domingo, 3 de setembro de 2023

Demasiado comum

Foto Pedro Coelho


Pensar que os outros farão por nós o mesmo que nós fazemos por eles é infelizmente um problema demasiado comum. A origem de muitas das nossas decepções é esperarmos sempre a mesma sinceridade, o mesmo respeito e a mesma reciprocidade. No entanto isso nem sempre acontece. Os valores que definem o nosso comportamento raramente são os mesmos que definem o que acontece na mente dos outros.

Uma maneira simples de conseguirmos desiludir-nos menos pode residir no simples facto de minimizarmos as nossas expectativas. Quanto menos se esperar, mais se poderá receber ou encontrar. É certamente um argumento controverso, no entanto, não deixa de ter a sua lógica.

“Não esperes nada de ninguém, espera tudo de ti apenas e desse modo o teu coração vai seguramente sofrer menos.”

Todos nós sabemos que no que diz respeito às nossas relações é impossível não ter expectativas. Esperamos que os outros tenham para conosco comportamentos corretos porque desejamos ser amados, defendidos e valorizados, mas isso não impede que muitas vezes essas previsões falhem. 

Quem espera muito dos outros, geralmente acaba ferido.

Ninguém erra ao procurar o lado bom das pessoas. Temos o direito de o fazer, de o encontrar e até mesmo de o promover, mas com alguma cautela. Porque a decepção é a irmã das expectativas elevadas, por isso é mais apropriado não se deslumbrar antes do tempo.

As aparências não costumam enganar, o que muitas vezes falha é aquilo que nós esperávamos dos outros. Podemos esperar muito deles, no entanto o correto é esperar sempre mais de nós próprios.

Lembremo-nos sempre do seguinte:

Ninguém é perfeito, nem sequer nós somos. Se fôssemos agradar às expectativas que os outros têm a nosso respeito, viveríamos preocupados e infelizes. Por vezes é impossível porque ninguém é um exemplo de perfeição ou virtude absoluta. Basta por isso respeitarmo-nos uns aos outros e exercermos a reciprocidade da forma mais humilde possível. 

Nem sempre se tem de obter algo em troca. Às vezes o melhor é aceitar que os outros são como são e que eles nem sempre irão fazer por nós aquilo que nós estamos dispostos a fazer por eles. E claro, existem sempre também aquelas pessoas que simplesmente não valem a pena, que não nos respeitam nem merecem ter-nos na sua vida. Nesses casos é necessário desapegarmo-nos, por mais difícil que pareça ser. 

Para concluir: 

Quanto menos esperarmos mais boas surpresas poderemos receber. Dessa forma seremos um pouco mais livres e a nossa felicidade será menos dependente do comportamento dos outros. Somos todos falíveis, somos todos seres imperfeitos a tentar viver num mundo onde por vezes as decepções são inevitáveis, mas no qual habitam também o amor sincero e as amizades duradouras.


Valeria Sabater