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Tinha que ser neste país a falácia que faz correr rios de tinta e tanta celeuma vem causando. Temos os cofres cheios... Enriquecemos de repente? Passámos de pelintras sem tusto no bolso a agiotas cheios do bago assim num estalar de dedos? Não me parece! Contudo é o que anda na berlinda, porque, não sei em que contexto o terá feito, mas a senhora ministra das finanças te-lo-à afirmado exactamente nesses termos.
E logo um coro de protestos, vindos das mais diversas direções, se fez ouvir - quanto a mim, bem - pois de facto parece uma brincadeira de mau gosto, tendo em conta a precária situação de milhares de famílias, que, como todos também muito bem sabemos, vivem abaixo do limiar da pobreza. Quiçá até conheçamos, não muito longe de nós, quem viva assim nessa insuficiente forma de subsistência que deveria ser a vergonha de qualquer governo, fosse ele de direita, de esquerda ou do centro.
Nem sequer é preciso ver as delatoras reportagens dos sem abrigo a viverem debaixo da ponte porque nunca em mais de 40 anos se viveu tão mal e porcamente neste país, seja em que zona for. Todos temos a noção dos porquês que nos conduziram a esta censurável situação mas eu nem quero ir por aí, até porque nunca me cansarei de afirmar que a minha aldeia, outrora um pequeno oásis de progresso e vida, foi das mais duramente atingidas por decisões de quem quer pode e manda, só não sei se bem.
Com infinita pena o sinto e escrevo mas sei que já não vou ver o meu país, a minha Beirã, os meus filhos e as minhas netas a viverem tranquilos e felizes como eu vivi e fui antes de as coisas tomarem este desgraçado rumo. Vai ser o salve-se quem puder. Alguma vez na minha vida eu pensei que um dia a minha irmã com mais de 50 anos ia ter que emigrar para Inglaterra com o marido, os filhos, genro e netos? Como é possível? Se antes, com tão pouco, era possível vivermos todos perto uns dos outros, que raio de prosperidade é esta que cada um tem que fugir para seu lado se quiser sobreviver?
Temos os cofres cheios. Com dinheiro emprestado que vai servir para pagarmos as monstruosas dívidas aos credores nos próximos... 50 anos? Ora porra!