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Este tipo inaudito e
desavergonhado
24 Julho 2015, por Baptista Bastos
Este tipo
desavergonhado, que diz que não disse o que disse, e diz o que não faz, com um
impudor nunca visto. Este tipo, este tipo.
Não quero mais este
tipo na minha casa, na minha rua, no meu bairro, na minha cidade, na minha
pátria. Este tipo vendeu-nos, com um descaramento inacreditável. Este tipo
parece um serventuário; parece, não: é um serventuário da alemã, e
enxovalha-nos a todos quando, reverente e subalterno, caminha ao lado dela,
atento ao que a alemã diz, e toma nota e fixa o que a alemã diz com reverente
cerimónia. Este tipo disse que gastávamos demais, nós, os portugueses, que
nunca soubemos o que era prosperidade, ter uns tostões a mais no bolso,
satisfazermos os pedidos dos nossos filhos, por muito modestos que fossem. Eu,
por exemplo, nunca consegui adquirir, nem em segunda mão, uma bicicleta para os
meus filhos, embora tivéssemos feito, a minha mulher e eu, sacrifícios inauditos
para os educar, sem a ajuda de ninguém.
Já deixei de ouvir este
tipo. E desligo logo a televisão, quando o vejo e ouço, sobretudo na SIC, que
parece ter uma câmara sempre às ordens para filmar o mais desinteressante dos
movimentos deste tipo. Este tipo é um mentiroso relapso e contumaz: toda a
gente sabe e ele também, mas passa adiante. Este tipo disse, agora, que está em
campanha, ter como prioridade o equilíbrio social entre os portugueses; mas foi
ele que nos aplicou essa miserável doutrina do empobrecimento, mascarada de
austeridade.
Que fizemos para
merecer tal provação? Foi este tipo, de olhar gelado, que nos atirou para o
desemprego, para a emigração, para o desespero mais incontido, para uma vida
sem esperança nem sonho. Foi este tipo que nos roubou os sonhos, não se
esqueçam!
Este tipo que despreza
os velhos, que diz coisas imponderáveis, preso ao poder como uma lapa. Este
tipo que está a pôr em causa a própria natureza da nacionalidade. Este tipo
que, para seguir um nefando projecto capitalista, está a vender a pátria aos
bocados e ainda há quem o aplauda. Os estipendiados de todas as profissões, os
jornalistas venais, os políticos corruptos.
Este tipo
desavergonhado, que diz que não disse o que disse, e diz o que não faz, com um
impudor nunca visto. Este tipo, este tipo.
Não quero mais este tipo na minha casa, na minha rua, no meu bairro. Não quero este tipo em nada do que me diga respeito. Escorracem este tipo do nosso viver quotidiano. Este tipo.