Altar-mor da Igreja Paroquial de Nª Sª do Carmo - Beirã
Foto José Coelho
É
muito conhecida a máxima de que os exemplos e as atitudes é que valem porque
discursos e palavras leva-os o vento. Podemos dizer frases bonitas, argumentar
com propriedade, porém, a forma como vivemos e aquilo que fazemos é que
determina o que somos e o que temos dentro dos nossos corações.
O
mundo anda carente de amor, de respeito, de empatia, de se reparar no outro, de
se perceber que somos parte de um todo. A vida corre também fora de nós e
estende-se muito além da nossa zona de conforto. Temos que cuidar do que acontece
dentro de nós, dos nossos sentimentos, porém, caso só nos preocupemos com o
nosso eu, estaremos a negligenciar o nosso papel social, a nossa capacidade de
nos relacionarmos e de fazermos uma diferença positiva nas vidas alheias.
É
interessante notar que as pessoas procuram diferentes formas de se comunicarem
com Deus para se sentirem bem. (…) Mesmo assim, apesar de toda essa gente que
frequenta igrejas, cultos, terreiros, ainda assistimos a cenas de total falta
de compaixão em relação ao próximo. Nem mesmo as crianças e os idosos têm sido poupados
a atitudes violentas ultimamente.
E
ao lado dessa violência explícita, há ainda a violência velada, implícita,
indireta, mas também extremamente prejudicial. Um simples olhar, o desprezo, o
silêncio diante do mal, várias atitudes que implicam violência e maldade.
Muitas pessoas, inclusive, conseguem ser muito melhores na rua do que em casa.
Encarnam uma figura bondosa na sociedade mas transformam os seus lares em
verdadeiros infernos, sendo cruéis com seus familiares das mais variadas
formas.
Como
se vê, muitas pessoas se contradizem diariamente, fingindo o que não são. E tentam expiar as suas culpas em locais religiosos, fazendo caridade como
obrigação na tentativa de receberem o perdão, porque, na verdade, têm plena consciência do
mal que espalham. Porém de nada adianta rezar, se continuam a praticar os mesmos
erros. A religião está dentro de cada um e só existe na prática. Porque a
religião não se discute, pratica-se.
Marcel Camargo
in A
nossa religião é aquilo que fazemos quando o sermão acaba
(Adaptado)