Foto by Pedro Coelho
"Muitas
vezes, aqueles que defendem os direitos dos animais são vistos como alguém que
ama mais um animal do que o seu semelhante humano. Nada de mais errado.
A verdade é que as sociedades onde os direitos
dos animais não estão protegidos são, por norma, sociedades que não respeitam
os direitos humanos na sua totalidade. E porquê? Porque é através da forma como
tratamos o outro que nos definimos e maltratar um animal é assistir ao
rebaixamento do ser humano, à sua desumanização, à ignorância mais pura da sua
própria condição. Porque o ser humano é, também ele, um animal. Com
características que o distinguem dos outros, mas, no entanto, um animal. E ao
não respeitar os restantes animais, não se está a respeitar a si próprio.
Portugal é um bom exemplo disto mesmo. Faltam
leis e, mais importante ainda, falta uma cultura de cidadania bem arreigada,
por isso, assistimos à constante violação de direitos, por falta de instrução,
de cultura, de humanização. Tanto vemos cães e gatos acorrentados nas varandas
dos prédios ou nos quintais das aldeias, como vemos lares de idosos em
condições deploráveis. Tudo isto faz parte do mesmo problema. Enquanto não
percebermos isso, falharemos em solucioná-lo, enquanto sociedade civil. E é a
sociedade civil que tem de intervir para que se mudem as consciências. As leis
têm de existir, mas o cumprimento delas está no coração de cada um. Os animais
não falam, não se podem defender. Por isso, é importante que nós os possamos
defender, possamos ter uma voz activa por eles. Sem excessos, nem
fundamentalismos. Apenas com muito amor.
Amo muito os animais, como amo muito o ser
humano. Defendo-os, como se me defendesse a mim, porque, em última análise, me
estou a defender a mim. À minha dignidade. À dignidade da espécie à qual
pertenço."
Ana Bacalhau