Foto Pedro Coelho em 24. 12. 2022
(O Deus Menino da Igreja da Beirã, desde1943)
Nem todos querem multidões. Nem todos precisam de um abraço à meia-noite ou de uma mesa cheia para fazer sentido. Há quem prefira o silêncio ao ruído das expectativas alheias.
Quem fica sozinho nas noites de 24 e 31 não é triste; é livre. A liberdade, às vezes, é não precisar explicar por que preferes ouvir o estalar do aquecedor ao barulho do champanhe.
Nem todos têm a mesa cheia, os brindes ruidosos, o calor que os filmes prometem. Talvez nem todos queiram. A luz do frigorífico pode ser mais honesta do que velas num jantar forçado. O silêncio não mente.
O problema nunca é estar sozinho. O problema é carregar o peso do que outros esperam. A solidão não é um crime; o crime é fingir que precisas de companhia.
Os que dizem que estar sozinho é fracasso nunca encararam o silêncio. O silêncio é o mais honesto dos juízes. É ele que diz sempre a verdade.
Podes estar só e, mesmo assim, estar em paz.
Não precisas de ninguém para contar até zero. A solidão nunca foi o inimigo. Só um lugar onde, enfim, te podes encontrar.
Pedro Chagas Freitas
A RARIDADE DAS COISAS BANAIS