Esta é, provavelmente, a foto mais bem conseguida da Padroeira da Beirã
(E não o digo só por ter sido feita pelo meu filho Pedro)
Mais um ano. Já vão sendo tantos! E mudou tanta coisa. Nasci poucos anos depois de a Senhora do Carmo ter sido eleita Padroeira da minha Beirã. Nesse tempo chamavam à Sua festa, a "festa do pau caiado" porque todas as ruas da aldeia eram engalanadas com paus caiados de cal branca que ostentavam bandeiras de pano azul e branco. E entre eles, de um para o outro lado da rua, um tecto de bandeirinhas de papel entrelaçadas com dezenas e dezenas de lâmpadas.
Nas ruas por ia passar a Senhora no seu andor, eram também colocadas faixas de pano branco a enaltecê-la com enormes letras negras pintadas, tais como "TU ÉS A HONRA DO NOSSO POVO" e outras. Foi uma das maiores e mais concorridas festas do concelho de Marvão nas décadas de 50/60/70. Começou a perder a sua importância a partir da década de 80 e todos os Beiranenses sabem porquê. Nem vale a pena comentar porque de nada vale chorar sobre o leite derramado.
No sábado passado, dia 7 de Julho, teve início a novena ainda nunca interrompida desde que me conheço. Para facilitar a vida das pessoas foi orientada para o final da Eucaristia vespertina que como já por aqui vos disse deixou de ser aos domingos e passou para os sábados às seis da tarde, sinal mais que evidente dos tempos que correm por estas bandas. Quereis saber quantas pessoas decidiram ficar para honrar a Padroeira?
Primeiro, só eu e a minha irmã Joaquina. Depois, timidamente, mais três ou quatro senhoras e um cavalheiro, juntaram-se a nós. Noutro tempo ficava a igreja cheia. Iam mais pessoas à novena da Senhora do Carmo do que iam, em muitos domingos, à missa. Ontem, segundo dia, fomos mais algumas pessoas, mas... poucas. Costumo ir mais cedo para abrir a porta, acender as luzes, essas coisas necessárias que alguém tem que fazer, numa colaboração sincera e desinteresseira para com a comunidade.
A sós com o Santíssimo Sacramento que habita no sacrário e com a Senhora do Carmo que na sua bondosa expressão de Mãe nos olha serenamente lá do seu altar sobre o sacrário, costumo murmurar com infinita tristeza e como se eles me pudessem ouvir ou responder: - Somos por aqui cada vez menos, Senhor meu Deus, Senhora minha Mãe...
Não há volta a dar.
Não mesmo.
Ainda assim e enquanto conseguir hei-de dedicar todas as minhas capacidades, forças e empenho para que este santo templo que tão bem acolhe quem o procura, assim como os Santos moradores que lá conheço desde que nasci e sob cujo olhar casaram os meus pais, fomos batizados e casámos eu e as minhas irmãs, se batizaram e depois casaram também os meus filhos, e, mais recentemente ainda, se batizaram as minhas netas, nunca deixem de ser honrados e dignificados como lhes é devido, mesmo sendo nós já tão poucos.
Ando por lá, há já um bom par de décadas. E lá continuarei enquanto Deus quiser. Dia 16 de Julho de 2018, ao meio dia, vamos honrar uma vez mais a Padroeira. Depois às nove da noite será a procissão. Amanhã terça feira dia 10, depois da novena, temos o primeiro ensaio de preparação da Eucaristia. Costuma ser muito mística, muito íntima e reconfortante.
Venham daí celebrar e cantar connosco.
Se puderem e quiserem...