Foto José Coelho
A chuva cai de mansinho
No vão da minha janela
Olhando devagarinho
Eu sonho através dela
Os campos matam a sede
Duma seca prolongada
Toda a natureza bebe
Dessa chuva abençoada
As árvores lavam as mágoas
Dos maus-tratos do calor
Entregam-se a estas águas
Com leves suspiros de amor
Saltitam os barranquinhos
Sua marcha vai doendo
E gritam prós seus vizinhos
Vai correndo...vai correndo...
Ao longe canta a ribeira
Num turbulento deslizar
Leva pressa na carreira
Anseia abraçar o mar
Crescem as plantas da horta
Com redobrada alegria
É a chuva que as conforta
E alimenta dia a dia
Os pássaros pousam na choça
O seu canto é refinado
Vêm banhar-se na poça
Que ficou no chão molhado
Posso fechar a janela
Esta chuva trouxe a prova
De que é graças a ela
Que a vida se renova
Autor desconhecido