Aos 07 de Março de 2015 nasce este blogue que tal como o seu antecessor TocadosCoelhos pretende apenas ser um ponto de encontro e de entretenimento pautando-se sempre pelas regras da isenção, da boa educação e do civismo em geral. Sejam bem-vindos.
quarta-feira, 31 de janeiro de 2024
Boa semana
DIA NACIONAL DO SARGENTO
quinta-feira, 25 de janeiro de 2024
quarta-feira, 24 de janeiro de 2024
Vai por mim
Sempre presente
segunda-feira, 22 de janeiro de 2024
O sorriso
O sorriso é uma chave
Que abre portas e janelas.
Entre muitas coisas mágicas
O sorriso é uma delas.
O sorriso é simpatia
Também pode ser amor.
O sorriso tem magia
Tem ternura tem calor.
O sorriso dá carinho
O sorriso faz amigos.
Constrói tu, no teu caminho
Uma ponte de sorrisos.
Rosa Lobato de Faria
sábado, 20 de janeiro de 2024
quinta-feira, 18 de janeiro de 2024
Surpresas inesperadas
Sábia é a Vida e só mesmo ela
Quando julgamos que sabemos tudo pelo muito que já vivemos e aprendemos, vem a vida e mostra que tem sempre muito mais para nos ensinar. Depois de tantos anos de trabalho e luta uma vida inteira porque iniciei aos onze a “servir” como assalariado justo ao mês por cento e cinquenta escudos no dia imediatamente a seguir ao Exame da 4ª classe do Ensino Primário, que, para a malta do pé descalço a que eu pertencia era o doutoramento para o resto da vida; depois de ainda mais sessenta anos de aprendizagem constante eivados de peripécias nem sempre de boa memória, pensava eu que nada mais iria perturbar o sossego do meu normal envelhecer.
Enganei-me.
Não vou enumerar dificuldades
obviamente porque são passado e o que conta é o hoje, com esperança no amanhã, e sei, sem sombra de dúvida, que sou um Cota prudente quanto baste para não ser
surpreendido pelas chatices que a falta de cuidado tantas vezes provoca. Levo
uma vida bastante tranquila, recatada e muito ao meu jeito, principalmente
dedicada à família, ao lar e às coisas que gosto de fazer. E tenho sido maioritariamente
feliz. Cuido da horta de inverno porque no verão só tenho água da rede pública,
e do resto, o ano inteiro. Tenho alguns compromissos no serviço à comunidade
fazendo parte dos órgãos sociais de uma instituição de apoio á terceira idade desde
2011, da CPCJ concelhia há três anos, do CEP desde 1999 e mais recentemente
também da Assembleia da “minha” Freguesia, com muito gosto e empenho.
Mas…
Tem de haver sempre um mas…
No dia 31 de outubro passado,
aprestei-me a ir apanhar dois baldes de azeitonas cordovis para adoçar em
salmoura que me haviam sido oferecidas pelo seu dono e amigo de toda a vida. E
lá fui, feliz e contente. O monte onde se situa o olival tem cães de guarda e
um deles não gosta nada de gente estranha. O dono tinha avisado e por isso
esperei que o fosse prender antes de me aproximar. Quando me pareceu que já
devia poder avançar e sem esperar que me dissessem “já podes vir” avancei. Erro
crasso. O animal ia à frente do dono preso a uma sólida corrente, mas
apercebendo-se da minha proximidade fintou-o e avançou para mim mas sem
conseguir alcançar-me ou tocar-me.
Instintivamente recuei no
inclinado acesso à propriedade alcatroado e cheio de areia solta onde me
escorregaram subitamente os dois pés ao mesmo tempo e caí desamparado de costas
com todo o meu peso e força. Senti um estalar sinistro e a dor foi tão intensa
que me faltou o ar. Porém, habituado a outras quedas menos aparatosas, mas ainda
mais dolorosas por terem sido causadas pela maldade humana, logo tentei
recompor-me, levantei-me, peguei nos dois baldes e fui mesmo enchê-los como
estava programado antes de voltar para casa. Só ao ver as azeitonas cheias de
sangue vi que a pele da palma das mãos e de um cotovelo tinha ficado agarrada
ao alcatrão, mas nem isso me demoveu porque, entretanto, a tal dor violenta
provocada pela queda tinha abrandado e pensei que seria passageira.
Acondicionei as azeitonas no
pote, fui tomar um duche, curei as feridas das mãos e cotovelo com ajuda da
minha enfermeira particular e fomos almoçar. Com o decorrer das horas e à
medida que ia arrefecendo o corpo, a tal dor apresentou-se de novo e foi
ficando cada vez mais intensa e agressiva. Nessa noite não preguei olho.
Adalgur, Brufen, nada acalmava aquilo. Tive de recorrer à médica de família que
de imediato me encaminhou para o SU da ULSNA em Portalegre por suspeita de
fratura lombar. Submetido imediatamente ao RX foi de facto detetada uma lesão
na vértebra L1, mas enviado para casa pelo Ortopedista de serviço na urgência
do hospital apenas com uma caixa de Randutil 90 para as dores. Foram noites
consecutivas sem conseguir mexer-me na cama e muito menos dormir. Sentia-me
mais confortável de pé do que deitado fosse de que maneira fosse. Mais
desanimado já do que é costume, recorri à Ortopedia do Hospital Lusíadas onde
de facto se cuida bem da nossa saúde e bem-estar.
O imediato RX a que fui submetido
seguido de uma ressonância magnética para melhor esclarecimento da lesão
revelou uma fratura grave da vértebra D12 com edema inflamatório e não da L1
diagnosticada em Portalegre. Profundamente surpreendido pelo comportamento do
colega, o Dr Ortopedista do Lusíadas disse que me deveria ter sido mandado
colocar imediatamente uma cinta para imobilizar a coluna e fazer novo RX oito
dias depois para esclarecer melhor a gravidade e localização da lesão porque se
a coisa se agrava o paciente sujeita-se a ir parar a uma cadeira de rodas.
E lá ando desde então.
Opero, não opero, diz o Dr que
com uns parafusos e/ou cimento ósseo isto ficava melhor, mas eu contraponho que
se não tiver obrigatoriamente de ser, prefiro ter algumas dores mas não se mexer mais, porque antevejo um vai e vem constante de e para o hospital, semanas e meses de
recuperação e fisioterapias. Desse modo e perante a minha manifesta oposição à
cirurgia o Dr diz que não me irei ver livre dele e lá tenho de voltar daqui a
mais umas três ou quatro semanas. Entretanto não devo pegar no carro porque a
condução prejudica a lesão e qualquer esforço maior só com a cinta colocada no
dorso. E claro que, com tudo isto, têm-se ido alguns anéis. Mas ficam os dedos!
Esta mais não foi do que outra dura
lição que a vida me quis ensinar. Temos de assumir com humildade que os anos
passam e desgastam as nossas capacidades, por isso devemos ter o dobro do
cuidado para não nos colocarmos a jeito destes percalços que interferem e de
que maneira com a nossa qualidade de vida e merecido bem-estar. Curiosamente,
utilizo para com todas as pessoas de quem gosto um termo muito meu que é, ao
despedir-me delas diariamente, recomendar-lhes:
- Cuidem-se!
Agora dir-me-ão vocês a mim que…
- Bem prega Frei Tomás! Olha para
o que ele diz, não olhes para o que ele faz…
Tenham um excelente fim de tarde,
Família & Amizades.
José Coelho
Na primeira, qualquer cai
terça-feira, 16 de janeiro de 2024
Amanhã fico triste, hoje não
domingo, 14 de janeiro de 2024
Lugares que povoam a minha memória
Fica para lá da Murta, depois da Anta, quase encostada à Estrada da Herdade como a gente por aqui lhe chama. Foi morada de famílias durante décadas. A última, se bem me lembro, era eu ainda cachopo, foi a numerosa família do ti João e da ti Maria José. O ti João trabalhava “à jorna” na casa do senhor João Dinis e a ti Maria José vinha todos os dias da Meirinha à Beirã – cerca de 2 km – trazer-lhe o almoço à cabeça, com os filhos atrás ou ao colo.
Depois que essa família de lá
saiu e veio morar para a aldeia, não me recordo de lá morar mais ninguém. Já
agora um pouco de história ainda que reduzida à dimensão dos meus humildes
conhecimentos. Chamava-se “à jorna” o trabalho que era pago ao dia sem qualquer
outro vínculo que não fosse apenas os dias e o ordenado ajustados pelas duas
partes, trabalhador e patrão.
Tanto podia ser um dia só como
uma semana ou duas ou três, dependendo do tempo necessário para fazer o
serviço. Normalmente eram tarefas exclusivamente agrícolas e sazonais. Cavar ou
semear um quintal, uma horta ou uma vinha, arrancar ou colher legumes, sachar
um jardim ou uma belga de qualquer coisa, ceifar uma seara, gadanhar uma
tapada...
Por sua vez, os trabalhadores
com vínculos mais duradouros recebiam ao mês não só o ordenado combinado com o
patrão, como também as comedías ajustadas. Não, não confundam com comédias.
Eram mesmo comedías com acento agudo no i por se tratar de coisas de comer –
géneros alimentares – que eram pagos juntamente com o ordenado e do qual faziam
parte integrante.
A esses assalariados
permanentes chamava-se “os justos” e os ajustes destes homens eram apenas
verbalmente firmados e aceites por ambas as partes, sendo tão ou mais
respeitados do que são hoje os que se fazem por escrito. Tinham normalmente a
duração de um ano, que se iniciava e terminava de S. Pedro a S. Pedro, ou seja,
de 29 de Junho do ano do ajuste a 28 de Junho do ano seguinte mas eram
sucessivamente renovados por igual período de tempo enquanto as partes assim o
quisessem.
O meu avô José Lourenço e os
meus tios maternos, enquanto solteiros, tiveram sempre esse vínculo de justos e
assim se mantiveram assalariados por anos sucessivos, décadas até e quase
sempre por conta do mesmo patrão. Os ordenados eram pequenos porque cada
lavrador pagava o menos que conseguia. Para compensar depois essas fracas pagas
e serem capazes de manter por meses ou anos os guardadores dos gados, os
ganhões do amanho das terras, os carreteiros das carretas de vacas e os
carreiros dos carros de bestas, acresciam os ordenados das tais comedías, que
normalmente se compunham de um saco de centeio em grão para moagem e fabrico do
pão - só os patrões comiam pão de trigo – uma almotolia com azeite, alguns
litros de grão de bico ou de feijão frade – normalmente um alqueire – e dois ou
três queijos secos.
Sei isso porque eram essas as
comedías que o meu avô trazia para casa no fim do mês, juntamente com a sua
magra mesada de justo, no Matinho. Logo no dia seguinte lá tinham que as
mulheres ir de talêgo de centeio à cabeça a caminho dos moinhos no rio Sever
para trazerem a farinha do pão que alimentava a família todo o mês seguinte.
Curiosamente, as pessoas eram aparentemente felizes e não faltava trabalho a
ninguém um pouco por toda a parte. Bem diferente dos dias de hoje.
Todas as casas, em todos os
lugares, por mais ermos que fossem, eram habitadas como a da Meirinha que
ilustra esta prosa. Não se consegue ver na foto, mas ao lado da casa está
também um forno de lenha onde era cozido o pão. Poucas são as casas por esses
campos que não têm um forno e uma eira por perto, porque eram essenciais à
sobrevivência dos seus moradores.
E também uma horta com uma
fonte, um tanque ou um poço nas redondezas, para abastecimento de água potável
para o seu consumo e regadio dos alimentos que metiam na panela para as suas
refeições. Basta-me fechar os olhos e pensar um pouco: na Murta, a eira é
também muito perto da estrada antes das casas e o forno era ao lado da casa
principal. Um pouco mais acima, na Anta, a eira é no cimo de uma laje e o forno
em frente da casa. No Penedo da Rainha, a eira faz parede com a estrada e o
forno é ao lado da queijeira. Na Tapada do Cabeço, a eira fica a dez metros da
estrada do Pereiro, o forno na empena da casa.
No Cancho de Ruivo, na Torre,
no Pereiro, na Broca, no Maxial, no Vale do Cano, no Cabril, na Bica... Em
tantos outros lugares da minha freguesia existem estas estruturas, para um
imprescindível apoio doméstico às antigas donas de casa, quase sempre mães de
numerosas famílias. Jazem hoje por aí abandonadas, quase todas em ruínas,
principalmente os fornos de lenha que vão abatendo por força das intempéries e
do abandono.
Já as circunferenciais eiras,
onde, ano após ano, foram sendo amontoados e debulhados searas e grão, porque
construídas sobre o imortal granito, ficarão, como as antas ou dólmens
milenares que por aí abundam também, a testemunhar pelos séculos fora os usos e
costumes das humildes gentes que por estas bandas conseguiam sobreviver do que
a terra dava e serem felizes com o pouco que tinham.
Refém de tão queridas memórias
a minha alma só vai deixar de chorar no dia que eu morrer.
José Coelho in Histórias do Cota
(Texto e foto)
Boa semana
Às vezes precisamos afastar-nos e ficar algum tempo apenas conosco, para entendermos quem somos no meio dos outros.
Foto José Coelho - Janeiro 2024
quinta-feira, 11 de janeiro de 2024
Vão-se os anéis, fiquem os dedos
Foto José Coelho - Sala de espera do Edifício 2 - 10. 01. 2024