sábado, 30 de novembro de 2024

Novo Ano Litúrgico


Eucaristia Vespertina do Domingo I do Advento - Ano C na Igreja Paroquial de Nossa Senhora do Carmo. 

                                                                           Foto José Coelho

                                                                              — em Beirã.

segunda-feira, 25 de novembro de 2024

Os melhores filhos do mundo





Veio de Roma enviada por Sua Santidade o Papa Francisco para ser entregue a quantos colaboraram na JMJ de Lisboa. E o filhote Pedro Coelho foi um dos agraciados mas teve a gentileza de decidir enviá-la ao Cota José Coelho. Não é por acaso que repito vezes sem conta que tenho os melhores filhos do mundo e que a Família é a minha maior riqueza. Deus cuide sempre de ti como tu cuidas de nós, filhote...
25. 11. 2024

Nisa também é nossa

Para sempre no nosso coração
Foto José Coelho

domingo, 24 de novembro de 2024

Quem ouve, sempre aprende alguma coisa


Mais uma vez a representar a Paróquia de Nossa Senhora do Carmo da Beirã no Encontro de Formação Litúrgica para Leitores, Salmistas e Grupos Corais do Arciprestado de Portalegre no Pavilhão Multiusos de S. Tiago de Urra.

Foto José Coelho
- 24. 11. 2024

sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Bom fim de semana


 O tempo não espera por nós, por isso cuidem-se e sejam felizes...

Lume na lareira da Toca dos Coelhos
22 de novembro de 2024


Adição musical Francisca Coelho.
A quem agradeço e envio um beijinho
22 de novembro de 2024

quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Gosto, ponto


Gosto de pessoas honestas e generosas que fazem corresponder as palavras que dizem, ao seu próprio olhar. Gosto de pessoas coerentes que se assemelham àquilo que fazem. Gosto de pessoas que escrevem e as suas palavras correspondem aos seus pensamentos. Gosto de lealdade. Gosto de sinceridade.

quarta-feira, 20 de novembro de 2024

Coisas que leio e gosto



"Escrevo para que outros filhos e outros pais não se esqueçam de que tudo passa, menos o amor. No coração de um pai ficam para sempre gravados todos os gestos de amor. No coração dos filhos também.

Nem todos temos a experiência de sermos pais, mas todos temos a experiência de sermos filhos. Mesmo aqueles que perderam os pais demasiado cedo ou nunca chegaram a conhecê-los, e até aqueles que foram abandonados ou mal amados sabem a importância dum pai. Na ausência ou em presença, pai é pai. A sua marca é indelével e a sua influência (ou a sua carência) estende-se pela vida fora.

Um verdadeiro pai ajuda a crescer, educa, estrutura o carácter, ensina coisas banais e especiais, tem paciência para ouvir, enche de confiança, mostra mundos novos, consola na tristeza, alegra-se com as alegrias, leva pela mão, protege, sabe sempre como espantar os medos e convocar a coragem, conta histórias antigas, fala dos avós e de outros tempos, diz coisas que mais ninguém diz e faz coisas que mais ninguém faz. Um bom pai faz perguntas directas, não evita as conversas difíceis, diz o que tem a dizer mesmo quando isso lhe custa e, tal como os bons mestres, espera que os filhos percebam mais à frente aquilo que nem sempre conseguem compreender ou aceitar de imediato.

Quem teve a sorte de ser filho de um bom pai sabe que é um homem capaz de tudo isto e muito mais. Capaz de ralhar e perder a cabeça, também, mas com a mesma verdade com que abraça e pega ao colo. Um homem aprende a ser pai com o seu primeiro filho, mas não se relaciona do mesmo modo com todos. Pode ter os mesmos critérios e tentar ser igualmente justo, mas se for realmente um pai bom, sabe que tem que ser único e especial para cada filho. E procura tratar cada um de forma diferente, justamente por serem todos iguais no seu coração. A igualdade nas famílias, como fora delas, mede-se pela forma diferenciada como cada um é tratado. À medida de cada um. Nem mais, nem menos.

Não ter pai ou não guardar a memória de um pai é um drama. Uma ferida que nunca sara e pode ficar aberta para sempre. Atravessar uma vida inteira sem a sua presença, ou perdê-lo demasiado cedo, é uma grande tristeza. Um pai faz uma falta terrível. Para tudo. Para dar colo, para ensinar a andar e até a nadar, mas também para orientar e dar exemplo. Para que os filhos possam aprender com ele a lidar com as conquistas, mas também a viver a dor e os sofrimentos. A mãe e outras pessoas igualmente queridas podem estar presentes nos momentos marcantes ou inaugurais dos primeiros passos, das primeiras braçadas ou das primeiras pedaladas numa bicicleta sem rodinhas, mas não é a mesma coisa. O orgulho de um pai, quando sente no filho a confiança para caminhar, para nadar ou para desatar a andar sozinho de bicicleta é inigualável. Todos os filhos pequenos mereciam ter um pai para estes e outros momentos de viragem, mas muito mais importante que tê-lo para as coisas inaugurais, é contar com ele para as gargalhadas e as lágrimas, sabendo-o próximo todos os dias, durante longos anos.

Infelizmente nenhum pai dura para sempre. Nunca saberemos quando será o seu último dia, mas esse dia chega muitas vezes quando menos esperamos. Acordamos com pai e adormecemos órfãos. Assim mesmo. E no momento em que o perdemos, percebemos que não estávamos preparados. Por mais velho que seja, parece que nunca é suficientemente velho para partir. Egoisticamente apetece que fique connosco muito mais tempo, até para podermos ainda reparar alguma coisa que, porventura, precise de ser reparada ou feita de novo. Ser pai e ser filho implica perdoar e ser perdoado. Exige aceitação e perdão, pois nenhum pai é perfeito e nenhum filho é sem mancha. E o tempo é, como dizia Yourcenar, um grande escultor. O tempo serve para nos afastarmos e voltarmos a aproximar, porque há realmente um tempo para tudo. E é esse tempo que apetece aproveitar, mas nem sempre nos é dado. Ou não é dado a todos na mesma medida.

Uma das grandes marcas que ficam para a vida são as memórias das conversas e dos abraços de pai, seja quando os pais são de abraçar com naturalidade, seja quando nem sequer têm facilidade para o fazer. Se o abraço demora ou custa a chegar, sabe ainda melhor. Mas tão vital como receber abraços é (re)aprender a dá-los. Na idade adulta a vida torna-se tão acelerada e tão exigente, que demasiadas vezes esses abraços ficam por dar. E muitas palavras ficam por dizer, também. Quando pais e filhos deixam de morar juntos, tudo se complica. As visitas nem sempre são regulares, a distância parece que aumenta (e em certos casos aumenta mesmo, de forma radical) e tudo é feito numa vertigem.

Acontece que os pais não são eternos. Não duram para sempre, embora nos custe acreditar nessa realidade. Se tivemos a sorte de ter uma vida longa com pais presentes e próximos, eles chegam a parecer-nos eternos. Mas não é verdade. Os pais morrem e nós nunca saberemos o dia. Essa é a nossa única certeza. Tarde ou cedo, quando acontece sentimos que o mundo se torna um lugar estranho. Ao perdermos o pai, perdemos protecção. Mesmo quando o pai não era de proteger os seus filhos ou, pelo contrário, os enchia de preocupações, a sensação é sempre de perda irreparável. Se era um bom pai, perdemos o nosso escudo protector, a nossa grande referência, o nosso maior e mais forte abraço. Se o pai não era como gostávamos que fosse, também perdemos a ilusão de um dia podermos chegar a um ponto de equilíbrio ou até de reconciliação (nem que fosse uma reconciliação com o pai real, deixando para trás o pai ideal ou idealizado).

Porque os pais morrem e nunca saberemos o dia, nem a hora, importa ter muito presente esta verdade. Faz diferença vivermos com esta certeza, para não nos acontecer deixar alguma coisa por fazer ou por dizer. O meu pai morreu na semana passada, quando absolutamente ninguém esperava. Moramos juntos nos últimos anos e vivemos todos na mesma casa durante o tempo suficiente para que nada de essencial ficasse por dizer ou fazer, mas mesmo assim a perda é irremediável. Por isso escrevo para que outros filhos e outros pais não se esqueçam de que tudo passa, menos o amor. No coração de um pai ficam para sempre gravados todos os gestos de amor, mesmo os mais ínfimos. No coração dos filhos também".

Laurinda Alves in Observador 

Foto 
Ana Batista

Quem não cuida, perde.



Quando magoares uma pessoa de bom coração ela não vai levantar a voz, nem responder. Não vai expor a dor que sente ou exigir explicações. Pessoas de bom coração escolhem o silêncio porque a sua força está na paz que carregam. Vai guardar a mágoa em silêncio, vai afastar-se lentamente e um dia simplesmente não vai já lá estar. Não deixará de ser boa mas jamais será a mesma pessoa para quem a magoou. Quando isso acontecer, vais ficar a saber que não só a magoaste, mas que também a perdeste para sempre.

Emanuela Laura Grigoriu

- 19. 11. 2024

terça-feira, 19 de novembro de 2024

Manhã de nevoeiro, tarde de sol esplendoroso



Chorar e rir são o contrário do que acaba connosco. O que acaba connosco é a incapacidade de chorar, a incapacidade de rir.
Os que riem mais, os que choram mais, são os que vivem até mais tarde. Mesmo que vivam menos anos, claro, ou ainda são daqueles que acham que o tempo se mede em tempo? Não é com o relógio que se contam as horas; é com saudade. Só vivemos o tempo que recordamos. O resto não foi tempo vivido, foi tempo perdido. Espero que ainda vás a tempo de perceber isso.
_ Pedro Chagas Freitas
A RARIDADE DAS COISAS BANAIS
- 19. 11. 2024

Finos o tanas...


 

De súbito, com ares de superioridade a olhar para todos nós como se fôssemos extraterrestres, entrou na sala de espera uma senhora com ares de diva indignada, porque “aquilo” (o mais conceituado hospital particular de Lisboa) mais parecia um hospital público! Quando foi chamada ao guichet pela ordem de chegada prescrita pela máquina das senhas, voltou a exaltar-se com a funcionária que a estava a atender, não percebi bem porquê – se calhar pensou que estaria a falar para a empregada na sua casa – e no meio da verborreia de falas finas misturadas com outras bem mal-educadas, vociferou um “sim, é que nós pagamos a pronto”.

E prosseguiu:

- É uma vergonha este hospital atender pessoal da ADSE.
Ninguém fez caso do seu histerismo mas a mim apeteceu-me dizer-lhe que não sendo beneficiário da entidade que tanto a incomodava mas de uma sua congénere, tal como ela tinha pago a pronto todos os exames que fizera na semana passada, do mesmo modo que iria pagar hoje a consulta do médico na sua totalidade dado que a “minha” entidade não tem acordo com o serviço de urologia daquela unidade de saúde, sendo que quer os meus direitos, quer o de todas as pessoas ali presentes, eram igualzinhos aos dela por mais que isso a indignasse.
Eis senão quando quando irrompe na sala de espera outro caricato personagem, aparentemente da mesma linhagem “fina” daquela diva, só que desta vez no masculino, o qual, sem sequer olhar para a máquina do atendimento por senhas como faz toda a gente quando chega, dirigiu-se de rompante a um dos guichets onde estava outra pessoa a ser atendida de quem se meteu à frente e aos berros vociferou “tenho de ser atendido já, porque venho à rasca”.
E a senhora do guichet, que, no entender de todos quantos ali estávamos à seca, deveria ter-lhe dito que ali não era o banco das urgências, amavelmente como sempre fazem, disse-lhe que fosse à máquina tirar uma senha prioritária, a última das opções que lá constava.
E ele foi.
E soube exatamente para o que era aquela “coisa” para a qual manhosamente não tinha sequer olhado quando chegou.
Mais caricato ainda e já com a senha prioritária na mão, foi imediatamente encaminhado para um dos gabinetes, provavelmente o do médico especialista "daquilo" que o punha à rasca, passando à frente de quem ali estava há mais de hora e meia a aguardar a sua vez.
Contudo, o mais revoltante daquela xico-espertice – porque outra coisa não foi – é que, após ter sido atendido “por estar à rasca” saiu do consultório fresco como uma alface e ficou na sala de espera a tagarelar com outra pessoa provavelmente sua conhecida, com a qual ainda continuava a conversar quando eu saí do consultório do Dr Urologista, onde entretanto tinha sido chamado e estivera meia hora.
Ninguém refilou, ninguém disse nada. Mas eu, incapaz de me conter mais, enquanto esperava a chamada ao guichet para pagar a consulta, dirigi-me ao “dondoca” e disse-lhe olhos nos olhos:
- É bem evidente a gravidade do seu problema de saúde e as mil razões que tinha para se sentir tão “à rasca” que nem podia esperar pela sua vez!
O gajo olhou para mim com o mesmo ar de superioridade com que a outra “tia” nos tinha mirado a todos ao chegar e perguntou enfaticamente:
- Mas quem é você?
Calmamente – curiosamente quando me sinto desafiado fico sempre estranhamente calmo – respondi num sussurro:
- Sou o José Coelho, do Alentejo, com toda a certeza uma pessoa muito mais bem formada do que o senhor!
Não obtive qualquer resposta.
E naturalmente mais nada disse também.
O gajo percebeu perfeitamente o meu reparo cara a cara e não quis mais conversa.
Entretanto fui chamado ao guichet para pagar a consulta e marcar os próximos exames. Quando de lá saí olhei em volta e já não o não vi na sala. Provavelmente eu teria feito melhor ter ficado calado como todas as outras pessoas, mas não gosto nada de ver estas coisas inaceitáveis.
Na sala de espera continuava uma senhora idosa acompanhada de uma sua filha para consulta com um Dr cujo nome dizia vezes sem conta e marcada para as dez da manhã. Eram onze e meia e ainda não tinha sido chamada. Levantava-se e ia ao guichet reclamar de vez em quando, perante a impaciência da filha.
E no guichet respondiam-lhe:
- A senhora tem de aguardar…
Mas um burgesso daqueles tão bem vestido como arrogante, fora imediatamente encaminhado para onde queria, bastando berrar que "vinha à rasca"…
Na minha terra, quando alguém diz que está à rasca, costumamos recomendar-lhe que vá cagar para aliviar.
E desde quando é que num piso de hospital exclusivamente para consultas se faz também serviço de urgência?

Texto e foto

No meio das nuvens



Hoje por aqui, amanheceu assim...
Fotos José Coelho

domingo, 17 de novembro de 2024

O tempo passa, a vida também. Sejam felizes

Foto Francisca Coelho

O tempo! Esse cavalo veloz que parece trotar tão devagarinho quando somos moços e temos aquela inexplicável pressa de chegar a adultos, mas que, chegando lá, parece ganhar asas. E ainda não é ano novo já se vislumbra o carnaval, a semana santa e a páscoa para logo a seguir chegar o verão. Mas passado Agosto, os dias dão em minguar e não tarda estamos na festa dos Santos já com o Natal a acenar no horizonte.

A vida é demasiado breve. Mas quase todos nós só damos conta dessa realidade depois de ela já ter passado. Eu sei que esta afirmação é um lugar-comum mas nem por isso deixa de ser uma inquestionável verdade. Quem de nós não pensou, não admitiu até que, se pudesse voltar atrás, não faria isto, ou aquilo, ou aqueloutro da forma como o fez, convencido de que se tivesse agido de maneira diferente, talvez tivesse sido mais feliz. 

Mas -  e passe a redundância - será que teria sido assim? 

Sou crente em Deus e professo uma convicta fé. Acredito que nada acontece por acaso na nossa vida e que cada um de nós vem ao mundo com um determinado caminho para percorrer. Esse caminho a que muitos chamam destino mas eu prefiro chamar-lhe coragem, empenho, querer, e talvez também porque não, alguma teimosia. 

Sendo ainda também certo que a família, o meio ambiente e as condições em que cada pessoa nasce, cresce e se desenvolve até à idade adulta contribuem decisivamente para a formação mais ou menos equilibrada de cada pessoa, não é menos certo que o caminho que cada um escolhe é da sua inteira e exclusiva responsabilidade quase sempre, ressalvadas algumas excepções, porque as há.

Chegado que estou a muito mais de metade da minha caminhada, apraz-me sentir e honestamente afirmar-vos que, graças ao Deus em quem acredito e confio, se fosse possível a tal quimera de voltar atrás no tempo, pouco ou nada mudaria em tudo aquilo que até hoje foi a minha vida, o meu percurso, a minha história. 

Nem sempre foi fácil, mas nunca me deparei com obstáculos impossíveis de vencer. Muitas vezes foi necessário encher-me de coragem e de determinação, à mistura com algumas lágrimas amargas, mas consegui sempre superar as dificuldades e alcançar as metas que me propus conquistar.

Tenho por isso, há muitos anos, o hábito diário de antes de adormecer dar graças pela vida que tão generosamente me foi concedida, pelos pais maravilhosos que tive, pelos avós que tanto me acarinharam e a quem tanto amei também, pelas irmãs amigas, pela esposa companheira e mãe extremosa dos nossos filhos, doce e dedicada avó das nossas netinhas. 

Mas não só, porque fui ainda também agraciado por uma legião de excelentes tios e tias, primos e primas quer da família materna, quer  da paterna, o que, tudo em conjunto, me faz sentir o privilégio raro de ter merecido das mãos do meu Senhor as maiores bençãos que qualquer ser humano almeja alcançar. 

Sou, em resumo, profundamente grato por toda a minha existência. E quanto mais vivo mais aprendo e agradeço. Não tendo sido de modo nenhum um caminho isento de dificuldades, foi minimamente decente e feliz e por isso mesmo não necessito de muito mais do aquilo que já tenho. 

Contudo, depois de dar graças ao Senhor pelo que continuo a receber cada dia, não deixo de lhe pedir que do mesmo modo ajude como sempre me ajudou a mim também, todos aqueles que amo. Filhos, netas, noras, irmãs, sobrinhos e demais família, assim como algumas pessoas amigas de coração.

Os anos que entretanto passaram fazem com que se anunciem já por aqui muitos vestígios de desgaste físico e consequentes mazelas. Mas cá vou indo calmo e sereno para aceitar, enfrentar e tentar resolver dentro do possível, tudo o que vier segundo os planos do divino Criador

Desejo para toda a minha Família e Amizades um bom resto de ano 2024 e que entrem em 2025 com o pé direito, tenham muita saúde, sorte e felicidades. Para este complexo Mundo que habitamos tão cheio de coisas indesejáveis e preocupantes, peço aquilo que a todos nós parece já uma utopia. 

A Paz indispensável para que cessem todas as guerras e desse modo os homens consigam ser verdadeiramente irmãos. 

José Coelho
17. 11. 2024

Um amor e cumplicidade indescritíveis



Mais um super, hiper, mega feliz fim de semana com as minhas Princesas. Obrigado, meus amores voltem sempre! ADORO-VOS...

De tão feliz, o coração nem me cabe no peito e transborda felicidade.

Fotos Francisca Coelho
- 16. 11. 2024

sexta-feira, 15 de novembro de 2024

Bom fim de semana

Foto José Coelho 

E tudo o "progresso" levou

Gare vazia de comboios e passageiros da Estação da Beirã desde agosto 2012

 

O tempo! Ah! O tempo… Às vezes nem parece o mesmo de quando nasci. Naquela época não havia casa, casebre ou sócha que não contivesse uma família lá dentro. Fosse uma pessoa para onde quer que fosse, da Beirã ao Cabeço de Seixo, da Beirã à Atalaia, da Beirã às Amendoeiras, da Beirã à Retorta, por todos os lugares dos quatro pontos cardeais havia gente a morar, a trabalhar, a viver.

Por toda a parte se ouviam vozes de gente a conversar, pastores a assobiar aos gados, searas a ondular nas tapadas, pomares e abundantes hortas a bordejarem os ribeiros e regatos.

Chamava-se a tudo isso... 

Vida!

Que pura e simplesmente deixou de existir.

Bastaram cinquenta anos.

Tudo foi varrido destas paragens como se um vento ruim por aqui tivesse passado e com ele levado tudo.

Não sei se não foi mesmo.

Esse vento ruim para mim usa um nome fino e sonante. Apelidam-no de progresso. Eu não acho que ele nos tivesse trazido algo assim de tão bom. Senão vejamos. Que progresso extingue tudo aquilo em que toca, desertifica freguesias, concelhos, regiões inteiras?

Que progresso mata os usos e costumes de um povo maioritariamente rural de norte a sul, a sua agricultura, o seu comércio e serviços, obrigando ao êxodo em massa dessas populações para os grandes centros urbanos abandonando as suas raízes?

Que progresso sobrecarrega o povo de impostos, taxas e sobretaxas para satisfazer os mercados, cujos responsáveis visam apenas o lucro e a ganância de outros, promovendo a corrupção e o compadrio numa total ausência de decoro?

E, como se isso não fosse já por si só suficientemente censurável, ter ainda como consequência direta a asfixia e morte de quase todos os pequenos negócios que serviam e facilitavam a vida às populações das aldeias que teimaram cá ficar e delas não quiseram arredar pé?

Que progresso extingue em vez de modernizar e tornar rentáveis, ramais ferroviários inteiros de norte a sul, com tudo o que deles dependia – postos de trabalho, economias locais e mobilidade das populações – desrespeitando sem contemplações esse património construído à custa do erário público que serviu o país durante décadas?

Que progresso permite que se cometam tantos atropelos aos direitos mais elementares das pessoas, sucessivamente decididos nos gabinetes climatizados da capital por decisores políticos sem a mínima sensibilidade social, cada um mais hostil que o anterior? 

Progresso é só planear autoestradas, pontes e outras obras faraónicas?

E nós provincianos refilamos, mas continuamos a metê-los nos seus confortáveis gabinetes a cada quatro anos. 

Não sei se é triste sina nossa, ingenuidade ou conformismo, mas sei que passados cinquenta anos de democráticas decisões, mais de metade do nosso país está vazio e sem quaisquer perspectivas de futuro, mormente o "meu" Distrito de Portalegre que é campeão nacional da indiferença política coletiva, da desertificação e do envelhecimento populacional, onde nasci, cresci, trabalhei a vida toda e vivo ainda.

O tempo não volta!

Mas às vezes penso que muitas coisas o tempo repete. Por exemplo, no "tempo da outra senhora" dizia-se que a política vigente era a "dos três éfes". Fátima Futebol e Festas. Curiosamente, no tempo da "senhora atual", esse espírito mantém-se.

Basta perceber as multidões que continuam a afluir à Cova da Iria, as paixões assoberbadas e sempre ao rubro no Futebol, e, como não, o quanto a malta continua a gostar de Festas.

Sejam romarias, feiras medievais, ou campanhas eleitorais. 

Assumo sem qualquer hesitação que também vou a Fátima. Ao Futebol já não tanto e às Festas menos ainda, mas do que gosto mesmo e pratico diariamente desde que meus pais e avós me os ensinaram, ensinei depois aos filhos e ensino agora às netas, são os valores e princípios fundamentais que ninguém deveria deixar de praticar nunca.

O respeito, a dignidade no trato, a honestidade nas palavras e nas atitudes, a honradez nos compromissos, e, acima de todos eles, uma irrepreensível integridade de carácter.

Resumindo o sentir da minha gente do campo maioritariamente analfabeta, vou descrever o que inúmeras vezes ouvi das suas honradas bocas:

Uma pessoa pode não ter mais nada na vida, mas há uma coisa que nunca pode deixar de ter. A vergonha na cara.

É infelizmente vulgar a total ausência de valores e princípios em muitas pessoas à nossa volta, com particular gravidade em figuras públicas que deveriam ser exemplo para todos nós, mas que pelo contrário são com demasiada frequência a nossa coletiva humilhação.

Por isso me revejo muito mais no tempo em que fui moço apesar das tremendas dificuldades de então, do que no atual com todas as facilidades existentes. 

Disse.

José Coelho

quinta-feira, 14 de novembro de 2024

É, decididamente, inexplicável

Quintal da Toca dos Coelhos - Foto José Coelho

Já não era dia, mas também não tinha anoitecido completamente quando fui ao quintal verificar se estava tudo em ordem em redor da casa e fechar as portas da cozinha fumeiro, do forno e o portão da rua.
Imediatamente me vi rodeado pela suave luminosidade do lusco-fusco e do tal absoluto silêncio de findar do dia, que tantas vezes descrevo. É impressionante como as alvoradas podem ser tão animadas com o alegre e movimentado despertar da natureza inteira, mas como tudo se recolhe e emudece com a aproximação da noite. Simplesmente maravilhoso. Senti, como sinto sempre, que a existir o tal Céu para onde dizem que vão as almas boas, só poderá ser assim.
A oriente, o azul-turquesa da noite a aproximar-se da aldeia. A ocidente e sobre o telhado da nossa casa, o vermelho alaranjado deixado pelo sol poente.
Já fui mais crente do que sou hoje mercê de tanta maldade que grassa sobre o Mundo que habito, tanta coisa ruim a suceder em catadupa cada uma mais inquietante do que a anterior. A ingenuidade de acreditar que o sofrimento redime o pecador tem sido substituída por uma descrença galopante e provada pelos sucessivos, indesmentíveis e ainda mais incompreensíveis factos que nos entram olhos dentro todos os dias.
Ainda assim, continuo a sentir no mais fundo do meu íntimo um cada vez mais ténue reflexo daquela fé que me acompanha desde que me lembro de ser gente, mas cuja convicção é cada dia menor.
Contudo, nestes quase indescritíveis momentos a sós com o universo, envolto no mais absoluto silêncio neste mundo muito meu e muito particular, sinto uma tranquilidade, uma leveza, uma harmonia e uma paz tão reais que quase posso tocar-lhes com as mãos, tal é a sua intensidade e encanto.
São momentos que harmonizam alguns desequilíbrios emocionais que me afetam, reconfortam carências afetivas que me atormentam e me levam até junto de todos os entes queridos que habitam na minha saudade.
É realmente algo mágico, tão doce e inexplicável, que em muitos destes momentos ao longo da minha vida ingenuamente pensei e acreditei que as magníficas cores do céu, o silêncio e a quietude tão reais que nem a aragem tenta mover as folhas das árvores, só podem significar a Natureza inteira a saudar o seu Criador.
Apesar dos tantos tombos que já dei, dos tantos pontapés que levei, das tantas decepções que apanhei, continuo a não encontrar uma explicação melhor, mais plausível, mais explícita ou entendível, para decifrar "isto" que hoje ao fim do dia e uma vez mais me rodeou, me arrepiou e encantou...