Foto by Pedro Coelho
Amigo,
tu que choras uma angústia
qualquer
e falas de coisas mansas como
o luar
e paradas
como as águas de um lago
adormecido,
acorda!
Deixa de vez
as margens do regato
solitário
onde te miras
como se fosses a tua
namorada.
Abandona o jardim sem flores
desse país inventado
onde tu és o único habitante.
Deixa os desejos sem rumo
de barco ao deus-dará
e esse ar de renúncia
às coisas do mundo.
Acorda, amigo,
liberta-te dessa paz podre de
milagre
que existe
apenas na tua imaginação.
Abre os olhos e olha,
abre os braços e luta!
Amigo,
antes da morte vir
nasce de vez para a vida.
Manuel da Fonseca