quarta-feira, 7 de dezembro de 2022

Amor de (minha) Mãe...


O dia 8 de Dezembro de 1971 não foi apenas e só o feriado de Nossa Senhora da Conceição, Padroeira de Portugal. Nesse dia, naquele tempo, celebrava-se também o Dia da Mãe. De todas as Mães. Durante décadas assim foi. Exatamente por isso e por eu considerar esse dia o segundo mais importante depois do dia do seu aniversário, enviei à minha Florinda este postal por correio desde Elvas onde me encontrava no serviço militar, prestes a ser transferido para o Regimento de Cavalaria Nº 3 de Estremoz, onde iria dali a poucos dias integrar o Batalhão de Cavalaria 3871, com destino a Angola. 

O tempo passou. Década após década. Cinco. Meio século. O Dia da Mãe foi entretanto mudado para o segundo domingo de Maio de cada ano. A minha querida progenitora ficou velhinha, perdeu  a visão e cuidámos dela em nossa casa onde viveu até ao fim da sua vida. Foi nessa altura que encontrámos, entre os tesourinhos por ela guardados, algumas destas coisas. 

Entre muitas outras lá havia, estava também este postal, do qual eu já não me lembrava como é óbvio tantos anos depois. As estaladelas que apresenta, foram consequência do envio por carta de correio. Percebi isso pela forma como estava acondicionado e conservado junto com outras "relíquias" que lhe eram queridas e ela guardava com carinho.

Eu sabia que gostavas muito de mim, minha Mãe. No entanto, apesar de todas as minhas certezas, estes teus gestos, estas coisas, disseram-me mais sobre ti, do que um milhão de palavras. Obrigado Mãe, onde quer que estejas. Não imaginas, nem eu imaginei nunca, o tamanho da falta que o teu colo me fazia. Hoje, para mim, o dia 8 de Dezembro de cada ano, continua a não ser só o dia da Senhora da Conceição. Continua a ser também, sê-lo-à até ao fim da minha vida, o Teu Dia, Senhora Minha Mãe...

José Coelho