segunda-feira, 26 de abril de 2021

Minha Beirã, da passarada pela manhã…

Ninho de pintassilgo numa roseira da Toca dos Coelhos
Foto Pedro Coelho


A Toca dos Coelhos é pouso favorito de toda a espécie de passarada desde que cá moro. As carriças fizeram ninho anos a fio em dois locais distintos. No forno do quintal antes de ter o portão de ferro que tem hoje e na trepadeira da varanda entre o emaranhado de folhas e caules. Tenho fotos que o atestam.

 

Os pintassilgos, um ano fizeram na roseira trepadeira da frente da casa e todos os anos continuam a fazê-los na latada do quintal. Por sua vez os verdelhões preferem a solidez das copas das oliveiras, enquanto os melros preferem o limoeiro e as rolas bravas a laranjeira.

 

Também um casal de tentilhões vem dormir na varanda do primeiro andar. Um deles, não sei se o macho se a fêmea, dorme sobre o braço da lanterna do alpendre, enquanto o outro prefere o parapeito de uma das janelas da casa de banho, comodamente instalados e abrigados.

 

Sempre que necessitamos lá ir depois de anoitecer lá estão os dois, provavelmente para fugirem do frio no inverno, ou do calor no verão. Nunca os enxotamos, muito pelo contrário tentamos sempre incomodar quanto menos melhor. Ainda assim, quando sentem a porta a abrir-se, esvoaçam para o telhado em frente quando invadimos o seu dormitório onde regressam imediatamente após sairmos.

 

Há dois anos, a senhora cegonha decidiu que uma das nossas chaminés era um excelente local para nidificar. Não teve sorte porque essa eu não deixei e vigiei-a para a espantar de lá batendo tampas de tachos cada vez que ali pousava com paus no bico. O telhado em volta da chaminé já parecia um estaleiro de lenha. Nááá… Cegonhas não. Gosto delas, respeito-as, mas fazem demasiado lixo, danificam os telhados e eu não sou rico.

 

Na passada primavera foram os pardais. Outra dor de cabeça e uma batalha dura de vencer porque são ainda mais teimosos que eu. Onde haviam estes meninos de imaginar construir a sua casa? Atrás do motor de um dos ares condicionados aproveitando o estreito espaço entre a máquina e a parede, mais os tubos que a ligam ao ventilador no interior do quarto. Também não deixei, porque as palhas infiltradas na grelha do motor podiam danificar o aparelho.

 

Tantas vezes o derrubei como eles voltaram a tentar, até que um dia lá desistiram. Ou pensei eu que eles tinham desistido.

 

Por essa altura, o esquentador da cozinha do rés-do-chão começou a deixar de funcionar regularmente. Apagava-se subitamente. Como tem um sensor preventivo para desligar quando se acumulam gases tóxicos em recintos fechados, pensei que seria isso. E vá de escancarar a porta da cozinha para a arejar o espaço, até que, intrigado, um dia me lembrei de ir dar uma espreitadela no tubo exaustor.

 

Eureka! Lá estava a causa.

 

Um amontoado de palhas para ninho quase entupia o tubo. Só podem ter feito aquilo quando fomos aos Açores e o aparelho não funcionou durante vários dias, tendo-o abandonando imediatamente assim que levaram com os gases e o calor da combustão ao regressarmos a casa. É preciso ter lata! Não nos deixas fazer a casa no ar condicionado, fazemos aqui onde tu não a vês…  Tirei o feno e tive de colocar uma grelha na boca do tubo para que os meninos não repetissem a gracinha.

 

Resta-me agora aguardar para ver qual será o próximo alvo…

 

José Coelho