Basta uma simples pesquisa pelo Google para se encontrarem muitas mais imagens desta descomunal indignidade e falta de respeito para com os restos mortais de jovens militares portugueses que com a mesma idade que têm hoje os vossos filhos tombaram feridos de morte numa guerra cruel e sangrenta para onde foram enviados à força pelo poder instituído daquele tempo.
Independentemente do merecimento que cada visado com tal honra possa ter e não o questionando minimamente, sinto contudo uma profunda mágoa, vergonha mesmo, de pertencer a um país que concede honras de Panteão Nacional a poetas, escritores, fadistas, futebolistas e outras personalidades que elevaram o nome de Portugal, mas, simultaneamente, abandona a esta triste desonra e desleixo muitos daqueles que generosamente sacrificaram a sua jovem vida no cumprimento de um sagrado e pátrio dever.
Independentemente do merecimento que cada visado com tal honra possa ter e não o questionando minimamente, sinto contudo uma profunda mágoa, vergonha mesmo, de pertencer a um país que concede honras de Panteão Nacional a poetas, escritores, fadistas, futebolistas e outras personalidades que elevaram o nome de Portugal, mas, simultaneamente, abandona a esta triste desonra e desleixo muitos daqueles que generosamente sacrificaram a sua jovem vida no cumprimento de um sagrado e pátrio dever.
Desculpem lá, camaradas e amigos abandonados. Eu também por lá andei e vi alguns de vocês caídos. Chorei e sofri com e por alguns de vós. E dói-me no mais fundo do coração olhar para estas imagens. A nova geração que nos governa e levianamente vos esqueceu nessas terras africanas longe de todos os que vos amavam e que por vós choram hoje ainda, sabem lá eles, refastelados no conforto dos seus gabinetes e mordomias, o que é levar um tiro, ouvir a explosão de uma granada, de uma mina, o desconforto permanente de sabermos que somos o alvo apetecido de muitas armas escondidas no mato empunhadas por um inimigo invisível mas sempre presente, dia após dia, semana após semana, mês após mês, durante mais de dois loooooooonguíssimos e sofridos anos.
A revolução - também ela já quase esquecida - que restaurou a democracia e libertou do flagelo daquela guerra os nossos filhos e também os povos oprimidos pelo jugo da ditadura colonial, foi uma coisa muito boa, sim. Mas que mal faria se pudesse também simultâneamente ter parido uma sociedade melhor, mais justa, mais fraterna, mais igual para todos? Convido quem ler estas minhas linhas a parar só um minutinho para reflectir comigo. E se uma destas sepulturas fosse a de um filho seu? Ou de um irmão? Ou até, quem sabe, do seu pai?