quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Meu vício de ler...

Foto by Pedro Coelho in 10.03.18

Aprendi a não bater de frente com quem só entende o que lhe convém


Uma das coisas mais desagradáveis que acontecem é sermos mal-entendidos, quando o outro deturpa as nossas palavras ou as nossas atitudes, descontextualizando-as e utilizando-as em proveito próprio, enquanto nos coloca a nós como o vilão da história. A gente acaba até ficando sem saber se fomos nós que não soubemos explicar-nos ou se o outro é que não soube interpretar-nos

Infelizmente, quanto mais tentarmos provar o nosso ponto de vista, quanto mais nos explicarmos, pior ficaremos, porque quem não entende da primeira vez, raramente compreenderá dali em diante.

Quem se faz de tonto e de vítima jamais será capaz de assumir os seus erros, de se responsabilizar pelos seus atos, de se colocar no lugar de alguém. Tentar fazê-lo enxergar para além do seu umbigo é inútil.

Na verdade, devemos ser sempre verdadeiros e claros com toda a gente, pois, assim, quem nos conhece de facto e gosta de nós, não se abalará com as maledicências que alguém tente espalhar sobre a nossa pessoa.

Temos que ter a tranquilidade de que vivemos de acordo com o que somos, sem dissimulações e meias verdades, para que a mentira alheia não nos atinja nunca, tampouco possa ser levada em conta por quem nos é importante.

Eu costumava bater de frente, quando entendiam errado o que eu dizia, quando maldiziam as minhas atitudes. Hoje não perco mais tempo tentando provar nada a ninguém, de jeito nenhum. O meu tempo é demasiado precioso e resolvi aproveitá-lo para fazer o que gosto, junto de quem me faz bem.

Hoje tenho a certeza de que muitas pessoas só entendem aquilo que querem e da maneira que melhor lhes convém.

Não importa o que eu diga ou o que eu faça, muitas pessoas somente interpretarão a minha vida de acordo com o nível de entendimento delas mesmas, para que possam justificar-se através dos erros que transferem ao mundo – segundo elas pensam, elas nunca erram. Não tenho muito tempo livre, portanto, não gastarei mais energia com quem não merece.


Marcel Camargo
(adaptado ao português de Portugal)