Este foi o
bolo do nosso 48º Aniversário de Casamento, as denominadas Bodas de Granito,
executado pelas hábeis mãos de uma profissional por excelência, imaginado e
encomendado por uma pessoa que me é próxima e gosta muito de mim, à qual
eu retribuo todo o carinho na mesma conta e medida.
É um bolo
único porque nunca houve outro igual ou parecido sequer. Entendi por isso que
mesmo sem a conhecer devia contactar a sua autora para agradecer, elogiar a
perfeição do seu trabalho mas também e sobretudo, reiterar quanto o apreciámos
e nos encantou. É provável que agora alguém o encomende e outros iguais ou
semelhantes sejam executados porque esse é o seu trabalho, mas este será sempre
o primeiro, o original.
Quem o
encomendou fê-lo por gostar de mim como já escrevi mas também por saber quanto
eu gosto da Estação da Beirã e quanto queria voltar a vê-la de novo ativa, pese
embora as hipóteses de que tal aconteça sejam escassas senão nulas. Pela sua
arquitetura que faz dela uma das mais bonitas do nosso País, pelos magníficos
azulejos da autoria de Jorge Colaço e finalmente pelo amor que tenho por ela
enquanto Beiranense.
Neste lado
do bolo são perfeitamente visíveis os painéis com o Castelo de Marvão no cimo
da serra, com o Convento de Nossa Senhora da Estrela em Marvão, com o Templo de
Diana em Évora e com a Torre de Belém em Lisboa. Os painéis axadrezados
verde-brancos eram os que decoravam a Sala de Espera, da Bilheteira e de outras
dependências da Estação.
Ficou lindo,
surpreendente, uma autêntica obra de arte.
Independentemente
da celebração a que se destinava, podia ter sido uma peça vulgar, mais ou menos
decorada mas igual a tantos outras bem bonitas e originais também. Porém quem
na sua mente o imaginou, quis fazer algo diferente, quis que tivesse alguma coisa
a ver com "a minha cara" com "a menina dos meus olhos" quis
que fosse esta surpresa cheia de simbolismo que mexesse comigo e me chegasse ao
coração.
Chegou
mesmo!
Fez toda a
diferença e tornou a nossa celebração familiar muito mais bonita e
afetiva.
Proferir ou
escrever apenas um "obrigado" a quem o merece é demasiado curto e
insignificante, porque foi inquestionavelmente a "prendinha" mais
especial que poderíamos imaginar. Ser Família é isto. Chamam-se a estes gestos
Amor Fraterno. Foi sempre isto que eu vi fazer em casa dos meus pais, era este
sentimento, este bem-querer mútuo que senti sempre presente enquanto eles foram
vivos.
Nunca houve
dinheiro de sobra na sua casa mas nunca lhes faltou o amor por cada um de
nós.
Infelizmente
eles partiram e com eles levaram muito do que nos ensinaram e praticaram toda a
vida. Na minha casa e com a Família mais próxima, esposa, filhos, noras e
netas, tento, quanto posso, que esse vínculo de Família e esse amor fraterno
não se perca. Nem sempre consigo porque está tudo tão diferente tão modificado
e frio que até os valores e princípios estão fora de moda.
Fazer o que?
Por isso fico de coração cheio e a transbordar de felicidade quando alguém me diz sem proferir uma só palavra, que me quer bem. Porque há gestos mais explícitos do que quaisquer palavras. Já não devo ter uma vida muito longa porque o outono da minha vida está a chegar às portas do inverno. Sinto isso a cada dia, semana e mês que passam.
Mas enquanto Deus me der alguma energia e raciocínio, a Família será sempre a
minha maior prioridade e mais preciosa riqueza.
José Coelho