Aos 07 de Março de 2015 nasce este blogue que tal como o seu antecessor TocadosCoelhos pretende apenas ser um ponto de encontro e de entretenimento pautando-se sempre pelas regras da isenção, da boa educação e do civismo em geral. Sejam bem-vindos.
sábado, 28 de setembro de 2024
Tão raros, os dois
sexta-feira, 27 de setembro de 2024
quinta-feira, 26 de setembro de 2024
Coisas que leio e penso também
Não desista do amor. Desista de pessoas confusas, de quem não sabe o que quer, de quem não valoriza o seu afeto, de quem não enxerga a pessoa que você é.
O meu poeta/escritor favorito
terça-feira, 24 de setembro de 2024
Uma imensa nostalgia
Apressados em viver a vida para alcançar o que ambicionamos, descuramos muitas vezes o valor intrínseco dos afetos ainda que sem má intenção, remetendo para segundo lugar aquilo que temos mais sagrado: A Família. Quiçá até alguns Amigos verdadeiros. Depois a vida passa, as metas nem foram tão importantes como imaginávamos e quantas vezes não terão sequer sido alcançadas.
Entretanto a Família vai
diminuindo porque a vida no seu imparável percurso vai-se extinguindo e vai
levando aqueles para quem o tempo termina.
E, como no inevitável acordar de qualquer sonho, chega o momento – quase sempre tarde demais – em que começamos a dar-nos conta que a nossa existência também já vai de vencida. Inutilmente olhamos para trás em busca dos que amávamos e já não temos, pois andámos tão ocupados que nem percebemos serem eles o bem mais valioso e importante que possuíamos.
Porém nada mais há a fazer porque
não é possível regredir no tempo, restaurar afetos, recuperar, enfim, tudo aquilo
que não soubemos avaliar e desfrutar no tempo certo.
Envelhecemos sem quase nos
apercebermos e só quando uma dor numa articulação começa a ser frequente, o
coração começa a trabalhar irregularmente, a necessidade de consultar o médico
deixa de ser pontual e passa a ser recorrente, percebemos que estamos a atingir
o ponto de não retorno.
E aí sim damos conta que a nossa
vida também é finita, que as coisas menos boas não acontecem só aos outros, que
é tempo de tentar ainda e se possível, viver.
Não sou, nem quereria ser,
exceção. Este desabafo na forma escrita mais não é também do que um assumir de responsabilidade. Vivi intensamente a vida olhando sempre mais para a frente do que para o
lado ou para trás, apesar de não ter sido, de todo, nada fácil. Infância
humilde onde faltou quase tudo menos o amor familiar, adolescência precoce
que aos onze anos me pôs a trabalhar em vez de continuar a estudar como tanto
gostaria de ter podido.
Inspeção militar
aos dezassete anos, assentar praça aos dezoito, mobilizado para a guerra
aos dezanove, mineiro aos vinte e dois, casado aos vinte e quatro e GNR aos vinte e seis, numa incessante procura por um lugar ao sol onde sempre e
só pretendi alcançar o meu ganha-pão para constituir família e dela cuidar.
Numa luta constante contra ventos
por vezes bastante agrestes, tentei sempre não descurar o tal lado sagrado onde
sempre estiveram e me apoiaram todos os que amava, amo e amarei
incondicionalmente enquanto viver. Olhando hoje para trás nem sempre consigo
evitar a imensa nostalgia que tantas vezes me invade, mas conhecendo-me como me
conheço sei que se voltasse a nascer faria tudo de novo exatamente como fiz
até hoje.
Apesar das incontáveis dificuldades tenho muito mais para agradecer do que para pedir à Vida que sempre me deu
saúde, força anímica e a coragem suficiente para vencer todos os desafios e conseguir
alcançar metas a que me propus, por mais inalcançáveis que muitas vezes
aparentassem ser.
Para terminar resta-me por hoje escrever
que de todas as bênçãos que recebi, a que mais adorei e agradeço a Deus, foi o
enorme privilégio de ter comigo os meus pais e avó materna nos seus últimos
anos de vida para poder olhar por eles e retribuir-lhes todo o amor e carinho que
sem conta peso e medida eles nos dedicaram toda a sua vida. Por isso de consciência
e coração tranquilos, vou caminhando em paz sem pressa e sem medo, até ao dia
em que o meu tempo se acabe também e possa finalmente ir ter com eles.
José Coelho
Coisas que leio
– José Saramago
Foto José Coelho
segunda-feira, 23 de setembro de 2024
Voltem, Pipocas...
domingo, 22 de setembro de 2024
Boa semana
Coisas que escrevi faz tempo
Final de tarde.
Hora de regar as árvores do quintal.
A escala de serviço determina que a Francisca vai regar a laranjeira e a Mariana vai regar o limoeiro.
O avô regará as oliveiras, as couves e os espinafres.
Cada neta cumpre a sua parte com perícia e engenho.
Cabe agora ao avô fazer o resto.
Subitamente o fluxo de água da mangueira diminui e deixa quase de correr.
- Maria!!! Maria!!! Tás a mexer na torneira?
- Nãoooo... Porquê? Responde a avó.
Tá-se a acabar a água, não vês?
De súbito... Plufffff... Um esguicho enorme!!! A mangueira estoirou.
Olho para trás e....
Eureka!
O avô encontrou a causa da súbita avaria.
A neta Mariana, na maior das descontrações, a dançar zumba sobre a macia mangueira esborrachando-a com os seus dançantes pezitos, impedindo que a água de passar normalmente.
Por isso com a pressão acumulada da água canalizada...
Plufffff... Explodiu e espirrou água por todo o lado
E a Mariana, feliz da vida, aproveitou imediatamente para pisar a terra encharcada para enlamear as sapatilhas e sair do quintal como se estivesse a sair do galinheiro depois de pisar o cocó das galinhas todas...
Ai ó avó!!!
Doidinha como o seu o pai quando era assim como ela.
Só destinava também coisas destas!
E a Francisca ria, ria, como uma desalmada.
sábado, 21 de setembro de 2024
Coisas que escrevi
Mas essa foi apenas uma das nossas primeiras aventuras. Depois desse dia já aconteceram muitos mais momentos de felicidade pura entre os dois.
Porque foi a primeira e tão desejada netinha? Talvez, não sei. É que, entretanto, já chegou também ao nosso colinho há pouco mais de um ano, a caçulinha Mariana, que, parece-me, vai ser mais uma grande fã do vô Zé Coelho. Avô baboso dirão vocês. Vô babão, diz a família do Brasil. E não me ofende nada tal juízo. Muito pelo contrário, pois adoro literalmente as minhas pequeninas. E se a Francisca é uma grande compincha do vô, a Mariana, ainda que mais bébézinha, não o é menos. Vem para o meu colo sem qualquer contrariedade. Conhece-me à légua, brinda-me com aqueles lindos sorrisos que tem sempre prontos e dorme grandessíssimas sestas se me sentir perto dela a guardar-lhe o soninho.
Vou hoje escrever sobre o mais recente gesto de espontâneo carinho que recebi há poucos dias da pipoquinha Francisca. Estávamos no meu carro, eu, ela e a avó Manuela em Montemor-o-Novo, à espera que chegassem os papás de quem tínhamos ido ao encontro a meio caminho depois de ela ter vindo passar uns dias com os vôs "tudis". Primeiro fui o lobo mau na história do capuchinho vermelho - interpretado por ela na perfeição - e despoletando sonoras gargalhadas quando eu imitava a voz do lobo "É p'ra te ver beeeeemmm!" quando ela me perguntava: "Avó, tens uns olhos tãããooo grandes!!!"
Depois o cenário mudou e passei a ser um tenebroso fantasma, uivando um "búúúúúú" muito sinistro, colocando sobre a cabeça a fralda de bebé que faz de lençol da cama da boneca que ela traz sempre consigo. Resultado, mais meia dúzia de felizes gargalhadas. Não cabia em si de contente, feliz, divertida. Os condutores e passageiros Montemorenses que circulavam nos seus carros pela rua olhavam admirados o enorme reboliço e agitação dentro daquele pequeno Corsa estacionado no parque da Rodoviária do Alentejo.
Não podiam nem imaginar que tão pequeno palco estivesse a ser o cenário de tão movimentadas aventuras...
Ligámos aos papás a saber se ainda demoravam. Já estão perto. A pequenita, entretanto, faz um lanchinho porque são horas. Miminho da avó Manuela, uma belíssima fatia de bolo de cenoura - ou não fôssemos nós Coelhos - e dois iogurtes Yoco de beber com palhinha. Satisfeita e notoriamente feliz, a dado momento a pequenita agarrou a minha mão direita e... beijou-a várias vezes num carinho tão puro, inocente e tão verdadeiro que se me marejaram instantaneamente os olhos de lágrimas. Fiquei tão... tão... tão... Grato, feliz, comovido. A minha mão a ser carinhosamente beijada por um dos dois anjos com que Deus abençoou a minha vida.
Há muitos, muitos anos atrás, também eu beijava assim as mãos dos meus avós a pedir-lhes "a bença" porque era obrigatório naquele tempo. Ao chegar junto deles pela primeira vez no dia, fosse onde fosse, tínhamos de pedir-lhes:
- A sua bença,
avó/ avô.
Imediatamente
eles nos apresentavam as costas da sua mão direita para ali depositarmos um
reverente beijinho enquanto que eles murmuravam com doçura:
- Deus te
abençoe, meu neto.
E eu amava-os como as minhas netas parecem amar-me também a mim. Bem diz o povo que nesta vida tudo quanto semearmos, um dia iremos colher.
sexta-feira, 20 de setembro de 2024
Bom fim de semana
quarta-feira, 18 de setembro de 2024
Um Beiranense que nunca se rende
Comecei “nestas andanças” com cinco anos de idade. Estávamos em finais dos anos 50 e ia ser levado à cena na Sociedade Recreativa Beiranense um espectáculo de variedades em que os “artistas” iam ser os miúdos da catequese. Como eu ainda não andava na escola, obviamente não andava na catequese e por isso não fui “contactado” para fazer parte do “elenco”. Pois! Só que o "Caçapinho" – era assim que me chamavam por ser filho do ti Coelho – não se conformou com a rejeição do seu talento e logo no primeiro dia de ensaios fugiu à mestra e apresentou-se lá.
Dito e feito.
A “mestra” era naquele tempo um género de infantário onde os nossos pais nos iam deixar manhã cedo antes de irem trabalhar e nos iam buscar à tardinha depois do trabalho. Uma bondosa senhora tomava conta de um rancho de gaiatos todo o dia a troco de certa mensalidade. Mas eu consegui escapulir-me. Com tanta sorte que os “encenadores” acharam graça à minha pequena figura e quiseram experimentar se eu seria capaz de cantar uma cantiga beira-baixense com outra petiza do meu tamanho.
E fomos capazes os dois. Olá se fomos…
Começava eu:
Maria da Conxeixão/ Oh que palavra tão dôxe /Dava-te o meu coraxão/ Xe o teu amor leal fôxe
E ela respondia:
À beira do rio náxem/ Violeta’jáo comprido/ Já me viéron dijêre/ Que q’rias cajar comigo
Etc, etc, etc… que a cantoria era engraçada, mas grande.
Foi tiro e queda, contrato assinado na hora!
O pior foi a tia Vicência – bondosa e querida mestra – que não achou graça nenhuma à minha ousadia… Mas isso agora não interessa nada… O que importa é situar a minha “estreia” como cantor nos cinco anos de idade que não é para qualquer um!
Como pode assim concluir-se, vem de longe a veia artística!
Depois, bem mais tarde, veio a estreia como autor.
E porquê?
Eu era “festeiro” ou seja, fazia parte da Comissão de Festas desse ano. E precisávamos arranjar dinheiro para trazermos alguns artistas e conjuntos musicais para animar as noites da festa. E quisemos fazer um teatro com a malta jovem da comissão de festas para angariar esses fundos. Escolhemos então o Auto do Curandeiro, de António Aleixo, não sem antes consultarmos a Delegação da Sociedade Portuguesa de Autores em Portalegre para podermos levar à cena aquilo que queríamos.
E... 10.000$00 informou a SPA que seria a taxa a pagar pelos direitos de autor.
Dez contos! Vai lá vai…
Rejeitado tão dispendioso projeto, meti eu mãos à tarefa de tentar escrever algo em substituição daquilo que tínhamos pensado ensaiar. Foi assim que nasceu o drama “Coisas que acontecem". E, com a imprescindível ajuda de uma senhora maravilhosa que nos ensinou e ensaiou canções antigas e danças folclóricas regionais, nasceu uma memorável noite de teatro e variedades que caiu de tal maneira no goto da gente da aldeia e tivemos que repetir, repetir, repetir.
Consequentemente, os lucros a favor da festa, triplicaram também.
Alguns anos depois, mercê das políticas da integração de Portugal na União Europeia, a fronteira deixou de existir, o caminho de ferro deixou de ser necessário e encerrou, as pessoas que trabalhavam nessas áreas tiveram que buscar outros rumos. Obviamente, a aldeia começou a definhar. Casas vazias em todas as ruas também por isso desertas, ficámos meia dúzia de carolas residentes a lutar para que isto não morra tudo.
E por não haver rigorosamente mais ninguém que o queira fazer, senti-me no dever de assumir o papel de orientador do coro da paróquia para, fazendo uso do pouco que sei, animar, mas sobretudo dignificar as celebrações religiosas do ano inteiro. Não é fácil porque somos cada vez menos. Mas eu sou lá capaz de desistir seja do que for, enquanto puder? Eis porque apareço por aí à frente dessas coisas em algumas fotos que se publicam nas redes sociais.
Sem ser cantor, maestro, ou coisa alguma. Sou apenas um Beiranense que nunca se rende.
José Coelho
Para ti que só vens aqui espiar (2)
Não, não sou perfeito. Mas tu também não és. Então pega num espelho, olha primeiro para os teus erros e defeitos, antes de julgares os meus.Foto José Coelho
terça-feira, 17 de setembro de 2024
Para ti que só vens aqui espiar (1)
“Quando
te lembras de mim, significa que carregaste uma parte de mim contigo, que
deixei uma marca indelével sobre quem és. Significa que, mesmo com o tempo e a
distância que nos separam, posso ser trazido de volta à tua mente. Significa
que, se nos encontrarmos novamente, te reconhecerei e serás capaz de
reconhecer-me. Significa que, mesmo após a minha morte, ainda poderás ver o meu
rosto, ouvir a minha voz e conversar comigo no silêncio do teu coração. Enquanto
te lembrares de mim, jamais estarei verdadeiramente perdido.”
Frederick Buechner - Assobiando no Escuro, 1988.
Meu vicio de ler (coisas que gosto)
- Está um dia muito bonito hoje!
segunda-feira, 16 de setembro de 2024
Um dia mais é também um dia menos
domingo, 15 de setembro de 2024
Solenidade da Padroeira do Concelho de Marvão
Deixem
passar quem vai na Sua estrada.
Deixem
passar
Quem
vai cheio de noite e de luar.
Deixem
passar e não lhe digam nada.
Deixem,
que vai apenas
Beber
água do Sonho a qualquer fonte;
Ou
colher açucenas
A um
jardim que ele lá sabe, ali defronte.
Miguel Torga
Imagens, cortesia de Jorge Rosado
- 08 de setembro de 2024