quarta-feira, 7 de fevereiro de 2024

Se quiseres parir, aguarda que amanheça

Foto José Coelho

 

Não sou adepto de intrigas, de bota-abaixo, de dizer mal seja do que for só porque sim, mas isso não impede que me indigne sempre que verifico que algo não está bem, que é incompreensível, injusto ou inadmissível.

Fomos hoje, eu e a minha marida confrontados com mais um absurdo tendo como protagonista o Hospital de Portalegre. A Manuela tem um problema que a impede quase de caminhar e na última consulta com a melhor médica de família do mundo, esta enviou para a ULSNA o pedido de uma consulta de urgência em cirurgia.

De facto, uma semana depois foi convocada para ali se apresentar hoje dia 7.02.2024 pelas 11:30. E lá fomos nós, felizes e contentes, cheios de expectativa pela celeridade inabitual de tal convocatória. De mim para mim, fui pensando: Isto está a mudar para melhor…

Pois…

Chamada ao gabinete da digníssima médica-cirurgiã e observado o problema, tem de ser submetida a uma pequena cirurgia a cada um dos pés, um de cada vez em… 13 de dezembro de 2024. Terá de fazer assim e assado, pode vir desta e daquela maneira, não necessita de fazer isto nem aquilo.

Percebi perfeitamente o desconforto da ilustre senhora doutora e da senhora enfermeira assistente que não o esconderam nem disfarçaram por palavras nem por gestos, pois nos fizeram saber que não é dada – por quem manda – autorização para maior celeridade desta e de outras cirurgias.

E quem manda, manda!

Só gostava de saber se as maridas e maridos de quem manda também vão para as filas de espera de uma cirurgia que lhes conceda alguma qualidade de vida dez ou onze meses. É que as pensões de reforma emitidas pelo CNP para a maioria das/dos pensionistas não são nada equiparáveis aos chorudos ordenados desses “mandões”…

Quando no início de novembro passado necessitei de ser atendido no SU desta unidade hospitalar fui tão bem atendido que assim que cheguei a casa apressei-me a descrevê-lo, em defesa da mesma e para desmistificar um pouco a tão má fama que tem quase a nível nacional.

Não imaginava, nesse dia, nem pouco mais ou menos, que o diagnóstico apurado pelo ortopedista de serviço naquele SU, bem como o tratamento que prescreveu estavam completamente errados. O ilustre Dr escreveu no relatório que ainda tenho comigo “fratura não recente da L1” – tinha sido consequência de uma queda dois dias antes – não prescreveu cinta de imobilização da coluna, receitou um analgésico para as dores e adeus vá à sua vida!

Incapaz de me mexer sem gritar de dor nos dias e noites seguintes, vi-me obrigado a recorrer ao privado mais uma vez e ali sim, sem sombra de qualquer dúvida mediante o resultado de dois RX e uma Ressonância Magnética, apurou-se que não era nem nunca foi fratura da L1 mas sim fratura com edema inflamatório na D12 sendo imediatamente colocada uma cinta de imobilização, prescrita medicação adequada e prescritos novos exames para possível intervenção cirúrgica.

Como é possível estas coisas acontecerem?

Que responsabilidade se exige a quem gere estes serviços e emite tais diagnósticos?

Sei, mas não digo!

É, infelizmente para quem como eu paga escrupulosamente todos os seus impostos, o espelho de um país em completa decadência e sem ponta por onde se lhe pegue.

De quem é esta culpa sistémica que já dura há décadas, vem subtilmente descendo de nível e está como todos podemos ver?

No próximo dia 10 de março soma e segue!

Porém, ganhe quem ganhar há uma coisa que eu já sei:

 - Só irão mudar as moscas…

José Coelho