sábado, 20 de junho de 2015

Bom fim de semana...


Foto by José Coelho

E já agora, um bom verão (que começa amanhã).

Borra-botas...


Este gráfico é bem demonstrativo da "maravilha" que foi (e continua a ser) a nossa adesão à CEE há 30 anos. Nele se refere que os ordenados médios em Portugal rondam actualmente o montante de 645 €. Tretas. Estatísticas da porra. Tenho na minha família quem ganhe apenas o ordenado mínimo nacional que é 505 euros, sujeitos aos descontos legais. Nem mais um cêntimo. Logo, para os 645 do tal salário médio, faltam 140 €.

Mais...

A maioria das reformas de milhões de reformados - que também são portugueses como os que ainda conseguem trabalhar - é inferior a 500 €. Milhares delas não chegam sequer aos 400. Dei uma espreitadela pelos ordenados mínimos nacionais de alguns dos nossos parceiros e...

Alemanha - 1473 €
Luxemburgo - 1923 €
Bélgica - 1501 €
Irlanda - 1461 €
França - 1457 €
Espanha - 756 €
Grécia - 683 €

Até na aflita e tão falada Grécia o OMN supera o nosso em 180 €. Não há mesmo dúvida. Somos, definitivamente, os borra-botas da UE.

Eu queria ver os senhores dos governos, todos eles, desde 1985, data da célebre adesão, a ganharem também apenas o ordenado mínimo para as suas despesas familiares. Pronto. Com mais o ordenado da esposa que lhes ficassem então os tais 645 €.  E nem mais um cêntimo.
Pagarem renda, luz, água, gás, despesas com filhos e comida para a mesa com 645 euros como têm que fazer  a maioria das famílias. É muito fácil pedir sacrifícios aos outros quando se tem a carteira e a despensa cheia. 

Bem prega frei Tomás... E nós somos tão tolos, tão tolos, tão tolos, que voltamos sempre a cometer os mesmos erros. E eles lá (se) vão governando, acumulando fortuna, desenrascando tachos para quem lhes é próximo, enquanto os tolos que lhes dão o poleiro se desunham para conseguirem ter as contas em dia. Coitados! Não fossem os pais, os avós e outros familiares a repartirem o pouco que também têm com filhos e netos, havia de ser bonito!

Nunca o presente foi tão parecido com o passado. 
No tempo da outra senhora também era assim. 
Só havia os muito ricos e os muito pobres.
Mas atrevo-me a dizer que apesar de tudo no passado era melhor do que neste presente. 
Havia trabalho para todos.
Ganhava-se pouco. Pouquíssimo. Mas havia onde o ganhar.
No campo, nas artes e ofícios. Nas fábricas. Nas empresas de tudo e mais alguma coisa.
Onde estão esses empregos agora?

Subsídios para todos os gostos e paladares, especialmente para quem tiver cunhas, conhecimentos, alguém que conheça outro alguém naquelas chafaricas onde se trata desses subsídios. À pala desses favorzinhos, conseguimos até um honroso 5º lugar na lista dos 38 países mais corruptos do mundo. Que orgulho...

Por outro lado os ordenados e pensões do corrente mês são pagos com o dinheiro que o governo-estado ou o estado-governo comprou a juros no mês passado nos mercados de capitais que são quem gere tudo. Os do próximo mês hão-de ser negociados ainda neste. E por aí fora, mês após mês, ano após ano. Ao sabor das taxas de juro que os credores exigem e variam a cada segundo que passa. Se um país está bem, as taxas são suaves, baratuchas, controláveis. Se estiver mal, as taxas sobem exorbitantemente e na proporção exata das dificuldades  desse pobre país. Provavelmente será para o "ajudarem" não? A afundar-se definitivamente. Ou então, se não se afundar e conseguir sobreviver ficará endividado com mais uns largos milhares de milhões em juros desmesurados e usurários para empanturrarem de riqueza os tais credores, quais sanguessugas nojentas.

Solidariedade europeia?

Uma ova! Não semeies nada. Toma lá dinheiro que eu te empresto a juros aliciantes para me poderes comprar tudo aquilo que precisas e eu tenho de sobra.

Por isso...

Dívidas. Dívidas e mais dívidas.

A crescerem de ano para ano, de década para década. Por cada mil euros que conseguimos produzir na nossa anémica economia, já devemos aos credores mil e trezentos. E mais grave, o que uns pedem, outros terão que pagar. Quem vier atrás que feche a porta, como diz o povo. Olhem, minhas queridas netinhas Francisca e Mariana. O vôvô não tem culpa de nada disso. Sempre foi de muito boas contas e nunca ficou a dever nada a ninguém. Os senhores dos governos é que têm feito essas porcarias todas. E vocês é que terão que as pagar. Vocês e as netas deles também. Mas eles querem lá saber disso! Querem é vida boa, bons tachos com grandes ordenados e carros com motorista, pagos pelos otários que votamos neles.


É um fartar vilanagem.

Andamos todos agora a comer fiado como só as famílias muito pobres comiam no tempo da outra senhora. A minha mãe ia sempre aviar-se à mercearia da ti Aurora. Pagava o avio que lá devia da semana anterior e trazia outro, fiado, para pagar na semana seguinte. Assim funcionam agora as coisas nesta Europa unida da democracia, onde quem reina é a tal economia de mercado e onde os países aderentes têm que fazer tudo o que lhes mandam ou levam tau-tau, como está agora a levar a Grécia. Ou faz o que lhe mandam ou vai ser expulsa como são expulsos da escola aqueles meninos rebeldes. Porque democracia europeia é fazer tudo o que os outros dizem e não o que cada um quer.

Ah pois! 


Se eu pudesse, se não fosse já velho, reformado e cheio de mazelas, ia-me embora da europa e nunca mais olhava para trás. Porque não gosto nada destas merdas todas e de outras que não mencionei...

quarta-feira, 17 de junho de 2015

Ninho d'águias...


Foto by José Coelho

A torre alta de Marvão
Escuta o murmúrio dos céus
E diz baixinho aos que estão
O que ouve dizer a Deus

José Amaro

terça-feira, 16 de junho de 2015

Em vias de extinção...



Sócha dos canchos-miradouro da escola - Beirã
Foto da autoria de José Coelho


Sócha dos Cabeçudos, antiga moradia de família
Foto da autoria de Emílio Moitas

sábado, 13 de junho de 2015

30 anos depois...


A euforia transformou-se numa desilusão!


A mais bonita estação fronteiriça e o ramal ferroviario que lhes deu vida, foram extintos. E com eles vai-se extinguindo a aldeia. Mais de 60 casas se encontram já desabitadas. Por todas as ruas. Mas viva a CEE.


Deveria ler-se: 
Ex-Marvão-Beirã
Ex-Portugal.


O silêncio e o mato são agora  os donos-disto-tudo! 


Tanto dinheiro jogado fora. E tantas vidas destruídas.


Hoje sabemos (pelo menos é o que eu sinto) que perdemos muito mais que o nosso Escudo. Perdemos também a identidade, a independência, a dignidade e o orgulho, herdados de Viriato. 
Quem manda aqui é Bruxelas e o resto são balelas. A quem mais aproveitou esta adesão? 
A poucos. 
Ah! Mas para esses, o proveito foi muito. 
Muitíssimo. 
Porém...
Quem paga a factura, quem é?
Pois. 
Esses. 
Os Nós. 
O Zé que Bordalo caricaturou de Povinho. 
A raia miúda.
Os mesmos do costume.
Se calhar só temos aquilo que merecemos. 
Porque votamos neles.
Resmungamos, criticamos, mas votamos sempre nos mesmos, aplaudimos e até constituímos as claques de apoio que eles tanto necessitam para (se) governarem e talvez para depois nos arranjarem também um tachinho. 
Para nós ou para algum dos nossos.
É o que está a dar.
Chamamos-lhes nomes feios (gatunos, corruptos e filhos de uma mulher da vida) mas lambemos-lhes as botas. Porque pedir um tacho para desenrascar o filho (ou a filha), um primo (ou a prima) um afilhado (ou afilhada) não é crime nem sequer corrupção. Mesmo que para nos favorecerem tenha que ser afastado qualquer outro candidato mais competente ou habilitado para aquele tacho. 
E se for um infeliz da claque adversária, está mesmo garantido. É que nem ginjas. Vai de cona que é um vento, mal os da nossa claque tomem posse. 
Cada um que se desenrasque. 
É a lei do mais forte. 
Desculpem: Enganei-me. 
É a lei do mais votado.
A Liberdade que nos trouxe a Democracia e depois a adesão à CEE mais a mudança do Escudo para o Euro, fizeram de nós estes Europeus Novos Ricos Deslumbrados. 
Pena que durou muito pouco a euforia.
Durou o tempo necessário para esturrar os milhões que vieram todos os dias, durante mais de vinte anos.
Mas agora é que a porca torce o rabo.
Agricultura? Não há. Foi extinta porque aquilo que precisarmos compramos aos nossos parceiros como a França e a Alemanha que têm lá muito de sobra.
Indústria? Também não há. Compramos tudo aos nossos parceiros que... 
Oh catano! 
Esperem! 
Estava-me a esquecer que os chinocas vendem tudo mais barato que o Lidl ou o Intermarché. E que as suas lojas crescem como cogumelos em todas os buracos que faliram por dívidas ao fisco, à segurança social ou que a Asae fechou por falta de condições.
Compramos tudo. 
Aos parceiros europeus ou aos chineses, tanto faz. 
Com que dinheiro?
Com dinheiro emprestado, ora essa!
É para isso que existem os bondosos e desinteresseiros mercados. Porque, se não houvesse portugais, grécias, irlandas e outros países mais pequenos e por isso pobrezinhos a necessitarem de empréstimos, como se haviam de governar os coitados dos FMIs, os BCEs ou os outros generosos credores que saciam as dívidas públicas a quem delas vive? 
Já se deram conta de quantas coisas boas nos trouxe a bendita adesão que fez ontem 30 anos?
Só é pena que ela nos tivesse capado, tornado eunucos.
Porquê?
Porque deixámos de ter tomates (como teve o nosso fundador que até à mãe declarou guerra para formar, liberto e soberano, este país. E como tinham também os nossos avós, em mil exemplos que a história conta) para darmos um murro na mesa e meter o dedo no nariz ao bando de imbecis que nos enfiou neste buraco sem fundo. Qual quê! Pelo contrário... 
Em Outubro lá iremos, obedientes e resignados como um bando de carneiros, votar neles outra vez.
E seja o que Deus quiser.
Coitado de Deus.
Deve ter as costas bem largas... 

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Dois Portugueses íntegros, verticais e corajosos que muito admiro...



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12 exemplos do que é uma FDPTICE?


1. É comparar a reforma de um deputado com a de uma viúva.

2. É um cidadão ter que descontar 35 anos para receber reforma e aos deputados bastarem somente 3 ou 6 anos, conforme o caso; e os membros do Governo para cobrar a pensão máxima só precisarem do Juramento de Posse.

3. É os deputados serem os únicos trabalhadores (?) deste país que estão isentos de 1/3 do seu salário em IRS.

4. É pôr na administração do Estado milhares de assessores (leia-se amigalhaços) com salários que nem os técnicos mais qualificados recebem.

5. É o dinheiro destinado a apoiar os Partidos que são aprovados pelos mesmos políticos que vivem deles.

6. É não se exigir a um político a mínima prova de capacidade para exercer o cargo (e não estamos a falar em termos intelectuais ou culturais!).

7. É o custo que representa para os contribuintes a sua comida, carros oficiais, motoristas, viagens (sempre em 1ª classe), para além dos cartões de crédito.

8. É que S. Exas. tenham quase cinco meses de férias ao ano (48 dias no Natal, 17 na Semana Santa mesmo que muitos se declarem não religiosos, e cerca de 82 dias no Verão).

9. É S. Exas. cessarem um cargo e manterem 80% do salário durante 18 meses.

10. É que ex-ministros, ex-secretários de Estado e outros ex-ocupantes de cargos políticos cessem funções e possam ser os únicos cidadãos que podem legalmente acumular dois salários pagos pelo erário público.

11. É que se utilizem os meios de comunicação social a soldo dos políticos profissionais, para transmitir à sociedade que só os funcionários públicos representam encargos para os bolsos dos contribuintes.

12. É ter residência em Lisboa e cobrar ajudas de custo pela deslocação à capital, porque dizem viver em outra cidade.

13. É ainda assim gritarem que são «democratas», sem se rirem...


 Barra da Costa

quinta-feira, 11 de junho de 2015

Outro ocaso made in Beirã. O de ontem...



No final da minha habitual caminhada pelos subúrbios deparei-me com mais um deslumbrante colorido do astro-rei a dar por terminado o seu dia. Desta vez despedia-se por detrás dos cerros sobranceiros ao Monte da Broca. Não levando comigo a máquina fotográfica improvisei a captação desta melancólica imagem com o telemóvel,  no cruzamento próximo do nicho de Nossa Senhora dos Bons Caminhos, lá ao cimo, à entrada da aldeia, quem desce dos Barretos.  Todos  os beiranenses  conhecem bem o local a que me refiro, principalmente os da minha geração, não só porque foi construído e inaugurado quando nós frequentávamos a Escola Primária, mas também porque foi, por excelência, local de encontro nos nossos namoricos, guardião dos nossos segredos, cúmplice dos muitos carinhos que por ali eram trocados, longe de olhares indiscretos.

domingo, 7 de junho de 2015

Boa semana...



 Foto que fiz há cerca de um ano ao por do sol  
no Penedo Monteiro - Castelo de Vide

Duas estrelinhas que iluminam os meus dias...



 
Quero tanto que a sorte vos sorria sempre e que possam ser infinitamente felizes, minhas amadas netinhas!

sábado, 6 de junho de 2015

Justificação de falta...


Recorte de uma foto by Pedro Coelho 

Ando um bocadinho ausente deste espaço. Desculpem. Não é por falta de inspiração. Pelo contrário. Muitos temas, muitos projectos no meu íntimo, catadupas de ideias na minha cabeça para escrever sobre tantas, tantas coisas, mas...

Ainda não estou bem. 

Ainda não cheguei onde é preciso chegar para poder seguir em frente e sem olhar para trás. Sei que vou encontrar o meu equilíbrio, o meu novo ponto de partida e que estou já lá perto mas ainda me falta caminho. 

Não consegui até agora dar por concluído o meu luto. 

Jamais imaginei que amava tanto a minha progenitora e que ela me fazia tanta falta. Que doesse tanto a sua ausência definitiva. E não, não é pieguice bacoca. Eu não sou piegas. É mesmo dor. Uma dor esquisita, sufocante, profunda, aflitiva. 

Noites sem dormir. 
Este vazio estranho. 
A sensação viva de que algo de mim se perdeu para sempre.
E a saudade.
Teimosa, crua, implacável.

Não há palavras que confortem, por mais bem intencionadas que sejam. Venham de quem vierem. É um caminho que se tem que fazer sozinho. Por isso estou fechado no meu silêncio. Porque no silêncio encontrei sempre o meu melhor refúgio. Será nele que irei conseguir, com toda a certeza, reencontrar a minha paz.

As tentativas de consolar a perda com discursos encorajadores e palmadinhas nas costas vindas de familiares próximos e de amigos chegados foram de todo inúteis e incapazes de produzirem algum efeito na solidão infinita que resulta da orfandade. 

Nunca me senti tão sozinho no mundo.

Perdi quem me amava incondicionalmente com todas as minhas virtudes e defeitos. Quem me aceitava assim, exatamente como sou. Quem me pedia em troca de todo o seu amor, tantas, mas tantas vezes, apenas... Um beijinho.

Sei que nada, nunca mais, voltará a ser como antes. Estou a aprender a lição mais dura e dolorosa da minha vida. Aconselho a todos vós, vivamente. Amem os vossos pais enquanto os têm convosco. A vida é demasiado breve. E amanhã pode ser tarde.

Sei do que falo. 

Muitas vezes, nos últimos meses e na intimidade do meu silêncio, têm acontecido momentos em que num breve milésimo de segundo acodem à minha memória recordações vividas com quem já não vou poder viver mais. Coisas que antes pareciam tão banais mas só agora entendo que aquilo sim, foi  verdadeira felicidade.

Tenham, se puderem, um bom fim de semana.