Este gráfico é bem demonstrativo da "maravilha" que foi (e continua a ser) a nossa adesão à CEE há 30 anos. Nele se refere que os ordenados médios em Portugal rondam actualmente o montante de 645 €. Tretas. Estatísticas da porra. Tenho na minha família quem ganhe apenas o ordenado mínimo nacional que é 505 euros, sujeitos aos descontos legais. Nem mais um cêntimo. Logo, para os 645 do tal salário médio, faltam 140 €.
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A maioria das reformas de milhões de reformados - que também são portugueses como os que ainda conseguem trabalhar - é inferior a 500 €. Milhares delas não chegam sequer aos 400. Dei uma espreitadela pelos ordenados mínimos nacionais de alguns dos nossos parceiros e...
Alemanha - 1473 €
Luxemburgo - 1923 €
Bélgica - 1501 €
Irlanda - 1461 €
França - 1457 €
Espanha - 756 €
Grécia - 683 €
Até na aflita e tão falada Grécia o OMN supera o nosso em 180 €. Não há mesmo dúvida. Somos, definitivamente, os borra-botas da UE.
Eu queria ver os senhores dos governos, todos eles, desde 1985, data da célebre adesão, a ganharem também apenas o ordenado mínimo para as suas despesas familiares. Pronto. Com mais o ordenado da esposa que lhes ficassem então os tais 645 €. E nem mais um cêntimo.
Pagarem renda, luz, água, gás, despesas com filhos e comida para a mesa com 645 euros como têm que fazer a maioria das famílias. É muito fácil pedir sacrifícios aos outros quando se tem a carteira e a despensa cheia.
Bem prega frei Tomás... E nós somos tão tolos, tão tolos, tão tolos, que voltamos sempre a cometer os mesmos erros. E eles lá (se) vão governando, acumulando fortuna, desenrascando tachos para quem lhes é próximo, enquanto os tolos que lhes dão o poleiro se desunham para conseguirem ter as contas em dia. Coitados! Não fossem os pais, os avós e outros familiares a repartirem o pouco que também têm com filhos e netos, havia de ser bonito!
Nunca o presente foi tão parecido com o passado.
No tempo da outra senhora também era assim.
Só havia os muito ricos e os muito pobres.
Mas atrevo-me a dizer que apesar de tudo no passado era melhor do que neste presente.
Havia trabalho para todos.
Ganhava-se pouco. Pouquíssimo. Mas havia onde o ganhar.
No campo, nas artes e ofícios. Nas fábricas. Nas empresas de tudo e mais alguma coisa.
Onde estão esses empregos agora?
Subsídios para todos os gostos e paladares, especialmente para quem tiver cunhas, conhecimentos, alguém que conheça outro alguém naquelas chafaricas onde se trata desses subsídios. À pala desses favorzinhos, conseguimos até um honroso 5º lugar na lista dos 38 países mais corruptos do mundo. Que orgulho...
Por outro lado os ordenados e pensões do corrente mês são pagos com o dinheiro que o governo-estado ou o estado-governo comprou a juros no mês passado nos mercados de capitais que são quem gere tudo. Os do próximo mês hão-de ser negociados ainda neste. E por aí fora, mês após mês, ano após ano. Ao sabor das taxas de juro que os credores exigem e variam a cada segundo que passa. Se um país está bem, as taxas são suaves, baratuchas, controláveis. Se estiver mal, as taxas sobem exorbitantemente e na proporção exata das dificuldades desse pobre país. Provavelmente será para o "ajudarem" não? A afundar-se definitivamente. Ou então, se não se afundar e conseguir sobreviver ficará endividado com mais uns largos milhares de milhões em juros desmesurados e usurários para empanturrarem de riqueza os tais credores, quais sanguessugas nojentas.
Solidariedade europeia?
Uma ova! Não semeies nada. Toma lá dinheiro que eu te empresto a juros aliciantes para me poderes comprar tudo aquilo que precisas e eu tenho de sobra.
Por isso...
Dívidas. Dívidas e mais dívidas.
A crescerem de ano para ano, de década para década. Por cada mil euros que conseguimos produzir na nossa anémica economia, já devemos aos credores mil e trezentos. E mais grave, o que uns pedem, outros terão que pagar. Quem vier atrás que feche a porta, como diz o povo. Olhem, minhas queridas netinhas Francisca e Mariana. O vôvô não tem culpa de nada disso. Sempre foi de muito boas contas e nunca ficou a dever nada a ninguém. Os senhores dos governos é que têm feito essas porcarias todas. E vocês é que terão que as pagar. Vocês e as netas deles também. Mas eles querem lá saber disso! Querem é vida boa, bons tachos com grandes ordenados e carros com motorista, pagos pelos otários que votamos neles.
É um fartar vilanagem.
Andamos todos agora a comer fiado como só as famílias muito pobres comiam no tempo da outra senhora. A minha mãe ia sempre aviar-se à mercearia da ti Aurora. Pagava o avio que lá devia da semana anterior e trazia outro, fiado, para pagar na semana seguinte. Assim funcionam agora as coisas nesta Europa unida da democracia, onde quem reina é a tal economia de mercado e onde os países aderentes têm que fazer tudo o que lhes mandam ou levam tau-tau, como está agora a levar a Grécia. Ou faz o que lhe mandam ou vai ser expulsa como são expulsos da escola aqueles meninos rebeldes. Porque democracia europeia é fazer tudo o que os outros dizem e não o que cada um quer.
Ah pois!
Se eu pudesse, se não fosse já velho, reformado e cheio de mazelas, ia-me embora da europa e nunca mais olhava para trás. Porque não gosto nada destas merdas todas e de outras que não mencionei...