Sei das limitações que todos possuímos a começar pelas minhas, assim como sempre soube também qual é o meu lugar na vida. Não ando e nunca andei à procura de protagonismos sendo público o meu recato habitual no sossego da minha casa e no seio da minha família mês após mês, ano após ano. Jamais assumi qualquer responsabilidade sem ter a firme convicção de que seria capaz de a executar com êxito e competência. Talvez por isso redondamente se enganou muita gente que levianamente julgava conhecer-me bem e podia por isso mesmo opinar negativamente a meu respeito.
Até houve uma alminha iluminada que já voou para a eternidade que certa vez me disse sem qualquer pejo e sem gaguejar que eu tinha chegado aonde cheguei, porque tinha muita sorte! Pois! Sorte teve essa alminha que nunca meteu os pés à ribeira e nunca os molhou, que nunca deixou a sua família sozinha para ir lutar pela vida longe de casa, nem nunca dormiu fora da sua cama. Sorte, uma ova. Sorte, o catano. Trabalho, sim, muito. Noites mal dormidas com receio de ficar entaipado dentro da mina ou de não acertar nas respostas às perguntas dos inúmeros testes semanais dos cursos de promoção. De não conseguir superar as provas físicas. E mais mil e uma dificuldades durante infindáveis anos.
Sorte! Vai lá vai...
E nunca, NUNCA, pedi nada a ninguém, para mim ou para qualquer um dos meus familiares diretos, do mesmo modo que nunca devi e não devo também nada a filho/a da mãe nenhum/a. Tudo o que tenho é meu, fruto apenas do meu esforço e capacidade, sem a mínima ajuda fosse de quem fosse, para enorme desilusão dessas criaturas falantes que morrem de inveja e de dor de cotovelo da minha vida, para não escrever outra coisa mais feia e bicuda. Infelizmente não há remédios nas farmácias capazes de curarem essas doenças malignas que infetam as suas bocas e contaminam de sentimentos ruins os seus corações.
José Coelho
Foto Maria Coelho
- Julho 2024