sexta-feira, 31 de maio de 2024

Um vazio cada vez maior

Mês de Maria 2024. Cinco, seis senhoras no terço. Às vezes, nem tantas.

Somos cada vez menos. Nas casas, nas ruas, na missa dominical que até passou para os sábados e nos poucos eventos que ainda se vão tentando organizar. Há duas excepções à regra. A tradicional "matança do porco" organizada pela Junta de Freguesia em março de cada ano que reúne sempre umas centenas de pessoas num dia inteiro de alegre convívio, e a festa da Padroeira em meados de julho que costuma congregar igualmente um bom punhado de gente quer na missa do meio-dia, quer à noite na procissão. Num e no outro evento, alguns Beiranenses regressam para por em dia a sua arreigada devoção à Senhora do Carmo e matarem saudades deste recanto que os viu nascer e crescer. 

Nem vale a pena lamentar. Não há nada que possa reverter este descalabro, esta sangria desatada de gente que "abalou" para os grandes centros urbanos em busca de melhores condições de vida para si e para os seus. Ao contrário do que diz o velhinho Cante Alentejano... "vou-me embora, vou partir mas tenho esp'rança" melhor será adaptar as nossas expectativas noutra não menos bonita balada que trauteia... "ei-los que partem, velhos e novos, buscar a sorte, noutras paragens, noutras aragens, entre outros povos, ei-los que partem velhos e novos..." porque quem parte não voltará mais, a não ser muito pontualmente.

Quase todos os que "abalaram" eram já mais velhos que novos e a única esp´rança que levavam devia provavelmente ser a de encontrarem o trabalho que aqui lhes foi súbita e inesperadamente negado mercê das decisões políticas que nunca me cansarei de culpar. E levavam certamente também expectativas para o futuro dos seus filhos, já que por estas bandas isso se tornou de todo improvável. Um estranho silêncio foi desde então invadindo as casas por todas as ruas sem excepção, mas, principalmente, na parte mais antiga da aldeia. E não só.  É habitual, desde então, percorrê-las a qualquer hora do dia ou da noite sem que nos cruzemos com ninguém para um simples bom dia, boa tarde ou boa noite.

Na missa vespertina dos sábados (que estranha parece a missa dominical em sábado às seis da tarde) chama particularmente a atenção quase sempre o reduzido número de fiéis presentes em cada celebração. No inverno até se percebe. População maioritariamente idosa, às seis da tarde é noite cerrada e muita gente tem receio de andar pelas ruas desertas, a igreja é particularmente fria e a sua volumetria torna inútil qualquer tentativa de aquecimento com aquecedores minúsculos, enfim, diversos são os fatores que originam missas onde são mais os bancos na igreja do que as pessoas neles sentadas. É apenas mais um prenúncio do que se foi e não voltará.

Fico inevitavelmente melancólico. Levo noventa por cento da minha vida, dedicados a esta aldeia, às suas gentes e seus costumes sem nunca ninguém ter dado por isso. Não só estabeleci cá a minha residência permanente como tenho, à minha maneira, lutado com todos os meios ao meu alcance para que não se percam memórias, raízes, usos e costumes, pois considero que todos eles são a mais valiosa herança que os nossos antepassados nos deixaram e é preciso preservar. Nunca me conformei nem vou conformar enquanto viver com este abandono vergonhoso a que somos votados pelo poder central, seja qual for a ideologia de quem governa. O meu partido é a Beirã e Marvão no seu todo, o meu berço, a minha paixão, a minha vida. 

Sei e tenho consciência que pareço o D. Quixote de La Mancha a lutar sozinho contra os moinhos de vento, mas não consigo conformar-me. E sei também que fiz tudo o que podia e sabia por esta terra que me está no sangue e no ar que respiro. E há mais quem saiba, mas prefere fingir que não sabe. Porque é mais conveniente lamber as botas de quem lhes arranja tachos e retribui favores. Nunca ganhei um cêntimo só que fosse, pelo que fosse, nunca pedi um favorzinho, um tacho, um qualquer benefício para mim ou para algum dos meus. Pelo contrário, recusei os que me foram oferecidos. 

Por uma questão de princípios que me prezo de possuir. 

E daquilo que escrevo tenho provas, preto no branco.

Momentos houve em que pessoas que ajudei, a quem dei a minha confiança e o meu respeito me deixaram sozinho. E pelas costas, por falta de coragem de darem a cara, cobardemente me difamaram. Mas eis-me aqui a lutar como sempre, de cara levantada e consciência tranquila. Confesso, contudo, porque um homem não é de ferro, que muitas vezes já, muitas vezes mesmo, dou por mim a sentir que o silêncio e o vazio da igreja, das casas e das ruas da minha aldeia vai começando a instalar-se dentro do meu coração. 

Será talvez porque estou a ficar velho? 

Ou será porque os tais moinhos de vento do D. Quixote que me parecem cada vez mais invencíveis? 

Não sei...


José Coelho 
(Texto e foto)

Adeus maio, até para o ano



quinta-feira, 30 de maio de 2024

Convidado de honra


Esta foto foi tirada por expressa vontade do Senhor Presidente da Câmara Municipal do Alandroal, João Grilo, quando lhe fui oferecer a medalha comemorativa e ele quis também um crachá. Então, por não haver mais nenhum à mão, ofereci-lhe o que trazia suspenso do meu pescoço. O prazer e a honra foram todos nossos e ficamos-lhe muito gratos por este registo na sua página. Bem haja.

quarta-feira, 29 de maio de 2024

Cinquenta anos a andar para trás


Cheguei a casa, vindo da guerra, em vésperas dos santos populares e das fogueiras de rosmaninho que cada família fazia à sua porta num alegre convívio de sardinhadas e caldo verde, à mistura com o inevitável pezinho de dança ao som de música de gira-discos ou gravadores de cassetes. Tudo o que eu necessitava para reencontrar o equilíbrio e a paz de espírito. A Beirã desse tempo tinha um grande grupo de jovens da minha idade e não só. 

Era uma comunidade muito viva, atuante e participativa.

Aos serões a “malta” de ambos os sexos juntava-se em grupos no Clube ou na Sociedade Recreativa, no Largo da Fonte ou à porta da Loja Grande. Havia quem tivesse viola, havia até quem cantasse muito bem, havia enfim, um estilo de vida salutar onde a amizade, a camaradagem e o espírito de grupo imperavam, fazendo de todos nós uma juventude unida e feliz.

Ninguém ou quase ninguém tinha ainda televisão em casa. Qualquer programa de maior interesse era televisionado nas salas públicas que tinham esse equipamento para utilização coletiva, o que, de algum modo, também contribuía muito para a comunidade reunir e conviver diariamente.

Os ecos da Revolução de Abril iam cá chegando mais ou menos ruidosos e com eles começaram infelizmente as tendências agressivas do partidarismo que subtilmente dividiu em claques a malta simpatizante de cada uma das diferentes opções políticas. E alguns amigos de uma vida inteira começaram a olhar-se como rivais.

Iniciou-se dessa forma a nova era conquistada na recente manhã de abril e que, em meu modesto entender, não trouxe, nem pouco mais ou menos, o que se perspetivava em termos de bem-estar coletivo ou mesmo em termos de futuro.

Muito e muito pelo contrário.

Sem que ninguém o previsse ou pudesse imaginar a Beirã começou a ruir num efeito dominó imparável e demolidor. A menina dos olhos do concelho de Marvão iniciou ali o inexorável e irreversível processo da sua lenta agonia.

Primeiro foram os agentes da Pide que fugiram ou foram presos e as suas famílias tiveram de voltar às origens, deixando para trás as primeiras casas desabitadas. Vizinhos e amigos, independentemente do que os ligava ao anterior regime ou ao que faziam no exercício da sua profissão, eram famílias inteiras que davam vida à aldeia e sustentavam a economia local.

Depois foi o processo de integração de Portugal na União Europeia. A alfândega fechou e a circulação ferroviária reduziu tanto que mais de dois terços dos funcionários da CP foram colocados noutras estações longe daqui.

Os escritórios dos despachantes oficiais também deixaram de ser necessários e a sombra do desemprego começou a pairar sem deixar lugar a dúvidas sobre muitas famílias que ali tinham o seu ganha-pão há décadas.  

Foi extinta a Guarda-Fiscal e integrada na Guarda Nacional Republicana com a consequente debandada de mais de uma dezena de famílias. 

Quem não era de cá pura e simplesmente foi-se embora num inesperado regresso às suas raízes para ali tentar reconstruir ou começar de novo a sua vida. Para trás ficaram as casas desabitadas, um pouco por todas as ruas da aldeia.

Ainda assim alguns, como eu, fomos ficando e lutando. Mas a machadada final foi-nos dada no dia em que pelos gabinetes do Terreiro do Paço se decretou a desativação do Ramal de Cáceres em agosto de 2012 e trouxe ainda mais solidão e abandono a estes humildes povoados do Portugal profundo longe de tudo, mas, infelizmente, longe também do interesse de quantos passaram a governar-nos no dia 26 de abril de 1974.

José Coelho

Do livro Histórias do Cota

Exultai em Deus, que é o nosso auxílio

SALMO RESPONSORIAL DO IX DOMINGO DO TEMPO COMUM

sexta-feira, 17 de maio de 2024

Bom fim de semana e sejam felizes


 Nascer, é uma possibilidade. Viver, é um risco. Envelhecer, é um privilégio.

Mário Quintana…

quinta-feira, 16 de maio de 2024

E que assim seja



Que a vida te traga a idade, mas nunca o desencanto. Que os anos passem, mas que nunca te habitues. Sê como o rio, que flui em direção a algo maior. Que o teu coração cresça até ao fim e que nele caiba o que não é possível medir: o amor, o sonho e a poesia. Que o tempo te enrugue a pele, mas nunca a alma. A alma quer-se lisa. Espelho e reflexo de luz. Que te ames no amor que dás e recebes. Que a distância nunca te impeça de estar perto e que as vidas de que esta é chegada sejam a memória do que te ensinaram. Nem tudo está escrito. Há coisas que és tu que tens de escrever.

 in lado.a.lado -16. 05. 2021

Foto José Coelho  com Maria Coelho - 16. 05. 2024

quarta-feira, 15 de maio de 2024

Acredita


Não deixes que a saudade te sufoque, que a rotina te acomode e que o medo te impeça de tentar.

Desconfia do destino, acredita em ti.

Gasta mais horas a realizar do que a sonhar, a fazer do que a planear, a viver do que a esperar, porque embora quem quase morre ainda esteja vivo, quem quase vive já morreu.

Sarah Westphal

Foto José Coelho

segunda-feira, 13 de maio de 2024

Boa semana, sejam felizes

Boa disposição, porque a tristeza não leva a lado nenhum. E quem lhe dê azia ver-nos sempre sorridentes, faça um chazinho de salva brava que alivia...

Foto José Coelho com Maria Coelho 
- 13 de Maio de 2024

Mãe d'água


Fonte dos Cabeçudos nas encostas de Marvão, a debitar milhões de metros cúbicos de água leve e puríssima ano após ano, há oito décadas...
- 12. 05. 2024

quinta-feira, 9 de maio de 2024

Mês de Maria

A Sua presença é permanente em nossa casa, desde sempre.
Foto José Coelho

Tradições ancestrais

Foto José Coelho com Maria Coelho

Quinta-feira d'Ascensão

Foto José Coelho

In Manus Tuas Pater - Taizé


Os bons amigos são para sempre. Nunca esquecerei a amizade e enorme consideração que tinha por mim e por toda a minha família, Senhor Padre Luís. Oito anos de saudades suas. Descanse em paz e até um dia.

Não há volta a dar


Enquanto me importo, não vou embora. Mas quando vou embora, já deixei de me importar.

- Maio 2024

O Antes e o Agora

Ramal de Cáceres - Três Pontões
Fotos José Coelho

terça-feira, 7 de maio de 2024

E tenho dito


Há três coisas das quais eu gosto, que pratico e não tolero, de forma nenhuma, a sua falta: Respeito, Educação e Consideração.

Coisas que leio


- Estás à espera de quem?

- Não espero ninguém! Estou apenas a sentir o passar da brisa.

 - Então? Não tens família?

- Tenho! Mas deixei de esperar por eles...

 - Estão zangados?

- Não! Estamos resolvidos e de bem com a vida!

 - Como assim?

- Aprendi com os anos de caminho que não devemos esperar por ninguém!

 - Mas... Uma mãe não deve esperar sempre pelos seus filhos?

- Por muitos anos achei que sim... Depois aprendi que só esperamos por aquela ilusão de posse. No dia em que entendemos que ninguém pertence a ninguém e que até os filhos são do Universo, passamos a ser livres para receber, sejam os filhos ou tudo o que a vida nos reservar!

 - E quando os filhos não chegam?

- Para quem nada, nem ninguém espera, tudo é apenas a vida a acontecer...

 - É difícil de entender!

- Eu sei. Fomos ensinados a sentir amor como apego, quando a verdade é que o autêntico Amor é saber desapegar. Amor é liberdade para amar sem prender, amar permitindo ao outro voar!

 - E não sentes solidão?

- Ela não existe para quem aceita para si mesmo esse direito de também continuar a voar. E hoje, mesmo de forma diferente, aceito, ajusto e continuo a permitir-me esse voo!

 - E quando não conseguires?

- Eu acredito que a quem se permite ser livre a morte chegará leve e quando o meu corpo físico deixar de poder voar, partirei de regresso a casa!

 - Sabes...

Acredito também que esse é o propósito da vida, nunca deixar de voar, porque uma Alma em voo é para sempre um Ser! Até lá vou continuar simplesmente a usufruir do passar da brisa.

Desconheço a autoria

Foto José Coelho

Beirã

Foto José Coelho - 05. 05. 2024

sábado, 4 de maio de 2024

Meu amigo, o rouxinol

Imagem: Google Fotos

 

Acontece inúmeras vezes e quase sempre à mesma hora. No crepúsculo. Quando ainda não é noite, mas também já não há sol. Gosto de despedir-me dos dias deambulando pelo quintal a sentir a aragem ou o vento no rosto, enquanto vou observando a aproximação da noite que desce da linha do horizonte onde os tons alaranjados do céu tocam as terras de Espanha lá ao longe, para se ir chegando a este vale desenhado pelas várzeas do Ribeiro da Cavalinha.

E ontem não foi exceção.

Fui fechar a garagem, o portão do forno a lenha, a janela e porta da cozinha-fumeiro e encostei-me à grade que separa a zona da horta, do patim ladrilhado a retalhos de mármore em toda a sua volta. Tive de colocar esta sólida grade para evitar as estouvadices da nossa cadela rafeira alentejana Suri que mal via uma toupeira a bulir na terra de qualquer canteiro, invadia furiosa as minhas culturas e sementeiras para fazer uma monumental cova em busca da intrusa.

Foi num destes entardeceres que a malvada víbora cornuda oculta debaixo dos espinafres de desfolhar que bordejavam o patim marmoreado, atacou a minha marida e a enviou de urgência para o Hospital de Santa Maria onde foi ser tratada com o antídoto adequado e monitorizada até passar o perigo de alastramento da infeção venenosa. É o que dá viver paredes meias com a natureza selvagem de que tanto gostamos.

Já passou, mas foi um susto enorme sim senhor.

De súbito no meio do silêncio que me envolvia ouvi-o muito próximo. Talvez no limoeiro ou na oliveira redondil que lhe fica ao lado. Trinou uma daquelas suas maravilhosas melodias completas e poeticamente descritas num dos livros de leitura da minha Escola Primária:

- Nossa Senhora disse, disse, disse, que enquanto o gavião da videira subisse, não domisse, não dormisse, não dormisse!

Fico tão enlevado sempre, que não mujo nem tujo, para não o assustar e espantar. Desde menino que os ouço e tento imitar, sem o conseguir. Ninguém canta e encanta como eles. Nos salgueiros e silvados do ribeiro, na fonte da Murta, nos quintais cheios de árvores como o meu de vez em quando. E olhem que deles já por aqui passaram muitas, muitas gerações, porque os meus anos já vão sendo também muitos, muitos.

A marida foi, entretanto, sacudir as migalhas da toalha do nosso jantar – cá em casa nada se perde, tudo se transforma – sejam as migalhas para os pardais, sejam as cascas das batatas, cenouras e outros legumes da nossa alimentação na compostagem para adubar a terra.

Nunca nada é desperdiçado.

Ia precisamente o nosso alado tenor recomeçar o seu segundo concerto, quando ao ouvir vozes se calou subitamente. Deve ficar com certeza desiludido por não lhe darem a atenção que merece. Olhei para a minha companheira e fiz-lhe sinal para não fazer barulho, mas ele não voltou a cantar mais.

- O que foi? Perguntou ela.

- É o nosso amigo rouxinol que veio cumprimentar-nos outra vez, respondi.

Mas não mais se fez ouvir. Deve ter mudado de pouso ou ido embora. Paciência. Talvez também porque, entretanto, ia já anoitecendo.

- Obrigado pela visita querido amigo.

- Volte sempre e sinta-se sempre aqui, como em sua casa…


José Coelho

Salmo Responsorial do VI Domingo da Páscoa

quinta-feira, 2 de maio de 2024

Nem tudo o que parece, é!

Foto Pedro Coelho

Parece que estou pensativo ou triste? Nem uma coisa nem outra! Estava atento à cataplana de garoupa que estava mesmo à minha frente sobre a mesa, num jantar em família...

quarta-feira, 1 de maio de 2024

Gosto de ler (e publicar) de vez em quando

Foto José Coelho - 29. 04. 2024

 

DESIDERATA


Vai serenamente por entre a agitação e a pressa

Lembra-te da paz que pode haver no silêncio
Sem seres subserviente, mantém-te, tanto quanto possível, em boas relações com todos
Diz a tua verdade calma e claramente
E escuta com atenção os outros
Mesmo que menos dotados e ignorantes.
Também eles têm a sua história
Evita as pessoas barulhentas e agressivas
São mortificações para o espírito
Se te comparas com os outros
Podes tornar-te presunçoso e melancólico
Porque haverá sempre pessoas superiores e inferiores a ti
Apraz-te com as tuas realizações tanto como com os teus planos
Põe todo o interesse na tua carreira, ainda que ela seja humilde
É um bem real nos destinos notáveis do tempo
Usa de prudência nos teus negócios
Porque o mundo está cheio de astúcia
Mas que isto não te cegue a ponto de não veres virtude onde ela existe
Muitas pessoas lutam por altos ideais
E em todo o lado a vida está cheia de heroísmos
Sê fiel a ti mesmo
Sobretudo não simules afeição
Nem sejas cínico em relação ao amor,
Porque em face da aridez e do desencanto
Ele é perene como a relva
Toma amavelmente o conselho dos mais idosos
 
Renunciando com graciosidade às ideias da juventude
Educa a fortaleza de espírito, para que te salvaguarde de uma inesperada desdita
Mas não te atormentes com fantasias, muitos receios surgem da fadiga e da solidão

Para além de uma disciplina salutar
Sê gentil contigo mesmo
Tu és um filho do Universo
 
E tal como as árvores e as estrelas
Tens o direito de o habitar
E quer isto seja ou não, claro para ti
Sem dúvida que o Universo
É-te disto revelador
Portanto, vive em paz com Deus
Seja qual for a ideia que Dele tiveres
E quaisquer que sejam as tuas lutas e aspirações
Na ruidosa confusão da vida
Conserva-te em paz com a tua alma.
Com toda a sua falsidade
Escravidão e sonhos desfeitos
O Mundo é ainda um lugar maravilhoso.
Sê cauteloso
Luta para seres feliz.

 

Autor: Max Ehrmann, escrito em 1927 

Bem-vindo, florido Maio

Foto José Coelho