sábado, 6 de junho de 2015

Justificação de falta...


Recorte de uma foto by Pedro Coelho 

Ando um bocadinho ausente deste espaço. Desculpem. Não é por falta de inspiração. Pelo contrário. Muitos temas, muitos projectos no meu íntimo, catadupas de ideias na minha cabeça para escrever sobre tantas, tantas coisas, mas...

Ainda não estou bem. 

Ainda não cheguei onde é preciso chegar para poder seguir em frente e sem olhar para trás. Sei que vou encontrar o meu equilíbrio, o meu novo ponto de partida e que estou já lá perto mas ainda me falta caminho. 

Não consegui até agora dar por concluído o meu luto. 

Jamais imaginei que amava tanto a minha progenitora e que ela me fazia tanta falta. Que doesse tanto a sua ausência definitiva. E não, não é pieguice bacoca. Eu não sou piegas. É mesmo dor. Uma dor esquisita, sufocante, profunda, aflitiva. 

Noites sem dormir. 
Este vazio estranho. 
A sensação viva de que algo de mim se perdeu para sempre.
E a saudade.
Teimosa, crua, implacável.

Não há palavras que confortem, por mais bem intencionadas que sejam. Venham de quem vierem. É um caminho que se tem que fazer sozinho. Por isso estou fechado no meu silêncio. Porque no silêncio encontrei sempre o meu melhor refúgio. Será nele que irei conseguir, com toda a certeza, reencontrar a minha paz.

As tentativas de consolar a perda com discursos encorajadores e palmadinhas nas costas vindas de familiares próximos e de amigos chegados foram de todo inúteis e incapazes de produzirem algum efeito na solidão infinita que resulta da orfandade. 

Nunca me senti tão sozinho no mundo.

Perdi quem me amava incondicionalmente com todas as minhas virtudes e defeitos. Quem me aceitava assim, exatamente como sou. Quem me pedia em troca de todo o seu amor, tantas, mas tantas vezes, apenas... Um beijinho.

Sei que nada, nunca mais, voltará a ser como antes. Estou a aprender a lição mais dura e dolorosa da minha vida. Aconselho a todos vós, vivamente. Amem os vossos pais enquanto os têm convosco. A vida é demasiado breve. E amanhã pode ser tarde.

Sei do que falo. 

Muitas vezes, nos últimos meses e na intimidade do meu silêncio, têm acontecido momentos em que num breve milésimo de segundo acodem à minha memória recordações vividas com quem já não vou poder viver mais. Coisas que antes pareciam tão banais mas só agora entendo que aquilo sim, foi  verdadeira felicidade.

Tenham, se puderem, um bom fim de semana.