Infelizmente
não vou poder ir.
Porquê?
Porque não
quero.
Vamos
normalizar isto.
Vamos
normalizar o “não quero”, o “não estou para aí virado”, o “não me apetece”.
Não vamos ficar
magoados, revoltados, só porque aquela pessoa, que amamos e que queremos ter
sempre connosco, não quer, naquele momento, estar junto a nós.
Ou porque não
quer falar connosco ao telefone.
O telefonema é
invasivo, é impositivo.
Quem telefona
está a dizer: agora, neste instante, quero falar contigo.
Está a impor o
seu timing, o seu tempo. Não atender não é prova de nada, apenas de que não
quero falar nesse momento que a outra pessoa definiu. Não é por isso que amo
menos, que quero menos, que preciso menos. Apenas preciso de espaço para mim,
apenas quero fazer outras coisas, estar noutros lugares. Está tudo bem assim.
Porque não haveria de estar?
Empatia é isso:
perceber que o outro não é Eu.
Não tem de
querer o que quero quando eu quero; o outro quer o que quer quando quer, é essa
a sua magia também.
Vamos
normalizar.
Não vamos impor
companhias, decisões, escolhas.
Não vamos
obrigar o outro a mentir, a enganar, a esconder o que sente, o que quer, só
para não ser malvisto, mal-encarado, mal interpretado.
O amor é
liberdade, jamais prisão.
O amor é
alegria, jamais constrangimento.
Vamos
normalizar isto.
Vamos
normalizar o que é normal, o que é humano.
Somos todos
diferentes, em momentos diferentes, em estádios diferentes das nossas vidas.
Entender isso é
amor.
Amemo-nos
assim.
Pedro Chagas
Freitas
A RARIDADE DAS COISAS BANAIS