Aos 07 de Março de 2015 nasce este blogue que tal como o seu antecessor TocadosCoelhos pretende apenas ser um ponto de encontro e de entretenimento pautando-se sempre pelas regras da isenção, da boa educação e do civismo em geral. Sejam bem-vindos.
sexta-feira, 29 de outubro de 2021
Sou (também) assim
segunda-feira, 25 de outubro de 2021
Um padre a sério
segunda-feira, 18 de outubro de 2021
Diz quem sabe
Se estiver satisfeito consigo mesmo e tiver a segurança de ser bom, inteligente e digno, nunca precisará da validação das outras pessoas.
Se realmente quer algo na sua vida, não espere nem peça permissão ou aprovação de outra pessoa para fazê-lo. Você deve ter o controlo.
Seja uma pessoa madura, alguém com conhecimento que sabe como usá-lo. Uma pessoa imatura geralmente tem o conhecimento, mas não sabe o que fazer com ele, por isso os imaturos vivem a criticar os outros.
Certifique-se que planeia as suas ações e organiza as suas prioridades e a sua vida. Como resultado, a felicidade será sua companheira.
Ninguém pode remover completamente outra pessoa da sua vida . Alguns só avançam mais rápido e aqueles que são deixados para trás são considerados rejeitados.
Não pode agradar a todas as pessoas, é impossível, e se tentar só se sentirá desconfortável e emocionalmente cansado.
Se alguém que lhe fez um favor e, a algum momento, o fez sentir culpado ou ingrato, retribua o serviço prestado e afaste-se dessa pessoa.
Alguém sem boas qualidades e realizações próprias começará a criticar e falar mal dos outros.
Não reprima os sentimentos de depressão, pois embora possam ser horríveis e difíceis, permitirão explorar profundidade da sua alma, pensar em si mesmo e entender as suas necessidades.
Conversar com amigos e pessoas que aprecia é bom e divertido, mas também pode ser útil conversar com os seus “inimigos”. Isso pode torná-lo mais consciente dos seus defeitos e maus hábitos e aprender coisas sobre si mesmo.
Se gosta de sonhar acordado, certifique-se que fantasia apenas sobre os sonhos que pode alcançar. Mantenha os seus sonhos no plano do atingível ou vai acabar por perder o seu foco e sentir-se frustrado.
Ler um bom livro será sempre muito mais benéfico do que falar com uma pessoa superficial.
Não mergulhe na vida dos outros e concentre-se em algo que o beneficia, como ciência ou filosofia.
Se quer descobrir quem é o seu maior inimigo, basta olhar ao espelho. Depois de se enfrentar a si próprio, qualquer outro inimigo será derrotado.
Vai sempre haver alguém que o critica, mas não deve prestar atenção. Lembre-se que quando alcançar os seus objetivos, todas essas críticas não significarão nada.
Há apenas uma razão que justifica deixar o emprego e terminar os seus relacionamentos: a incapacidade de crescer pessoal e profissionalmente.
Não tenha medo de falar com as pessoas, especialmente se mal se conhecem, para que possam pensar positivamente sobre você.
Se a algum ponto sentir solidão, não veja isso como algo negativo. Nesse momento, pode crescer emocional e espiritualmente e até melhorar a sua produtividade.
Não existe lógica feminina ou masculina, o que existe é a capacidade de ser sábio e pensar corretamente.
A felicidade aumenta quando partilha e faz outras pessoas felizes. Partilhe a sua alegria com os seus “inimigos” também e deixe-os saber que se sente muito bem.
Aprenda a viver por si mesmo, sem necessidade de se testar diante de outras pessoas. Caso contrário, poderá passar o resto da sua vida a tentar agradar aos outros.
Dr Mikhail Litvak
(Psicólogo e Psicoterapeuta russo)
sábado, 16 de outubro de 2021
sexta-feira, 15 de outubro de 2021
Desisto
quinta-feira, 14 de outubro de 2021
Que...
quarta-feira, 13 de outubro de 2021
Viver e aprender
terça-feira, 12 de outubro de 2021
Regresso
sexta-feira, 8 de outubro de 2021
Parabéns, Mãe
quarta-feira, 6 de outubro de 2021
A Lista, de Oswaldo Montenegro.
Quem você mais via há dez anos atrás
Quantos você ainda vê todo dia
Quantos você já não encontra mais
Faça uma lista dos sonhos que tinha
Quantos você desistiu de sonhar
Quantos amores jurados pra sempre
Quantos você conseguiu preservar
Onde você ainda se reconhece
Na foto passada ou no espelho de agora
Hoje é do jeito que achou que seria
Quantos amigos você jogou fora
Quantos mistérios que você sondava
Quantos você conseguiu entender
Quantos segredos que você guardava
Hoje são bobos ninguém quer saber
Quantas mentiras você condenava
Quantas você teve que cometer
Quantos defeitos sanados com o tempo eram o melhor que havia em você
Quantas canções que você não cantava, hoje assobia pra sobreviver
Quantas pessoas que você amava
Hoje acredita que amam você
Faça uma lista de grandes amigos
Quem você mais via há dez anos atrás
Quantos você ainda vê todo dia
Quantos você já não encontra mais
Quantos segredos que você guardava
Hoje são bobos ninguém quer saber
Quantas pessoas que você amava
Hoje acredita que amam você.
terça-feira, 5 de outubro de 2021
Cumprir a democracia
segunda-feira, 4 de outubro de 2021
Mais uma voz a clamar no deserto
"Que Interior é este a que cada vez menos ligam e poucos se importam? Para
onde nos leva a esperança? Que país é este onde uma cidade pesa mais do que
todas as outras? Dos 14 mil milhões de euros a fundo perdido do Plano de
Recuperação e Resiliência apenas 5% são destinados ao Interior de Portugal.
Sim, 5%. Dos 308 Municípios Nacionais, 165 são Territórios do Interior de
Portugal, mais de metade, portanto, sendo que todos juntos apenas conseguirão
usufruir de 5% da tal bazuca que aí vem. Tem mais força um piloto da TAP que
meio milhão de pessoas do Interior. Neste Interior apenas residem cerca de 17%
dos jovens portugueses, o que indica, com clareza, que ou se faz algo sério,
impactante e credível, ou a morte anunciada será uma cruel realidade. Se este
Interior fosse uma imensidão de Terra deserta, sem história e sem Património
(cultural, ambiental, arquitectónico e humano), eu ainda compreendia, mas este
Interior de Portugal é de uma dimensão patrimonial, a todos os níveis,
extraordinária. Séculos e séculos de conhecimento acumulado, utilizado até hoje
na cultura dos solos, na preservação do Património Cultural, na arte de fazer
acontecer, na particular forma de receber e na renovação permanente da
esperança em sobreviver. Deixar morrer este maravilhoso Interior é assassinar
parte do que somos, é matar à pedrada a memória dos nossos antepassados, é
violar a alma de quem resiste ao tempo. Não lutar por este Interior é não ser
inteligente, não ser audaz, não ser capaz. Um dia, nos anais da história, serão
muitas as gerações que serão apontadas como os assassinos do Interior, por nada
fazerem para o salvar. Um dia, nos anais da história, todos irão perceber que
jamais, partido algum, a partir da Capital do Império, se preocupou com este
pedaço de Terra e este incomensurável pedaço de gente. O Interior de Portugal
merece bem mais atenção do que qualquer Novo Banco ou qualquer TAP, mas sabemos
bem que jamais este Interior de Portugal se atreveria a alimentar tantos
sanguessugas quanto estas gamelas alimentam. De uma coisa é certa: se os Homens
e Mulheres que amam o Interior de Portugal estiverem à espera que alguém da
Capital do Império mexa uma palha que seja para mudar este paradigma, mais vale
emigrarem para Marte. Cabe a quem ama este pedaço de Território se unir e, a
uma só voz, reclamar o que é nosso por direito: igualdade no tratamento e no
acesso às ferramentas de desenvolvimento social, cultural e económico. Talvez
um dia, quando a água do mar subir desalmadamente, este pedaço de Terra ganhe o
valor que lhe é merecido."
Texto: Paulo Costa
domingo, 3 de outubro de 2021
sábado, 2 de outubro de 2021
Faz o vento companhia
Um
amigo que não se deixa ver mas de quem gosto, pese embora seja às vezes mais
agreste do que a conta. Há quem ache sinistro o seu uivo quando vem zangado,
mas a mim nunca me meteu medo. Nos serões à lareira, ouvi-lo rugir lá no alto do
côncavo chapéu de telhas da chaminé da nossa cozinha, era para mim a bendita
glória. Indiferente à fúria com que ele embatia lá em cima nas tijoleiras em vê,
o lume de lenha crepitava sossegadamente oferecendo o seu calor e conforto a
toda a nossa família instalada à sua volta. Em vez de termos medo, o estrondo da
invernia fazia com que nos sentíssemos ali em segurança e abrigados. Hoje, a
muitas décadas de distância, rodeado de conforto e de mordomias que à época não
existiam, sinto infinitas saudades de coisas tão simples como aqueles longos serões
de inverno em redor do lume onde a minha mãe preparava a ceia depois do seu dia
de árduo trabalho no campo.
À
medida que fui adquirindo novos conhecimentos tive que, em simultâneo, aprender
a lidar com o meu invisível amigo de modo a não me deixar vencer por ele. Coisas
tão básicas como acender um lume ao relento para me aquecer nos dias agrestes, húmidos
e frios, sem ter que gastar a caixa de fósforos inteira. E acender o lume no
pico do verão no meio do restolho das searas para cozinharmos o almoço sem
deitar fogo à tapada toda, era também uma aventura repleta de cuidados e
truques. Apesar de os camponeses cozinharem sempre em lume de chão as suas
refeições fosse onde fosse, ou em que época do ano fosse, os cuidados eram tão eficientes
que nunca havia os fogos assassinos de pessoas e do ambiente como há agora.
A
vida revelou-me ainda segredos que o meu invisível amigo até hoje não descobriu,
nomeadamente como é que consegue derrubar quase tudo com a sua extraordinária força, menos as aparentemente
frágeis sóchas? Ah pois! Destelha os mais sólidos telhados, levanta coberturas
inteiras de armazéns, barracas e barracões, mas uma sócha raramente ele consegue
destapar. Deixa-as sempre de pé exatamente como as encontra, seja qual for a fúria que trouxer. A forma cónica das suas coberturas não permite que lhes pegue, nem que as derrube. Não têm frinchas nem fraquezas por onde possa entrar ou pegar. Limita-se
por isso a seguir o seu caminho depois de inutilmente se enrolar em redor do ereto e sólido cone vegetal, sabiamente inventado pelos nossos ancestrais para enfrentar tamanha
impetuosidade e resistir-lhe.
Tive
a sorte e o privilégio de os meus avós e tios maternos serem quase todos
guardadores de rebanhos. E todos eles viviam parte do ano em sóchas e sôchos
onde eu dormia sempre, quando os ia visitar. Já agora, porque muita gente não
saberá qual a diferença entre ambos, explicarei que a sócha é uma construção
circular fixa com vários diâmetros de raio, com uma parede em pedra seca de
mais ou menos metro e meio de altura e uma porta de madeira sobre as quais é
disposta em cone uma armação de paus compridos direitos e pouco grossos, afastados entre si vinte ou
trinta centímetros, solidamente amarrados uns aos outros com arames desde a base até ao
bico da estrutura para serem depois cobertos com camadas sobrepostas de giestas
verdes, as quais, à medida que vão secando, se vão transformando numa compacta e
impermeável cobertura. Quentes no inverno e frescas no verão, de um dos lados do
círculo interior ficava normalmente a zona de estar e comer, ao centro e bem
por baixo do topo do cone um quadrado no chão feito de algumas lajes para o
lume, enquanto do outro lado do círculo interior ficava a zona de dormir quase
sempre sobre tarimbas forradas de restolho macio, por baixo das quais se
guardavam as roupas e alguns víveres.
Capaz
de afrontar também qualquer temporal, o sôcho era o primo-irmão da sócha embora
muito mais pequeno e desmontável para se poder mudar de sítio sempre que se
tornava necessário. Todo feito em giesta ou palha de centeio dispostos também
em camadas sobre uma armação côncava de varas verdes de vime (ou outra madeira
flexível) previamente entrelaçadas e fixadas, era composto por quatro peças
amovíveis. O lado côncavo direito, o lado côncavo esquerdo, o centro posterior em
semi-arco para unir os dois lados côncavos direito e esquerdo, e, finalmente, o
centro frontal amovível que fechava o espaço e simultaneamente fazia de porta para
utilização diária. Era montado num cabeço nas cercanias do bardo onde o gado
pernoitava durante grande parte do ano. Cada vez que o rebanho mudava de um
para o outro extremo da herdade, o sôcho era desmontado para voltar a ser montado
no novo local de pernoita do pastor e do gado.
Mas
voltemos ao meu fiel e invisível amigo, que já vai longa a prosa! Em dias menos
bons da minha vida e foram muitos, o murmúrio das folhas nos ramos das árvores que
ele suavemente balança quando está calmo, ajudou a sossegar tantas vezes as
minhas inquietações. E há lá coisa mais repousante do que deitarmo-nos de
costas sobre a erva dos campos a observar as brancas nuvens de algodão no seu deslizar
pelo azul do céu, guiadas por ele? É, seguramente, o meu mais velho e fiel companheiro.
Respeitamo-nos um ao outro. Se vejo que vem zangado viro-lhe as costas, abrigo-me
e deixo-o passar. Se pelo contrário vem tranquilo em forma de brisa, gosto de o
sentir no rosto a sussurrar-me aos ouvidos impercetíveis notas musicais que
parecem conter os timbres das vozes de pessoas queridas que há muito deixei de ouvir.
José Coelho