Quase seis décadas tem a nossa amizade, meu excelentíssimo e ilustre amigo. É muita fruta! Dos bancos da escola primário nos idos de 50 do século XX até hoje, dezena e meia de anos já no século XXI, ambos com o cabelo a ficar branco. És inquestionavelmente o meu amigo nº 1, porque a antiguidade e o sincero afeto de quase irmãos que nos une desde a infância, assim o determinam.
A tua visita foi o melhor que me podia ter acontecido por estes dias. E a longa conversa em que nos embrenhámos oito horas seguidas trouxe-me o alento, o conselho amigo que eu estava mesmo a precisar e só tu sabes transmitir na sábia eloquência que a vida, nem sempre boa para ti, te ensinou. Sim, Amigo. Considero-te um sábio. E um lutador. És ainda também um dos doutores mais puros que conheço. Tudo em ti é genuíno, com aquele toque muito teu de discreta e encantadora simplicidade.
Assimilo cada palavra e explicação tuas com a maior atenção e enlevo, porque, nessa particularidade que tanto te carateriza pela positiva, usas de um discurso fluente, facilmente entendível seja por quem for, seja ele um letrado doutor como tu, ou um leigo pouco culto como eu. Subscrevo na íntegra aquela afirmação que foi deixada por alguém que como eu muito te deve admirar e estimar, numa publicação tua, algures: "Vindo do professor (...) só podia ser assim algo de muito belo".
Obrigado por essa tua amizade e consideração que retribuo, se tanto for possível, a 1000%. É para mim uma honra sem tamanho. Oxalá possamos cumprir daqui a 20 anos, aquilo que combinámos ontem ao cair da tarde, naquela amena tranquilidade que nos envolvia aos três na varanda do meu quintal: Tu, eu, e a minha companheira de também já 40 anos, dado que a tua não te pôde acompanhar por motivos profissionais. Espero ainda este ano ter os dois em minha casa para mais uns bons momentos de convívio e sincera amizade.
Nunca te esqueças daquilo que eu nunca me canso de te dizer, meu ilustre e querido Amigo: A minha casa é também a tua, a vossa casa...