Aprendi a construir todas as minhas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para planos e o futuro tem o costume de ser inseguro. Com o passar do tempo, aprendi que o sol queima se ficarmos expostos a ele demasiado tempo. E que não importa o quanto nos importamos porque algumas pessoas simplesmente nunca se importarão. E aceitei que por melhor que seja qualquer pessoa, alguma irá ferir-nos alguma vez e teremos de a perdoar por isso. Aprendi ainda que falar pode aliviar e muito, certas dores emocionais.
Descobri que se levam anos para construir a confiança e que basta um segundo para a destruir. E que fiz coisas num minuto das quais me irei arrepender o resto da minha vida. Aprendi que as amizades verdadeiras continuam a crescer mesmo a grandes distâncias e que o que importa não é o que temos na nossa vida, mas quem temos na nossa vida. E que os bons amigos são a família que me foi permitido escolher. Aprendi que nunca teremos de mudar de amigos se compreendermos que naturalmente eles mudam, se percebermos que com esses nossos melhores amigos se pode fazer qualquer coisa, ou nada, mas mesmo assim viver bons momentos.
Descobri que as pessoas com quem mais nos importamos na vida podem ser-nos tiradas a qualquer momento e por isso devemos deixar sempre as pessoas amadas com palavras carinhosas porque pode muito bem ser a última vez que as vemos. Aprendi que as circunstâncias e os ambientes têm influência sobre nós, mas que somos nós os responsáveis por nós mesmos. Comecei a aprender que não devemos comparar-nos com os outros, mas sim com o melhor que conseguirmos ser.
Descobri que demora muito tempo para se conseguir ser aquela pessoa que queremos ser e que o tempo é demasiado breve. Aprendi que não importa onde já chegámos, mas onde queremos chegar. E que, se não soubermos para onde vamos, qualquer lugar serve. Aprendi que ou nós controlamos os nossos atos, ou eles irão controlar-nos a nós. E que ser flexível não significa ser fraco ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação onde existirão sempre dois lados.
Aprendi que os heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as consequências. E aprendi que ter paciência requer muita prática. Descobri que algumas vezes a pessoa que esperava que me ignorasse quando me visse cair, foi precisamente uma das poucas que me ajudou a levantar.
Aprendi que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que tive e o que aprendi com elas, do que com as dificuldades que venci. Aprendi que há mais dos nossos pais em nós do que supúnhamos e que nunca se deve dizer a uma criança que os sonhos não são reais porque poucas coisas são tão humilhantes e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso.
Aprendi que quando estamos zangados temos o direito de estar zangados, mas que isso não nos confere o direito de sermos cruéis. Descobri que só porque alguém não nos ama da forma que queremos ser amados, não significa que esse alguém não nos ame, pois existem pessoas que amam mas simplesmente não o sabem demonstrar.
Aprendi que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém e que algumas vezes temos de aprender a perdoar-nos a nós mesmos também. Aprendi que, com a mesma severidade com que julgamos os outros, em algum momento da nossa vida seremos nós o julgado. Aprendi que não importa em quantos pedaços o meu coração foi partido e que o mundo não vai parar para que eu o conserte, porque o tempo não é algo que possa voltar atrás.
Portanto, plante o seu jardim e decore a sua alma, ao contrário de esperar que alguém lhe traga flores. Aprenda que pode suportar mais do que imaginava, que realmente é forte e que pode ir ainda mais longe depois de muitas vezes ter achado que já não podia mais. E que a vida tem valor, tal como nós temos valor diante da vida!
Veronica Shoffstall (Adaptado)
Foto José Coelho