O fulano em causa é um papel higiénico daquele reles que se rompe e caga os dedos quando se limpa o cu.
Que Europa é esta?
por NUNO SARAIVA - Hoje no DN
Depois das imagens de refugiados a serem carimbados por polícias armados até aos dentes nas fronteiras europeias, de discursos mais ou menos inflamados de políticos e não só contra o acolhimento de gente que foge à morte, de muros e cercas de arame farpado erguidos em pleno coração da UE, eis que Viktor Orbán, primeiro--ministro da Hungria, continua empenhado em contrariar o ideal europeu de solidariedade e tolerância. Ontem, em Budapeste, fez aprovar a última tranche de um pacote legislativo antimigrantes que autoriza o destacamento em massa de militares para as fronteiras e permite-lhes fazer buscas em residências privadas onde se suspeite que há refugiados ou, até, em determinadas circunstâncias, abrir fogo contra estes, desde que os disparos contra aqueles que "cercam" a Hungria "não sejam mortais". A toda esta falta de humanidade, ancorada num discurso xenófobo e carregado de preconceito e populismo, a Europa responde com silêncio ensurdecedor e uma condescendência inaceitável com aquilo que Orbán vai dizendo e fazendo. Em Bruxelas conhecemos a dureza e a intransigência com que se punem aqueles que, certamente por irresponsabilidade e incompetência, não cumprem as regras financeiras e por isso têm dívida monstruosa e défices excessivos. Mas perante o manifesto défice humanitário que certas personagens revelam, a Europa emudece. Não gosto de fazer comparações com o passado, mas uma comunidade que se comporta desta maneira só pode sofrer de amnésia em relação ao seu próprio passado e não tem, seguramente, grande futuro. A União Europeia nasceu como projeto de paz e integração e não para ser uma fortaleza que rechaça os "infiéis" fugidos aos seus tiranos. Quem não percebe isto e, sobretudo, quem não pratica esta doutrina de acolhimento brandindo o mantra da fé que contraria a cultura ocidental, não pode ter lugar à mesa de Bruxelas. E é bom que alguém diga isto na cara de Viktor Orbán.