Epílogo
As
Historias do Cota mais não são do que o fiel relato da minha vida à medida daquilo
que a memória conseguiu reter de bom ou de mau. Eu contava essas “estórias” como
entretenimento em família, às vezes entre amigos e em nossa casa, até que um
dia o filho Pedro atirou, em modo de sugestão:
-
Porque não passas tudo isso a escrito, pai?
Dei
por mim a pensar:
- E porque não? Seria uma boa forma de os filhos (agora também as netas) ficarem
com um registo autêntico e perpétuo das suas origens e raízes!
Assim começou esta aventura sem quaisquer pretensões de me armar em
escritor porque sei e reconheço a humildade das minhas habilitações literárias,
bem como o insuficiente conhecimento dos meandros gramaticais a usar na
correcta redacção de um texto. Fiz por isso o melhor que consegui e sabia. Não
inventei nada. Tudo o que ficou registado é a verdade, só a verdade e apenas a
verdade. Nunca foi minha intenção melindrar, ofender ou por qualquer forma
difamar fosse quem fosse, mas, se alguém achar que consegue desmentir seja o
que for daquilo que aqui ficou escrito, faça o favor de se identificar e vamos aos factos.
Muitas
outras “estórias” ficaram por contar porque seria impossível relatar o dia a
dia de uma luta que já dura há sessenta e cinco solstícios de primaveras,
verões, outonos e invernos. A minha vida quer a profissional quer a pessoal não terminaram obviamente no natal do meu último relato, pubicado há dias. Seguiram-se mais
alguns anos de muito e dedicado trabalho em prol das gentes do concelho de Nisa
confiadas à responsabilidade do efectivo do posto que comandei até finais de
outubro de 1992, cujo elenco, no seu todo, era protagonista de uma tão
excepcional qualidade e competência profissionais que nunca mais na minha vida os esquecerei.
Em
Outubro de 1992 inopinadamente surgiu a possibilidade de voltar a Castelo de
Vide e não resisti ao apelo. Aceitei o desafio sem imaginar que nem a esposa
nem os filhos queriam já deixar Nisa. Provavelmente fui um tanto ou quanto
egoísta porque não os consultei sequer. Também não deu tempo. Estava como sempre
dentro do jipe a rondar os campos nas cercanias do Pé da Serra quando fui
contactado via radio para me ser oficialmente informada a iminente transferência de Nisa
para Castelo de Vide. E tinha que ser sim, ou não. Claro que a resposta compulsiva
e imediata foi um rotundo SIM.
Precisava
voltar àquele lugar onde como soldado mais novo do posto tinha sido insultado,
difamado e judiado tantas vezes. Não para me vingar de ninguém que eu não sou
de vinganças. Queria tão só e apenas fazer as pazes com aquele meu doloroso
passado. E fiz mesmo. Completamente. Só não tive tempo de aquecer muito o lugar
na terra do meu pai como comandante de posto, porque, entretanto, no mês de
abril seguinte – 1993 – surgiu a nomeação para ir para a Escola Prática de Infantaria em Mafra frequentar o curso de
promoção ao posto seguinte, findo o qual fui colocado por motivo dessa mesma promoção em
Portalegre a chefiar a secretaria da Companhia de Comando e Serviços na
subunidade de Instrução ali existente. Dali transitei mais tarde para a chefia da
Secretaria Geral do Comando e foi nesta subunidade que terminei, dez anos mais tarde, o
meu percurso profissional com a passagem à reforma.
As
Histórias do Cota ficam então por aqui. Mas prometo que vou continuar este meu
vício da escrita com muitos e variados assuntos, quiçá, quem sabe, mais uma ou
outra “estória” de vida que de repente me lembre e considere valer a pena
passar a escrito. Obrigado a quem se dá ao trabalho de ler o que escrevo,
obrigado também pelos incentivos que me chegam das mais variadas formas.
A
vocês Manel e Pedro Coelho(s), compete agora continuarem, se assim o entenderem, mas com as vossas estórias porque também as têm, e para que as vossas filhas e minhas net@s saibam de onde vieram os seus apelidos paternos...
Disse.
Um
beijinho do vosso pai