domingo, 25 de junho de 2017

E acabou-se a história...



Epílogo


As Historias do Cota mais não são do que o fiel relato da minha vida à medida daquilo que a memória conseguiu reter de bom ou de mau. Eu contava essas “estórias” como entretenimento em família, às vezes entre amigos e em nossa casa, até que um dia o filho Pedro atirou, em modo de sugestão:

- Porque não passas tudo isso a escrito, pai?

Dei por mim a pensar:

- E porque não? Seria uma boa forma de os filhos (agora também as netas) ficarem com um registo autêntico e perpétuo das suas origens e raízes!

Assim começou esta aventura sem quaisquer pretensões de me armar em escritor porque sei e reconheço a humildade das minhas habilitações literárias, bem como o insuficiente conhecimento dos meandros gramaticais a usar na correcta redacção de um texto. Fiz por isso o melhor que consegui e sabia. Não inventei nada. Tudo o que ficou registado é a verdade, só a verdade e apenas a verdade. Nunca foi minha intenção melindrar, ofender ou por qualquer forma difamar fosse quem fosse, mas, se alguém achar que consegue desmentir seja o que for daquilo que aqui ficou escrito, faça o favor de se identificar e vamos aos factos.

Muitas outras “estórias” ficaram por contar porque seria impossível relatar o dia a dia de uma luta que já dura há sessenta e cinco solstícios de primaveras, verões, outonos e invernos. A minha vida quer a profissional quer a pessoal não terminaram obviamente no natal do meu último relato, pubicado há dias. Seguiram-se mais alguns anos de muito e dedicado trabalho em prol das gentes do concelho de Nisa confiadas à responsabilidade do efectivo do posto que comandei até finais de outubro de 1992, cujo elenco, no seu todo, era protagonista de uma tão excepcional qualidade e competência profissionais que nunca mais na minha vida os esquecerei.

Em Outubro de 1992 inopinadamente surgiu a possibilidade de voltar a Castelo de Vide e não resisti ao apelo. Aceitei o desafio sem imaginar que nem a esposa nem os filhos queriam já deixar Nisa. Provavelmente fui um tanto ou quanto egoísta porque não os consultei sequer. Também não deu tempo. Estava como sempre dentro do jipe a rondar os campos nas cercanias do Pé da Serra quando fui contactado via radio para me ser oficialmente informada a iminente transferência de Nisa para Castelo de Vide. E tinha que ser sim, ou não. Claro que a resposta compulsiva e imediata foi um rotundo SIM.

Precisava voltar àquele lugar onde como soldado mais novo do posto tinha sido insultado, difamado e judiado tantas vezes. Não para me vingar de ninguém que eu não sou de vinganças. Queria tão só e apenas fazer as pazes com aquele meu doloroso passado. E fiz mesmo. Completamente. Só não tive tempo de aquecer muito o lugar na terra do meu pai como comandante de posto, porque, entretanto, no mês de abril seguinte – 1993 – surgiu a nomeação para ir para a Escola Prática de Infantaria em Mafra frequentar o curso de promoção ao posto seguinte, findo o qual  fui colocado por motivo dessa mesma promoção em Portalegre a chefiar a secretaria da Companhia de Comando e Serviços na subunidade de Instrução ali existente. Dali transitei mais tarde para a chefia da Secretaria Geral do Comando e foi nesta subunidade que terminei, dez anos mais tarde, o meu percurso profissional com a passagem à reforma.

As Histórias do Cota ficam então por aqui. Mas prometo que vou continuar este meu vício da escrita com muitos e variados assuntos, quiçá, quem sabe, mais uma ou outra “estória” de vida que de repente me lembre e considere valer a pena passar a escrito. Obrigado a quem se dá ao trabalho de ler o que escrevo, obrigado também pelos incentivos que me chegam das mais variadas formas.

A vocês Manel e Pedro Coelho(s), compete agora continuarem, se assim o entenderem, mas com as vossas estórias porque também as têm, e para que as vossas filhas e minhas net@s saibam de onde vieram os seus apelidos paternos...

Disse.

Um beijinho do vosso pai