sábado, 28 de abril de 2018

A saudade é lixada...

Foto by José Coelho


ABANDONADAS

 A velha casa, onde eu morei outrora
e que há muito está desabitada,
silenciosa envolveu-me, ao ver-me agora,
num triste olhar de amante abandonada.

Com que amargor no íntimo lhe chora
uma alma sensitiva e ignorada,
que não tem voz para queixar-se, embora
se veja só, de todos olvidada!

Casa deserta e fria, que envelheces
ao desamparo sem uma afeição,
bem sinto que me vês, que me conheces

e relembras os dias que lá vão…
Eu esqueci-te, amiga, e tu pareces
toda magoada dessa ingratidão.

 Roberto de Mesquita