sexta-feira, 31 de maio de 2019

Bom fim de semana...

Família & Amizades! Quem se reconhece nesta foto? 

Definição de amor






Um senhor idoso chegou ao centro de saúde para fazer curativo numa das mãos na qual tinha um profundo corte.

Muito aflito e apressado, pediu urgência no atendimento pois tinha um compromisso.

O médico que o atendeu, curioso, perguntou o que tinha de tão urgente para fazer.

O simpático velhinho disse-lhe que todas as manhãs ia visitar a sua esposa que estava num Lar de idosos, com Alzheimer muito avançado.

O médico, em virtude da demora no atendimento, disse:

- Então hoje ela estará já muito preocupada com o seu atraso…

E o senhor respondeu:

- Não, ela já não sabe quem eu sou. Há quase cinco anos que não me reconhece.

Admirado, o médico então questionou:

- Mas ... Então porquê tanta pressa em ser atendido e qual a necessidade de estar com ela todas as manhãs, se ela já não o reconhece?

O velhinho sorriu, e, batendo de leve no ombro do médico, respondeu:

 - Ela não sabe quem eu sou, senhor doutor! Mas eu sei muito bem quem ela é...


Autor desconhecido

quinta-feira, 30 de maio de 2019

terça-feira, 28 de maio de 2019

Boa noite...


(sobre)Vivi... (conclusão)


Este livro conta uma história que se passou há mais de 40 anos. Entre 1975 e 1976, o essencial do Alentejo agrário produtivo mudou de mãos. Mais de um milhão de hectares e explorações agrícolas foram ocupados pelos trabalhadores organizados em sindicatos e unidades colectivas de produção. Tudo se passou sob a orientação do Partido Comunista Português, com o apoio das unidades militares da região, do governo, dos funcionários do Ministério da Agricultura e de outros grupos políticos de menor importância. Foi um processo revolucionário rápido que usou de intimidação e terror, mas não, graças à presença das forças armadas, de violência física". 
                                           
*********

No final do relato que publiquei ontem, tinha previsto escrever sobre todas as filhadeputices de que fui alvo aquando do meu ingresso na GNR. Só de falar nesses dias, semanas e meses tão ruins da minha vida, não fui capaz de adormecer tranquila e normalmente porque todos os fantasmas dessas bárbaras injustiças povoaram a minha cabeça fazendo-me dar voltas e voltas na cama antes de conseguir serenar o espírito e adormecer por fim.

Já muito escrevi sobre tudo isso e está pormenorizado no livro "Histórias do Cota" que os meus filhos mandaram imprimir por sua conta própria com o relato das minhas histórias de vida, as quais fui escrevendo no Blogue TocadosCoelhos e também agora no Meu vício da escrita, e que, secretamente, eles foram guardando para me fazerem uma mega-surpresa num dia do meu aniversário. E porque a noite é, sempre foi, uma boa conselheira, mudei de ideias.

À distância de 40 anos e depois de uma profunda reflexão, as coisas são hoje talvez mais fáceis de entender. Eu viera das Minas da Panasqueira onde apesar da dureza e perigosidade do trabalho fora muitíssimo bem tratado durante quase cinco anos, e, por consequência, muitíssimo feliz. Fora lá recebido, aceite e acarinhado por três famílias de Marvão como se fosse filho de todos eles. 

Da Beirã, a Família maravilhosa do primo João Gaspar, o homem que me arranjou aquele trabalho, a sua esposa, a prima Maria José (já descansam os dois na terra da verdade) e os seus dois filhos, o António e o Zé Manel, que me acolheram nos primeiros meses com mesa e roupa lavada, já que a dormida era em excelentes dormitórios da empresa, equipados com conforto e dignidade.

Do Jardim, a Família espectacular do até hoje meu queridíssimo capataz José Batista Mouro (que vive agora a merecida aposentação na sua casa da encosta da serra de Marvão) mais a sua bondosa esposa a senhora Maria Francisca, e as duas filhas, a Patrícia e a Natália. Este senhor tudo fez por mim e não há palavras suficientes para exprimir o tamanho da minha gratidão.

Também da Beirã, o primo Antero, a sua esposa e filhas, sempre disponíveis para ajudar no que fosse preciso. Todos eles me acarinharam tanto que me adaptei e senti em casa com a minha gente. A esposa de um cuidava da minha roupa porque eu só vinha a casa uma vez por mês e porque o trabalho na mina é muito sujo sempre a chafurdar em lama e águas turvas, a esposa de outro cuidava-me da "bucha" para levar para a mina que laborava 24 sobre 24 horas de 1 a 31 do mês, em turnos de 8 horas alternados à semana.

Nunca conhecera gente tão boa em toda a minha vida. Nunca me sentira tão a gosto em nenhum outro lugar. Nunca imaginara que iria deixar aquele emprego muito bem pago para ingressar na GNR. Jamais tal coisa me tinha passado pela cabeça. Pelo contrário, tencionava estabelecer-me nas Minas definitivamente, levar a mulher e o filho para junto de mim, porque a empresa tinha dois enormes bairros residenciais a custo (quase) zero para os mineiros e suas famílias. Depois de ter ido à guerra e passado por tantos perigos a mina não me assustava.

Teve importância fundamental na minha decisão de vestir de novo uma farda o sábio conselho do meu responsável capataz José Mouro que ao ter conhecimento que eu concorrera à GNR e tinha sido chamado mas não tinha vontade de ir, me incentivou veementemente apesar da imensa pena que lhe dava ver-me partir. E lá me conseguiu convencer a aceitar o novo desafio com os seus sensatos pareceres. Era um "emprego do estado", era mais seguro que a mina, era mais asseado, tinha um futuro mais promissor...

E eu ouvi-o. Fiz caso. A sua opinião contava para mim quase tanto como a do meu pai, a de um irmão, sei lá... Era a opinião de alguém que eu muito considerava e a quem muito devia. Por isso dei-lhe ouvidos. Só não estava à espera de um volte-face tão duro e profundo na minha vida ao ser recebido na GNR com três pedras na mão e inadmissívelmente humilhado durante todos os dias semanas e meses que durou a instrução. Porém, à distância de quatro décadas é talvez possível fazer um esforço para tentar entender tudo aquilo, por mais reprovável que possa ter sido.

O clima político por todo o Alto e Baixo Alentejo era de cortar à faca, particularmente entre a população e a GNR por causa da reforma agrária. Estava em curso a devolução aos seus legítimos donos das terras irregularmente ocupadas pelos trabalhadores nos primeiros anos da revolução. A GNR era o garante da ordem nem sempre bem conseguido, havendo frequentes confrontos com os trabalhadores que se opunham a essas devoluções. O ambiente era tenso quer no terreno quer nos quartéis. E eu tinha ganho a fama de comunista ferrenho que estaria inclusivamente a receber oito contos por mês pagos pelo PCP. 

Parvoíces sem pés nem cabeça. Tontarias nascidas de mentes sujas e cobardes que, sem nunca darem a cara, inventavam essas atoardas, no intuito maléfico de me prejudicarem. O clima de crispação reinante fez o resto. Falar em comunistas entre os GNRs era como falar do diabo do inferno. Ser GNR nas vilas e aldeias onde se faziam as devoluções das propriedades aos seus donos era ser da Pide que arrancava as unhas a sangue frio às pessoas a mando do fascismo. Num tão crispado contexto, o antagonismo entre ambos era latente, profundo, demolidor.

E quem se lixou foi o Mê Zéi (como me chamava a tia Florinda que Deus tem)  que nunca na vida soube o que é ser comunista, socialista ou fascista, ou o raio que parta todas essas denominações políticas, já que para elas não tenho, nunca tive e já não penso vir a ter qualquer formação académica que me permita entendê-las, quanto mais assumi-las. Nunca fiquei em casa em dia de eleições. Nunca. Cumpri sempre esse dever cívico votando conscientemente depois de ouvir as propostas de A, B, ou C, e de acordo com o que me pareceu mais próximo das minhas convicções.

Nunca discuti política com ninguém. Fui convidado por três vezes para fazer parte ou encabeçar a lista para a Junta de Freguesia de Beirã. Aos três convites disse NÃO. E não foi por não me sentir preparado, mas porque tenho um modo de encarar as coisas muito particular, muito próprio, muito meu. O protagonismo não me interessa minimamente. Além disso, entendo também que já dei de mim o bastante em favor da causa pública, no desempenho das minhas funções profissionais, nas quais, tal como na política, nunca se consegue agradar a todos.

E fico-me por aqui. 

A noite passada foi longa mas conclusiva; mexer em feridas mesmo que sejam já antigas só as faz voltar a sangrar de novo. Além disso, todos os que me trataram mal, já pagaram. Poucos serão os que se encontram ainda entre nós. Com verdade e humildade reconheço que nunca consegui perdoar-lhes, apesar de tentar ser um cristão convicto. Foi duro e humilhante demais. Jamais eu seria capaz de fazer tantas sacanices fosse a quem fosse. Desejo sinceramente que  as culpas não prejudiquem o seu descanso eterno, mas, se depender de mim, nem sequer lá, onde se encontram agora, quero voltar a cruzar-me com nenhum deles, quando chegar a minha vez...


Disse.

Beirã 28Mai'19
José Coelho

domingo, 19 de maio de 2019

Pintasilgos, rouxinóis, pardais... (e pouco mais)

Rebanho a pastar nas margens do Ribeiro da Cavalinha
Foto de José Coelho


Faz hoje oito dias tive a certeza que não sou o único com saudades da velha Beirã. E apercebi-me disso da forma mais simples. Foi Domingo do Bom Pastor e como sempre, desde que me conheço, a comunidade católica, agora já tão escassa por cá, acudiu em peso à igreja para homenagear o seu pároco e bom pastor.

Não foi por acaso que escrevi  Domingo do Bom Pastor com iniciais maiúsculas e depois "pároco e bom pastor" com iniciais minúsculas. O primeiro refere-se a Jesus Cristo o Bom Pastor, segundo o Evangelho de S. João. O segundo, com toda o respeito e estima que ele merece, refere-se ao nosso reverendo pároco e pastor terreno.

Também não foi por acaso que, na Eucaristia que celebra Cristo, o Bom Pastor, estavam Beiranenses que já não vivem na Beirã e por isso nem sempre vemos na igreja. Mas nesse dia vieram. E associaram-se a nós, os que ainda cá moramos, numa muito simples e muito sentida homenagem a quem tanto mas tanto a merece, não só nesse dia, mas todos os dias do ano.

E foi bonito. Muito bonito, mesmo. Gestos espontâneos de gente boa que sabe ser grata e respeita o que aprendeu desde o berço. O reverendo pároco ficou sensibilizadíssimo. E eu também. Porque, de súbito, já não estávamos em 2019 mas sim em 1959, 60, 61 e seguintes, a cantar o hino "Nesta homenagem singela, que vos prestamos senhor, nossa alma vai com ela, como prova de penhor..."

O tempo recuou àquela época em que a igreja se enchia todos os domingos e metade da assembleia éramos crianças, àquele domingo do ano em que até quem não ia à missa todos os domingos, ia nesse. Vi lágrimas furtivas em alguns olhos e até me emocionei um pouco também. A Beirã sempre teve um carisma diferente de todas as outras aldeias do concelho de Marvão. Sempre.

Nem melhor, nem pior do que as outras. Apenas diferente. Marcou fortemente quem por cá passou e viveu no desempenho das mais diversas profissões mas depois rumou a outros destinos, marcou para sempre quem, como eu, cá nasceu, cresceu e se fez gente. Uns e outros somos a mesma família, unidos por um sentimento comum, impossível de descrever. É algo que se sente e não se consegue explicar. Não há tempo nem distância capazes de destruir tal apego a esta terra. 

Ontem, após a Eucaristia, realizou-se a procissão anual em louvor de Nossa Senhora de Fátima. Outra tradição que se leva a efeito ininterruptamente desde que a paróquia da Beirã é paróquia. E de novo a igreja se encheu de fiéis. Mesmo com o Benfica a jogar para a conquista do campeonato. É nestes pequenos pormenores que a Beirã é diferente. Desligou-se a tv porque havia que ir à procissão.

Bastante gente. Não tanta como antigamente mas ainda assim um bom punhado de pessoas acompanhou a Senhora pela ruas de casas fechadas e janelas às escuras sem as antigas colchas, porque já lá não mora ninguém. Duas senhoras ficaram na igreja por incapacidade física ou porque assim o entenderam. 

Sentada num dos bancos de madeira que ladeiam a entrada do lado de fora do templo, uma vizinha e boa amiga que também já cá não mora e por incapacidade física não foi na procissão, limpava uma lágrima furtiva que não conseguiu conter, só ela saberia porquê. Talvez pelas suas boas memórias de outras procissões neste lugar. Talvez saudades de quem já partiu. Talvez tristeza de ver as ruas assim sem gente e as casas com as janelas sem colchas nem luz.

Talvez...

A procissão deu a volta do costume e regressou à igreja. Um casal de turistas, bem simpático por sinal, pediu para fotografar "esta igreja tão linda, tão branquinha"... 
- Fotografe à vontade, respondi contente pelo elogio àquela que também considero a igreja mais bonita do mundo. E mais, adiantei: - Espere que eu desligo as luzes do altar. Fica uma foto mais bonita porque a intensidade das lâmpadas led desfocam um pouco a imagem... 

- Sabe? Disse a senhora turista. 
- É a primeira vez que cá vimos mas vamos voltar mais vezes. Terra linda, gente simpática, estamos encantados.
Quem não gosta de ouvir falar bem da sua terra e da sua gente?
E a senhora continuou: - É um sossego. Hoje ao acordar, o único ruído que  ouvi foi o cantar das aves.

- A Beirã é um paraíso para a passarada, não sei porquê, respondi. Melros, pintassilgos, verdelhões, rolas, poupas e cucos, são os principais cantores. Mas temos um tenor particularmente famoso que ouço trinar desde que nasci. O rouxinol. Vive nas margens do ribeiro, na fonte da Murta, no arvoredo das várzeas. E pousa muitas vezes nos arredores da minha casa. Ainda um dia destes ao cair da tarde, estava um a cantar pousado no corta-fogo da casa de uma vizinha...

Ali ficámos um bom pedaço de tempo a falar sobre o antes e o agora. Eu, sensibilizado pelos elogios à minha terra, eles interessados na sua história, de como o mesmíssimo progresso a fez nascer antes e agora morrer, a comunidade heterogénea que a compunha de ferroviários, funcionários da alfândega, pide e guarda fiscal, despachantes e seus funcionários, camponeses e comerciantes, portugueses e espanhóis...

E, finalmente, como estamos hoje assim reduzidos a pintassilgos, rouxinóis, pardais e pouco mais. Por isso sejam muito bem-vindos senhoras e senhores turistas. Venham, desfrutem do descanso, da paz que procuram e aqui encontram. Venham, depois levem convosco a vontade de voltar, anunciem a toda a gente que a Beirã existe, que é linda e vos recebe muito bem.

E obrigado. Muito obrigado mesmo.

Beirã, 19.05.2019
José Coelho

sexta-feira, 17 de maio de 2019

Bom fim de semana...

A minha parreira, já uva! E a tua?
Foto by José Coelho

Meu vício de ler...

Memória. Luz que nunca apaga  
Foto by José Coelho

COMO A VIDA MUDA COM A MORTE DOS PAIS



Depois da morte dos pais, a vida muda muito. Enfrentar a orfandade, inclusive para pessoas adultas, é uma experiência surpreendente. No fundo de todas as pessoas sempre continua vivendo aquela criança que pode correr para a mãe ou o pai, para se sentir protegido. Mas quando eles vão embora, essa opção desaparece para sempre.

Você irá deixar de vê-los, não por uma semana, nem por um mês, mas sim pelo resto da vida. Os pais foram as pessoas que nos trouxeram ao mundo e com quem você compartilhou o mais íntimo e frágil. Já não estarão presentes aqueles seres pelos quais, em grande parte, chegamos a ser o que somos.

A morte dos pais: entre falar dela e vivê-la, existe um grande abismo

Nunca estamos plenamente preparados para enfrentar a morte, ainda mais quando se trata da morte dos pais. É uma grande adversidade que dificilmente pode ser superada totalmente. Normalmente, o máximo que se consegue é assumi-la e conviver com ela. Para superá-la, pelo menos em teoria, deveríamos entendê-la, mas a morte, no sentido estrito, é totalmente incompreensível. É um dos grandes mistérios da existência: talvez o maior.

Obviamente, a forma como assimilamos as perdas tem muito a ver com a forma como aconteceram. Uma morte das chamadas por “causas naturais” é dolorosa, mas um acidente ou um assassínio é muito mais. Se a morte tiver sido precedida por uma longa doença, a situação é muito diferente de quando acontece de forma súbita.

Também influencia o tempo entre a morte de um, do outro: se houve pouco tempo, o luto será mais complexo. Se ao contrário, o lapso for mais extenso, certamente a pessoa estará um pouco melhor para aceitá-lo.

Não é apenas o corpo que se vai mas sim todo um universo. Um mundo feito de palavras, de carícias, de gestos. Inclusive, de repetidos conselhos que às vezes irritavam um pouco e de “manias” que nos faziam sorrir ou esfregar a cabeça porque os reconhecemos nelas. Agora começam a fazer-se sentir ausentes de uma forma difícil de lidar.

A morte não avisa. Pode ser presumida, mas nunca anuncia exatamente quando irá chegar. Tudo se sintetiza em um instante e esse instante é categórico e determinante: irreversível. Tantas experiências vividas ao lado deles, boas e ruins, se estremecem de repente e ficam somente em lembranças. O ciclo se cumpriu e é hora de dizer adeus.

“O que está, sem estar…”

Em geral, pensamos que esse dia nunca chegará, até que chega e se faz real. Ficamos em estado de choque e vemos apenas um caixão com o corpo rígido e quieto que não fala e não se move. Que está ali, sem estar já ali…

Porque com a morte começam a ser compreendidos muitos aspectos da vida das pessoas falecidas. Aparece uma compreensão mais profunda. Talvez o facto de não ter as pessoas queridas presentes suscita em nós o entendimento sobre o porquê de muitas atitudes até então incompreensíveis, contraditórias ou mesmo repulsivas.

Por isso, a morte pode trazer consigo um sentimento de culpa frente àquele que morreu. É preciso lutar contra esse sentimento, já que não acrescenta nada e afunda em mais tristeza, sem poder remediar nada. Para quê culpar-se se você não cometeu nenhum erro? Somos seres humanos e acompanhando essa despedida, precisa existir um perdão: do que se vai para com aquele que fica ou do que fica para com aquele que se vai.

Aproveite-os enquanto puder: não estarão aí para sempre

Quando os pais morrem, independentemente da idade, as pessoas costumam experimentar um sentimento de abandono. É uma morte diferente das outras. Por sua vez, algumas pessoas se negam a dar a importância que o facto merece, como mecanismo de defesa, em forma de uma negação encoberta. Mas esses lutos não resolvidos retornam em forma de doença, de fadiga, de irritabilidade ou sintomas de depressão.

Os pais são o primeiro amor. Não importa quantos conflitos ou diferenças tenham existido com eles: são seres únicos e insubstituíveis no mundo emocional. Mesmo sendo autónomos e independentes, mesmo que o nosso relacionamento com eles tenha sido tortuoso. Quando já não estão passa a existir uma sensação de “nunca mais” para uma forma de proteção e de apoio que, de uma forma ou de outra, sempre esteve ali.

Na verdade, quem não conheceu seus pais ou se afastou deles em uma idade precoce, geralmente carregou essas ausências durante toda a sua vida. Uma ausência que é presença: existe, em seus corações, um lugar que sempre chama por eles.

Uma das grandes perdas da vida é a dos pais. Pode ser difícil de superar se houve injustiça ou negligência no tratamento deles. Então, enquanto eles estão vivos, é importante perceber que não ficarão para sempre. Que são, geneticamente e psicologicamente, a realidade que nos deu origem. Que eles são únicos e que a vida vai mudar para sempre quando eles partirem.

Fonte: La Mente es Maravillosa

Coisas que nunca mais esquecemos

Estandarte do (meu) Batalhão de Cavalaria 3871


BCav 3871 
(Datas de início da comissão em Angola)


EMBARQUE NO AEROPORTO DE LISBOA PARA LUANDA

24/2/1972 - Comando e Of. Op. Inf.
07/3/1972 - Ccs do Batalhão
12/3/1972 - C.Cav. 3486
14/3/1972 - C.Cav. 3487
24/3/1972 - C.Cav. 3488

Depois de passarmos uns dias a beber Nocal, Cuca e mais…

EMBARQUE PARA CABINDA POR VIA MARÍTIMA 

13/3/1972 - Partida Luanda CCS/BCav
16/3/1972 - Chegada a Belize
20/3/1972 - Partida Luanda da CCAV.3486 e da CCAV.3487
22/3/1972 - Chegada a Sanga Planície de CCav.3486
22/3/1972 - Chegada a Sanga Planície da CCav.3487
05/4/1972 - Partida Luanda CCav.3488 (1º Escalão)
07/4/1972 - Chegada ao Caio Guembo CCav.3488 (1º Escalão)
09/4/1972 - Partida de Luanda CCav.3488 (2º Escalão)
11/4/1972 - Chegada a Caio Guembo CCav.3488 (2º Escalão)

E a partir dai foram dias amargos para quase todos e melhores para aqueles que regressaram sãos e salvos.

Nota:
Esta complilação de datas foi realizada pelo camarada Adelino Torres e retocada por mim em pequenos pormenores.

quinta-feira, 16 de maio de 2019

Rosa albardeira cuja semente veio das barreiras do Rio Sever...

Foto by Maria Coelho

Vi uma rosa-albardeira
ai se eu pudesse colhia-a
mas disse-me um passarinho
que se a colhesse morria

J. Monge

segunda-feira, 13 de maio de 2019

A 13 de Maio de 2019...

Igreja da Beirã - Foto de José Coelho

Não importa a sua religião. O que importa é se ela transforma você num ser humano melhor.

domingo, 12 de maio de 2019

Domingo do Bom Pastor...


Foto de Paula Panasco

Reverendo Padre Marcelino Marques


A Liturgia deste IV Domingo da Páscoa que celebra Cristo como O Bom Pastor, foi-nos apresentada no magnífico trecho do capítulo 10 do Evangelho de S. João e proposto para reflexão.

Sou testemunha – já não vão restando muitas – da importância que a Paróquia da Beirã sempre demonstrou por este dia, cuja alegoria é singularmente propícia a homenagear o seu pastor e digníssimo representante de Cristo.

Houve tempo em que a nossa igreja abarrotava de fiéis e as crianças eram quase tantas como os adultos. Neste Domingo, vinha à missa a comunidade inteira, até mesmo quem, por impedimentos diversos, não podia vir na maior parte dos outros domingos do ano.

Após a celebração da Eucaristia as crianças da catequese declamavam poesias alusivas ao seu pároco e cantavam-se cânticos alusivos também à solene ocasião. Depois, toda a comunidade paroquial o vinha cumprimentar carinhosamente, trazendo-lhe algumas modestas e simbólicas oferendas.

Em seguida toda essa multidão – era mesmo uma multidão de gente – ia confraternizar num comes-e-bebes preparado pelas senhoras que era servido a toda a gente, pároco, miúdos e graúdos, num recinto próximo da igreja, devidamente preparado para o efeito.

Somos hoje, provavelmente, a comunidade cristã mais reduzida do nosso Arciprestado. Ainda assim, os poucos que restamos, tentamos, às vezes já com algum custo, manter viva a chama da nossa Fé e também dar continuidade às tradições que nos foram legadas por quem, durante décadas por aqui passou.

Dou graças por ainda aqui estar e poder recordar essas coisas valiosas que vi, aprendi, das quais tento fazer bom uso e preservar. Toda esta comunidade paroquial está infinitamente grata a Deus Nosso Senhor por haver concedido a graça de enviar para seu Pastor e guia espiritual o Reverendo Padre Marcelino Marques.

Estamos também, não imagina quanto, muito gratos pela disponibilidade com que Vossa Reverência aceitou tomar conta desta Paróquia, apesar da consequente sobrecarga de trabalho e responsabilidade. Toda a nossa estima e consideração nunca serão suficientes para retribuirmos tão indiscutível generosidade. Sinta-se, por isso e não só, muito, muito, estimado, por todos nós.

Termino elevando ao Pai uma sentida prece para que Ele, na Sua infinita bondade, conceda ao nosso Bom Pastor muita saúde, a força e o ânimo indispensáveis, para que possa continuar a sua nobre missão junto de quem de si necessita e consigo conta.

Disse.

José Coelho,
em Beirã, aos 12 de Maio de 2019

domingo, 5 de maio de 2019

Dia da Mãe 2019...

É assim que a recordo sempre. Meiga, serena, amorosa...

Mãe

Mãe... São três letras apenas,
as desse nome bendito:
Também o céu tem três letras,
e nelas cabe o infinito...

Para louvar nossa Mãe,
todo o bem que se disser,
nunca há-de ser tão grande,
como o bem que ela nos quer...

Palavra tão pequenina,
bem sabem os lábios meus,
que és do tamanho do céu.
e apenas menor que Deus!

Mário Quintana

quarta-feira, 1 de maio de 2019