Foto by Maria Coelho
Acho
que me viciei em ficar em paz, sozinho
Ultimamente,
estou tentando depender menos dos outros, pois ficar contando muito com as
pessoas acaba trazendo deceções demais. Não perco mais tempo correndo atrás de
ninguém e, se necessário, vou a todos os lugares sozinho, sem implorar para
alguém me acompanhar.
Por muito tempo,
eu valorizei a companhia das pessoas, a ponto de procurar sempre estar
acompanhado, querendo sair toda vez que tivesse oportunidade, achando que ficar
em casa seria coisa para quem fosse idoso ou doente. Por conta disso, não me
permitia ficar em casa aos finais de semana, nos feriados, prolongados ou não,
pois não queria perder tempo.
Por muito tempo,
eu achei que diversão significava ir a bares, baladas, festas, para me
encontrar com a galera. Ansiava por conhecer cada vez mais pessoas, por visitar
lugares variados, correndo atrás mais de quantidade do que de qualidade. Ficar
em casa, podendo viajar ou sair, soava como sacrilégio, disparate, afinal,
precisava aproveitar o tempo junto com pessoas, fora de casa.
Sem perceber,
acabei aceitando amizades que não eram verdadeiras, aproximando-me de pessoas
que nem curtiam a minha companhia, até mesmo mendigava atenção, correndo atrás
de quem estava muito bem sem mim. Fui a lugares que nada tinham a ver comigo,
com gente que não pensava como eu, participando de programas lotados de pessoas
e vazios de sentimentos.
Com o tempo,
percebi que, mesmo conhecendo muita gente ou saindo para vários lugares, ainda
assim eu poderia me sentir sozinho, porque o que nos preenche afetivamente é
aquilo que toca os nossos corações com verdade e reciprocidade. E eu, muitas
vezes, sentia solidão bem ali no meio de tantas pessoas, de tanta música, de
tantas festas e sorrisos. Parei e notei o quanto eu cobrava dos outros aquilo
que deveria vir naturalmente, aquilo que eu poderia, inclusive, encontrar
dentro de mim.
Ultimamente,
estou tentando depender menos dos outros, pois ficar contando muito com as
pessoas acaba me trazendo deceções demais. Não perco mais tempo correndo atrás
de ninguém e, melhor ainda, aprendi a curtir meus
espaços, em frente à televisão, lendo um bom livro, apreciando tudo o que sou e
tenho.
Aliás, estou me
viciando em ficar em paz, sozinho, porque é humilhante demais forçar as
pessoas. Se quiserem vir comigo, muito bem; se não quiserem, ótimo na mesma. Quando a
gente aprende a gostar da própria companhia, a gente se basta e vive feliz onde
estiver, com alguém ou sem ninguém.
Simples assim.
Simples assim.
Marcel Camargo