo – nem quero – disfarçar.
Nada na minha vida foi fácil de alcançar ao longo do caminho que já levo percorrido, mas sem dúvida os últimos anos foram os piores. Motivos? Nem vale a pena enunciá-los. Já passaram e a vida continua.
Tem mesmo de continuar.
Não é, porém, liminarmente fácil menorizar tudo o que nos trouxe dor ou amargura e seguir cantando. É preciso tempo, paz, sossego e introspeção. A pessoa necessita ficar a sós consigo mesma para tentar desatar os nós que inevitavelmente se vão formando no seu íntimo.
Por isso mesmo é um caminho que tem de se percorrer a sós. Obviamente também houve, entre um tombo e outro, alguns intervalos felizes mas que não apagaram as feridas da alma. A cura, se a houver, só o passar do tempo trará. Vou por isso vivendo um dia de cada vez sem pressa e sem grandes projetos, sonhos ou ambições.
Li algures que "uma pessoa morre quando deixa de sonhar, de acreditar e de lutar". Mas lemos tantas coisas sonantes e que nós, quando tudo está bem conosco, achamos serem verdade.
O pior é quando inesperadamente a vida nos trai e nos atira contra a parede sem que percebamos porquê, que mal fizemos para sermos assim maltratados. O nosso mundo e tudo aquilo em que acreditávamos desaba sobre nós, esmaga-nos, sufoca-nos, deixa-nos sem chão.
Ficamos tão atordoados que levamos meses com a cabeça zonza sem perceber muito bem o que, ou por que, aconteceu. Coisas vindas das mais inimagináveis origens. Mas como já disse não quero falar delas.
Quanto mais se mexe nas feridas mais elas doem.
E sempre fui assim, um pouco dado à melancolia.
Mas deixemos tudo isso para lá.
São coisas minhas.
Ou, melhor dizendo, são estados d'alma pelos que já todos passámos alguma vez...
José Coelho
quinta-feira, 24 de abril de 2025
Só temos uma vida
quarta-feira, 23 de abril de 2025
terça-feira, 22 de abril de 2025
Família a crescer (republicação)
segunda-feira, 21 de abril de 2025
Boa semana
domingo, 20 de abril de 2025
Da Beirã, para os Beiranenses
sábado, 19 de abril de 2025
Fui um deles e sinto que continuo a sê-lo
quinta-feira, 17 de abril de 2025
Solenidades de Quinta-feira Santa
quarta-feira, 16 de abril de 2025
Palavra do dia
terça-feira, 15 de abril de 2025
O culto insubstituível da Família
Nada fazia mais feliz o senhor meu pai do que ter em seu redor todos os seus.
Mulher, filhas, filho, genros e nora, netas e netos, cunhadas e cunhados,
sobrinhas e sobrinhos, sogros ou mesmo até alguns primos mais chegados ou mais
afastados. Para todos havia um lugarzinho no seu coração. Para todos havia
sempre também um lugar na sua casa, à sua volta, à sua - nem sempre farta -
mesa ou ao redor do lume na espaçosa lareira alentejana que
tinha a nossa cozinha para os serões frios do inverno.
Já no verão, era na varanda do
quintal que tinham lugar as tertúlias familiares, porque o calor convidava a
procurar-se ali o fresquinho da noite. Não muito dado a grandes conversas,
mimos ou sorrisos, era o senhor meu pai quase sempre portador de um semblante
sério, sisudo - como o meu - a dar assim para o mal encarado às vezes.
Mas isso nunca o impediu de ter bom íntimo e de ser capaz de dar a camisa que
trazia vestida a quem dela necessitasse mais do que ele.
Recordo particularmente, como se tivessem acontecido ontem, muitos dos seus hábitos de líder da família. Por exemplo a infalível hora de ir deitar-se, fosse noite de natal, fosse outra noite qualquer de qualquer dia da semana e estivesse quem estivesse cá em casa. Nove horas dadas no sino da torre da igreja, verão ou inverno, lá ia ele pra cama com o seu "té amanhã".
Mas no hábito de sair da cama era também pontual mal rompia o dia. Certinho como um relógio. Obviamente nós ficávamos a pé até às tantas porque quando nos juntávamos todos a euforia era tanta que o sono tardava e a pressa de nos irmos deitar era nenhuma. Tantas vezes, depois de ter dormido o primeiro sono da noite completamente indiferente ao reboliço que nós fazíamos na cozinha, o meu pai aparecia a espreitar à porta para nos perguntar naquela sua pronúncia da "terra do bonaco" que nunca perdeu:
- Mas vocês ind'aí tã?
Herdei dele a apetência para reunir a família regularmente à minha volta cá em casa. Quantos mais, melhor. Nada me dá mais prazer, apesar de os meus mais de setenta anos já me irem retirando alguma da antiga ligeireza. Filhos, noras, netas, irmãs ou sobrinhos e algumas vezes também um ou outro bom amigo com a sua respetiva família, embora sejamos por estas bandas cada vez menos, quer da hoste familiar, quer das amizades.
Continua contudo a ser uma satisfação quando na agenda de compromissos dos poucos que ainda restamos, fica marcado o "tal dia" em que vai sair um arroz de pato, uma favada com chouriço, umas sopas de cachola, um pernil assado no forno de lenha, umas migas com toucinho frito ou apenas uma sopa caseira de couves do nosso quintal com suã curtida em sal à moda da Mãe Florinda.
Normalmente esses "petiscos" mais não são do que um repescar de memórias e sabores que nos ajudam a viajar no tempo e irmos ao encontro daquele passado em que éramos tão felizes e não sabíamos.
Com os filhos casados, cada um na sua casa longe de nós, com o falecimento inesperado da irmã e cunhado mais velhos e a debandada da irmã do meio para Inglaterra com os filhos e netos, restamos por aqui só já eu e a minha companheira de quase uma vida inteira a morarmos cá "ao cimo da aldeia" e a irmã caçula Joaquina a morar "na parte de baixo da linha" com o marido, as filhas e um netinho.
Não é por isso já nada fácil conseguir reunir o nosso clã, o que por vezes me deixa melancólico. Mas tal como diz a Mariza na sua canção "o tempo não para e a gente só repara quando ele já passou". Eu reparo particularmente que a última década da minha vida não passou apenas. Voou. Literalmente. E tantas, mas tantas coisas boas e menos boas aconteceram que definitivamente não sou nem voltarei a ser mais a pessoa que fui.
Vivo hoje sem grandes projetos porque os sonhos também já estão todos sonhados. Um dia de cada vez é quanto me basta, tentando adaptar-me a este tempo, que de tão esquisito se tornou infindável. Na passada Semana Santa e fim de semana de Páscoa reuni à volta de alguns almoços e jantares cá em casa doze adultos e duas crianças. Foi muito bom mesmo. Nos tempos que correm reunir catorze almas em convívio é quase reunir uma multidão.
As duas crianças eram obviamente as minhas netas Francisca e Mariana, porque a Filipa, estando prestes a atingir a idade adulta, já a conto nesse grupo. Lindas como só elas. E parecem gostar de mim quase tanto como eu gosto delas.
Digo quase, porque eu gosto muito mais delas. Mas muito mais. Avô babado apontam algumas pessoas! E se for? São os meus tesourinhos e o melhor antídoto do meu envelhecer. Serão elas também a continuação desta geração num horizonte que não se augura fácil, nem feliz. Pode até ser que melhore, mas tenho algum receio pelo seu futuro, tão grandes e perigosas são as ameaças globais que estamos deixar-lhes de herança.
Mas...
É melhor deixar-me de coisas tristes e pensar uma vez mais nos excelentes dias que passei com a minha gente. Foi tão bom! E cumprimos uma vez mais este nosso culto sagrado da Família. Não foi muita mas foi a possível. A que por aqui vai ainda aparecendo e conseguimos reunir de vez em quando...
José Coelho
NOTA: A imagem que ilustra este texto já não é recente.
segunda-feira, 14 de abril de 2025
O cálice de benção é comunhão do sangue de Cristo (M. Luís)
domingo, 13 de abril de 2025
Semana Maior
O apelo da terra-mãe
Poucos, mas leais
sábado, 12 de abril de 2025
sexta-feira, 11 de abril de 2025
Bom Fim de Semana
Há olhares que não nos admiram, só nos medem. Há sorrisos que não cativam, apenas disfarçam. A inveja não é do que temos, mas do que somos e da luz que transportamos sem precisar apagar a de ninguém. No início, perguntava-me: porque é que as pessoas são assim? Mas hoje entendo que a inveja não é sobre mim, é pelo vazio das suas próprias vidas que não conseguem preencher. Não lhes guardo rancor. Sigo o meu caminho com a alma leve, o coração inteiro e a certeza de que o que é verdadeiro não se altera pelo olhar alheio. A nossa essência não é sombra, é sol. E o sol não se apaga.