Foto Pedro Coelho
Pensar que os outros farão por nós o mesmo que nós fazemos por eles é infelizmente um problema demasiado comum. A
origem de muitas das nossas decepções é esperarmos sempre a mesma sinceridade, o mesmo
respeito e a mesma reciprocidade. No entanto isso nem sempre acontece. Os
valores que definem o nosso comportamento raramente são os mesmos que definem o que acontece na mente dos
outros.
Uma
maneira simples de conseguirmos desiludir-nos menos pode residir no simples facto de minimizarmos as
nossas expectativas. Quanto menos se esperar, mais se poderá receber ou
encontrar. É certamente um argumento controverso, no entanto, não
deixa de ter a sua lógica.
“Não
esperes nada de ninguém, espera tudo de ti apenas e desse modo o teu coração vai seguramente sofrer menos.”
Todos
nós sabemos que no que diz respeito às nossas relações é impossível não ter
expectativas. Esperamos que os outros tenham para conosco comportamentos corretos porque desejamos
ser amados, defendidos e valorizados, mas isso não impede que muitas vezes essas previsões falhem.
Quem espera muito dos outros, geralmente acaba
ferido.
Ninguém
erra ao procurar o lado bom das pessoas. Temos o direito de o fazer, de o encontrar e até mesmo de o promover, mas com alguma cautela. Porque a decepção é
a irmã das expectativas elevadas, por isso é mais apropriado não se deslumbrar
antes do tempo.
As
aparências não costumam enganar, o que muitas vezes falha é aquilo que nós esperávamos dos outros. Podemos
esperar muito deles, no entanto o correto é esperar sempre mais de nós próprios.
Lembremo-nos sempre do
seguinte:
Ninguém
é perfeito, nem sequer nós somos. Se fôssemos agradar às expectativas que os
outros têm a nosso respeito, viveríamos preocupados e infelizes. Por vezes é
impossível porque ninguém é um exemplo de perfeição ou virtude absoluta. Basta por isso respeitarmo-nos uns aos outros e exercermos a reciprocidade da forma mais humilde
possível.
Nem sempre se tem de obter algo em troca. Às vezes o
melhor é aceitar que os outros são como são e que eles nem sempre irão
fazer por nós aquilo que nós estamos dispostos a fazer por eles. E claro,
existem sempre também aquelas pessoas que simplesmente não valem a pena, que não nos
respeitam nem merecem ter-nos na sua vida. Nesses casos é necessário desapegarmo-nos, por mais difícil que pareça ser.
Para concluir:
Quanto menos
esperarmos mais boas surpresas poderemos receber. Dessa forma seremos um pouco mais livres
e a nossa felicidade será menos dependente do comportamento dos outros. Somos
todos falíveis, somos todos seres imperfeitos a tentar viver
num mundo onde por vezes as decepções são inevitáveis, mas no qual habitam também o amor sincero e as amizades duradouras.
Valeria Sabater