sábado, 13 de junho de 2015

30 anos depois...


A euforia transformou-se numa desilusão!


A mais bonita estação fronteiriça e o ramal ferroviario que lhes deu vida, foram extintos. E com eles vai-se extinguindo a aldeia. Mais de 60 casas se encontram já desabitadas. Por todas as ruas. Mas viva a CEE.


Deveria ler-se: 
Ex-Marvão-Beirã
Ex-Portugal.


O silêncio e o mato são agora  os donos-disto-tudo! 


Tanto dinheiro jogado fora. E tantas vidas destruídas.


Hoje sabemos (pelo menos é o que eu sinto) que perdemos muito mais que o nosso Escudo. Perdemos também a identidade, a independência, a dignidade e o orgulho, herdados de Viriato. 
Quem manda aqui é Bruxelas e o resto são balelas. A quem mais aproveitou esta adesão? 
A poucos. 
Ah! Mas para esses, o proveito foi muito. 
Muitíssimo. 
Porém...
Quem paga a factura, quem é?
Pois. 
Esses. 
Os Nós. 
O Zé que Bordalo caricaturou de Povinho. 
A raia miúda.
Os mesmos do costume.
Se calhar só temos aquilo que merecemos. 
Porque votamos neles.
Resmungamos, criticamos, mas votamos sempre nos mesmos, aplaudimos e até constituímos as claques de apoio que eles tanto necessitam para (se) governarem e talvez para depois nos arranjarem também um tachinho. 
Para nós ou para algum dos nossos.
É o que está a dar.
Chamamos-lhes nomes feios (gatunos, corruptos e filhos de uma mulher da vida) mas lambemos-lhes as botas. Porque pedir um tacho para desenrascar o filho (ou a filha), um primo (ou a prima) um afilhado (ou afilhada) não é crime nem sequer corrupção. Mesmo que para nos favorecerem tenha que ser afastado qualquer outro candidato mais competente ou habilitado para aquele tacho. 
E se for um infeliz da claque adversária, está mesmo garantido. É que nem ginjas. Vai de cona que é um vento, mal os da nossa claque tomem posse. 
Cada um que se desenrasque. 
É a lei do mais forte. 
Desculpem: Enganei-me. 
É a lei do mais votado.
A Liberdade que nos trouxe a Democracia e depois a adesão à CEE mais a mudança do Escudo para o Euro, fizeram de nós estes Europeus Novos Ricos Deslumbrados. 
Pena que durou muito pouco a euforia.
Durou o tempo necessário para esturrar os milhões que vieram todos os dias, durante mais de vinte anos.
Mas agora é que a porca torce o rabo.
Agricultura? Não há. Foi extinta porque aquilo que precisarmos compramos aos nossos parceiros como a França e a Alemanha que têm lá muito de sobra.
Indústria? Também não há. Compramos tudo aos nossos parceiros que... 
Oh catano! 
Esperem! 
Estava-me a esquecer que os chinocas vendem tudo mais barato que o Lidl ou o Intermarché. E que as suas lojas crescem como cogumelos em todas os buracos que faliram por dívidas ao fisco, à segurança social ou que a Asae fechou por falta de condições.
Compramos tudo. 
Aos parceiros europeus ou aos chineses, tanto faz. 
Com que dinheiro?
Com dinheiro emprestado, ora essa!
É para isso que existem os bondosos e desinteresseiros mercados. Porque, se não houvesse portugais, grécias, irlandas e outros países mais pequenos e por isso pobrezinhos a necessitarem de empréstimos, como se haviam de governar os coitados dos FMIs, os BCEs ou os outros generosos credores que saciam as dívidas públicas a quem delas vive? 
Já se deram conta de quantas coisas boas nos trouxe a bendita adesão que fez ontem 30 anos?
Só é pena que ela nos tivesse capado, tornado eunucos.
Porquê?
Porque deixámos de ter tomates (como teve o nosso fundador que até à mãe declarou guerra para formar, liberto e soberano, este país. E como tinham também os nossos avós, em mil exemplos que a história conta) para darmos um murro na mesa e meter o dedo no nariz ao bando de imbecis que nos enfiou neste buraco sem fundo. Qual quê! Pelo contrário... 
Em Outubro lá iremos, obedientes e resignados como um bando de carneiros, votar neles outra vez.
E seja o que Deus quiser.
Coitado de Deus.
Deve ter as costas bem largas...